Mercados em Alta: O Impacto dos Anúncios de Tarifas de Trump e da Popularidade de Lula
O Ibovespa e o real apresentaram um desempenho notável nos últimos dias, em meio a uma enxurrada de notícias que giraram em torno das tarifas impostas por Donald Trump e da queda expressiva da popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, conforme revelado pelo Datafolha.
Um Início de Semana Agitado
A semana começou com o forte anúncio de Trump, que estabeleceu uma tarifa de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio de diversos países, incluindo o Brasil. Esse “tarifaço”, que deve entrar em vigor no dia 12 de março, trouxe uma onda de apreensão nas empresas brasileiras, que inicialmente viam os impactos diretos desses impostos.
Na sequência, na última quinta-feira, a Casa Branca divulgou a implementação de tarifas comerciais recíprocas contra países que impõem taxas sobre os produtos norte-americanos. O etanol brasileiro foi mencionado como um potencial alvo das novas medidas. Para dar espaço a negociações, as tarifas não entrarão em vigor de imediato, conforme informações de um funcionário do governo dos EUA.
Reação do Mercado
Estranhamente, à medida que as notícias se desdobravam, o mercado brasileiro conseguiu uma reação relativamente positiva. Ao longo da semana, até o início da tarde desta sexta-feira, o Ibovespa subiu cerca de 1,6%, alcançando a marca de 126 mil pontos. O dólar, por sua vez, apresentava uma queda de cerca de 1,2%, cotado a R$ 5,72.
No período de fechamento, o índice da Bolsa acelerou, saltando 2,70% e ultrapassando os 128 mil pontos. O dólar encerrou o dia em sua menor cotação em três meses, abaixo de R$ 5,70, totalizando uma desvalorização de 1,65% na semana.
O Impacto do Datafolha
Outro fator que influenciou a movimentação do mercado foi a pesquisa do Datafolha, que apontou uma queda dramática na aprovação do presidente Lula, que agora está em 24%, o nível mais baixo de sua trajetória política. Os investidores começaram a vislumbrar possíveis mudanças no cenário político, com as eleições de 2026 já se tornando uma preocupação crescente, como destacou Alexandre Viotto, chefe da mesa de câmbio da EQI Investimentos.
Dados Fracos dos EUA e Suas Consequências
Além de todos esses fatores, a sexta-feira também trouxe notícias sobre os dados de vendas no varejo dos Estados Unidos, que apresentaram resultados decepcionantes, superando as previsões. Essa situação levou a uma queda nas taxas de juros futuras, criando um ambiente ainda mais favorável para os mercados.
Impactos Limitados nas Siderúrgicas
Com relação às siderúrgicas, a divulgação das tarifas de Trump gerou menos ruído no mercado do que se esperava. As avaliações indicam que a maioria das empresas não será afetada de forma significativa pelas tarifas, especialmente em relação à Gerdau, CSN, Usiminas e CBA, que, conforme relatório da XP Investimentos, servem como exemplos de que os potenciais impactos nas suas operações são limitados.
- A Gerdau, por exemplo, conta com uma presença significativa de fábricas nos EUA, o que pode até beneficiá-la, uma vez que a redução de importação poderia facilitar um aumento nos preços.
- As empresas CSN e CBA, embora tenham alguma exposição às exportações, não devem sofrer grandes perdas, já que as exportações representam menos de 4% de suas receitas consolidadas.
Flexibilidade nas Tarifas de Trump
A boa reação do mercado pode ser atribuída à flexibilidade percebida por trás das decisões de Trump. As tarifas recíprocas, que entrarão em vigor apenas no início de abril, deixam uma porta aberta para negociações. Leonel Mattos, analista de mercado da Stonex, destaca que este tempo pode ser usado para discutir acordos menos severos do que os inicialmente imaginados.
“As tarifas sobre aço e alumínio também só entrarão em vigor em 30 dias”, lembra Mattos, ressaltando que essas medidas são vistas como uma tentativa de sua equipe econômica para estudar outras opções de negociação antes de efetivar os aumentos tarifários.
Expectativas e Reflexões Sobre os Impactos em Brasil
Apesar das reações iniciais do mercado serem animadoras, a preocupação com as chamadas “tarifas de reciprocidade” permanece. O Bradesco estimou que as novas tarifas sobre importações de aço poderiam causar um impacto de até US$ 700 milhões nas exportações brasileiras.
Além disso, a análise da Capital Economics sinaliza que o Brasil pode estar entre os países mais impactados por essas medidas. No caso de o governo dos EUA decidir aplicar tarifas que envolvam o IVA e outras taxas, o Brasil enfrentaria um aumento significativo nas tarifas sobre produtos exportados, afetando severamente o comércio bilateral.
Setores Mais Afetados
Os setores mais Expoente que podem ser alvo das tarifas incluem:
- Commodities como mineração e aço
- Petroleiras
- Setores de etanol
- Cafés
O Que Está em Jogo? Uma Análise Mais Profunda
Com tantas incertezas pairando sobre as relações comerciais, muitos especialistas acreditam que o Brasil não é uma prioridade para os EUA no momento atual. As discussões sobre tarifas podem resultar em negociações mais flexíveis em vez de ações punitivas definitivas.
Por outro lado, a Amcham Brasil destacou que, apesar de Trump ter mencionado o Brasil como um dos países alvo das tarifas de importação, cerca de 50% das vendas de produtos dos EUA para o Brasil estão isentas de tarifas. Isso se deve ao fato de que a tarifa média de importação que o Brasil aplica é de 12,4%, enquanto para produtos norte-americanos essa média cai para 2,7%.
A Caminho de um Futuro Inesperado
Com o cenário em constante mudança e as declarações de Trump provocando oscilações nos mercados, o ambiente econômico brasileiro deve se preparar para o inesperado. A busca por acordos e a possibilidade de negociações acalmarão, ao menos por enquanto, as águas incertas nas relações comerciais.
Fica a pergunta: como essas mudanças afetarão o mercado a longo prazo? O debate e a especulação estarão sempre presentes, e as opiniões variam, mas o que se pode concluir é que todos esses fatores interconectados moldarão a próxima fase da economia brasileira no contexto global.
Estamos diante de um momento cruciais para entender os impactos das decisões comerciais que estão por vir. E você, o que pensa sobre essas novas tarifas e seus possíveis efeitos na economia brasileira? Seus comentários e opiniões são mais do que bem-vindos!