Ibovespa: Queda e Recuperação no Mês de Janeiro de 2025
Na última sexta-feira, o Ibovespa encerrou o dia em baixa, seguindo um movimento de ajuste após um crescimento acentuado na véspera. Embora as ações da Vale (VALE3) tenham exercido uma pressão significativa, o índice manteve um desempenho positivo ao longo de janeiro, algo que não ocorria desde agosto do ano passado.
Desempenho do Ibovespa
O índice de referência da bolsa brasileira caiu 0,61%, fechando a 126.134,94 pontos. Durante o pregão, o Ibovespa alcançou uma máxima de 127.531,99 pontos, o maior nível intradiário desde 12 de dezembro, e uma mínima de 126.057,34 pontos. Apesar da queda, o índice acumulou uma alta de 3,01% na semana e impressionantes 4,86% ao longo de janeiro, encerrando uma sequência de quatro meses de perdas. Esse desempenho foi impulsionado por uma entrada líquida de R$ 4,1 bilhões de investidores estrangeiros até o dia 29, sendo este o melhor mês desde agosto de 2024, quando o índice havia registrado um crescimento de 6,54%.
Volume financeiro
O volume negociado nesta sexta-feira atingiu R$ 21,65 bilhões, refletindo um dia de menor movimentação. Gabriel Mollo, analista da Daycoval Corretora, destacou que a baixa no volume de negociações era esperada após o aumento de 2,82% no fechamento anterior. "Era natural que ocorresse uma realização de lucros", comentou.
Fatores Influenciadores
Entre os fatores que contribuíram para evitar uma correção mais severa do índice, Mollo apontou a redução da dívida pública bruta do Brasil, que terminou 2024 em 76,1% do PIB, abaixo das expectativas do mercado. As projeções indicavam uma taxa de 77,0%. "É um bom sinal", destacou.
Entretanto, as declarações da Casa Branca sobre a implementação de tarifas de 25% para produtos do Canadá e México e de 10% para produtos da China a partir de sábado trouxeram incertezas adicionais. Isso ressoou no mercado, minando a tentativa do Ibovespa de ficar acima dos 127 mil pontos — meta que não é alcançada desde meados de dezembro.
O que vem pela frente
Na próxima semana, os investidores estarão atentos tanto ao que ocorre na Bolsa norte-americana quanto à ata da última reunião do Banco Central do Brasil. A expectativa é de que o Comitê de Política Monetária (Copom) sinalize uma nova alta de 1 ponto percentual na Selic em março, mantendo em aberto as direções futuras.
Iniciando a temporada de balanços, grandes empresas do Ibovespa, como Itaú (ITUB4), Santander (SANB11) e Bradesco (BBDC4), divulgarão seus resultados, na expectativa de refletir a saúde financeira e as projeções para o ano.
Expectativas e Análises
"Janeiro foi um mês positivo após a forte correção do final do ano passado, onde houve certa exagero", analisa Matheus Spiess, da Empiricus Research. Ele ressalta que, apesar de os problemas domésticos ainda persistirem, os ativos brasileiros apresentavam uma grande desvalorização, tornando a recuperação natural. Contudo, ele alerta que as expectativas para o mercado continuam incertas: “A melhora de janeiro pode ser uma espuma, mas se o dever de casa for feito, as coisas podem se adequar de forma benéfica.”
Bruna Centeno, economista da Blue3 Investimentos, destacou que o anúncio do aumento dos preços do diesel pela Petrobras foi uma notícia positiva ao longo da sessão. Isso sinaliza que a autonomia da empresa em sua estratégia comercial se mantém sólida, refletindo margens saudáveis em seus produtos.
Perspectivas Futuras
As expectativas em relação ao desempenho do Ibovespa para o curto prazo mostraram um viés mais otimista, conforme o Termômetro Broadcast Bolsa desta semana. Agora, 50% dos participantes esperam que o índice avance, enquanto 37,5% preveem estabilidade e apenas 12,5% antecipam queda.
Os analistas acreditam que o cenário pode mudar rapidamente e que há uma dúvida sobre a durabilidade desse movimento de alta. O JPMorgan, por exemplo, expressou ceticismo em relação à continuidade dessa recuperação, destacando que a alta mais recente se deu, em grande parte, por motivos técnicos.
Análise do Cenário Global
Ainda assim, o Ibovespa se destacou, mesmo em comparação com mercados vizinhos. O relatório do JPMorgan observa que o Brasil, apesar de ser um dos melhores mercados do mundo até o momento, está em uma posição delicada, especialmente em relação ao desempenho do real. Os analistas preveem que já atingimos o pico dessa recuperação, enfatizando que a situação se deve, em grande parte, a fatores técnicos.
No final de 2024, o Ibovespa se situou a 19.462,70 pontos em dólar, com uma perda nominal de cerca de 10% e uma alta para a moeda americana de 27%. Com a recente valorização do real, que se estabeleceu a R$ 5,83, o índice subiu para 21.611,03 pontos, superando os níveis de novembro, embora ainda abaixo dos patamares de outubro, quando chegou a 22.437,48 pontos.
Destaques do Ibovespa
Na sessão mais recente, algumas ações se destacaram:
VALE ON (VALE3) – A ação caiu 1,56%, após um aumento significativo na véspera, ainda sem a referência dos futuros do minério de ferro na China. As negociações em Dalian serão retomadas na próxima quarta-feira.
WEG ON (WEGE3) – Registrou uma queda de 2,08%, enquanto investidores consideram os possíveis efeitos da adoção de tarifas pelo governo dos EUA sobre o México.
LOCALIZA ON (RENT3) – A ação recuou 2,5%, devolvendo parte do lucro obtido no dia anterior. O JPMorgan manteve uma recomendação "overweight", mas cortou o preço-alvo.
PETROBRAS PN (PETR4) – Fechou em alta de 0,8%, mantendo máximas históricas após o primeiro aumento de preço do diesel em mais de um ano.
BTG PACTUAL UNIT (BPAC11) – Subiu 1,62%, destacando-se entre os bancos do Ibovespa, que iniciarão a divulgação de resultados na próxima semana.
- TOTVS ON (TOTS3) – A ação subiu 4,45%, em meio a rumores sobre uma possível proposta de aquisição da Linx.
O clima do mercado continua dinâmico e repleto de expectativas. Enquanto grandes empresas do Ibovespa se preparam para apresentar resultados financeiros, os investidores permanecem atentos às notícias que podem afetar o mercado tanto local quanto internacionalmente.
Reflexões Finais
O cenário do Ibovespa apresenta um contraditório panorama de desafios e oportunidades. Apesar das incertezas, as expectativas de recuperação geram um entusiasmo moderado entre os investidores. O que será que o futuro reserva para o índice? Você também acredita que essa recuperação é sustentável? Deixe suas opiniões nos comentários e participe dessa conversa animada sobre o futuro do mercado financeiro brasileiro.