
A recente decisão da China de suspender temporariamente as importações de carne bovina de três frigoríficos brasileiros gerou um alvoroço nas relações comerciais entre os países. Na última segunda-feira, a Administração Geral de Aduanas da China (GACC) anunciou que a JBS, localizada em Mozarlândia (GO), o Frisa Frigorífico Rio Doce, em Nanuque (MG), e o Bon-Mart Frigorífico, em Presidente Prudente (SP), foram notificadas sobre a interrupção das importações devido a supostas não conformidades com os requisitos exigidos para o registro de estabelecimentos estrangeiros.
Embora o comunicado não tenha entrado em detalhes sobre as razões específicas para a suspensão, a GACC mencionou a existência de “não conformidades” que precisavam ser resolvidas. Desde então, as empresas afetadas estão tomando medidas para atender às exigências regulatórias e retomar suas atividades no mercado chinês. É importante destacar que, há cerca de dois meses, Pequim já havia iniciado um processo de salvaguarda em relação às suas importações de carne.
Minimizando o impacto
O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, procurou minimizar as repercussões dessa medida ao enfatizar que o Brasil possui 126 frigoríficos habilitados para exportar para o mercado chinês. Ele destacou que, durante sua gestão, 55 novas plantas frigoríficas foram autorizadas a vender carne para a China, incluindo algumas que estavam anteriormente suspensas.
Não apenas o Brasil está sob os holofotes, mas a China também suspendeu as compras de carne bovina de frigoríficos da Argentina, Uruguai e Mongólia. Isso indica um aumento na fiscalização sobre fornecedores internacionais, o que pode ter um impacto significativo nas cadeias de suprimentos globais.
Histórico de suspensões nas importações de carne
Nos últimos anos, as relações comerciais entre o Brasil e a China, especialmente no setor de carnes, têm sido tumultuadas. Desde 2022, ocorreram várias suspensões temporárias nas importações de carne bovina. A seguir, um breve resumo dessas interrupções:
- 2022: No dia 23 de março, a GACC suspendeu as importações da unidade da JBS em Mozarlândia. Essa planta era uma das maiores processadoras de carne para o mercado chinês.
- 2023: Entre fevereiro e março, o Brasil decidiu interromper voluntariamente suas exportações para a China após a confirmação de um caso atípico de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB) no Pará. Essa suspensão preventiva resultou em uma queda de 8% nas exportações totais de carne bovina do Brasil no primeiro trimestre.
- 2024: Em dezembro deste ano, a China iniciou uma investigação sobre o aumento das importações de carne bovina, sinalizando possíveis proteções para seus produtores locais, levantando preocupações sobre restrições futuras às exportações brasileiras.
Impacto nas exportações
A despeito das suspensões, o Brasil se mantém como o maior exportador de carne bovina para a China, com uma previsão de 1,3 milhão de toneladas embarcadas e um valor estimado em US$ 5,9 bilhões para 2024. Essa relação comercial é fundamental para a economia do Brasil, e os produtores locais estão atentos a cada nova decisão sumária que possa impactar essa parceria.
O que esperar para o futuro?
A situação atual apresenta um desafio e uma oportunidade. Embora as suspensões gerem um cenário de incerteza, os frigoríficos brasileiros estão se adaptando e buscando atender às exigências rigorosas do mercado chinês. É crucial que continuem investindo em qualidade e conformidade para que possam manter, senão incrementar, a confiança dos consumidores chineses.
Além disso, a diversificação dos mercados-alvo pode ser uma estratégia viável para mitigar os riscos associados a dependências excessivas. Explorar novos parceiros comerciais não apenas fortalece a posição do Brasil no mercado internacional, mas também promove uma maior segurança econômica a longo prazo.