O que está por trás do aumento das taxas dos DIs?
As taxas de Depósito Interfinanceiro (DI) enfrentaram uma alta considerável na última sexta-feira, especialmente entre os contratos de curto prazo. Esse movimento ocorreu após a divulgação do IPCA-15 de janeiro, que surpreendeu a todos com um aumento inesperado, impulsionado principalmente pela alta nos preços dos alimentos. Por outro lado, as taxas de longo prazo mantiveram-se mais tranquilas, refletindo as condições do mercado ao redor, especialmente as influências externas, como os rendimentos dos Treasuries nos Estados Unidos.
Alta nas taxas de curto prazo
No fechamento do dia, a taxa de DI para julho de 2025, um dos contratos mais frequentemente negociados, saltou para 14,135%, comparado ao ajuste anterior de 14,095%. Para janeiro de 2026, a taxa também subiu, alcançando 15,13%, com uma alta de 10 pontos-base em relação ao ajuste anterior de 15,031%.
Em contraste, os contratos com prazos mais longos apresentaram uma leve estabilidade:
- Janeiro de 2031: taxa de 15,12%, ligeiramente abaixo do ajuste anterior de 15,123%.
- Janeiro de 2033: taxa de 15,04%, em comparação a 15,067%.
Dados do IPCA-15
Na manhã do mesmo dia, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o IPCA-15 registrou um aumento de 0,11% em janeiro, uma desaceleração em relação à alta de 0,34% em dezembro. Contudo, o resultado foi alarmante: a expectativa de economistas era de um recuo de 0,03%. Isso demonstra uma pressão inflacionária mais forte do que o previsto, com a taxa acumulada em 12 meses chegando a 4,50%, superando a projeção de 4,36%.
O IBGE também apontou que a maioria dos grupos de produtos e serviços pesquisados registrou aumentos de preços em janeiro. A categoria "Alimentação e Bebidas", com uma alta de 1,06%, foi a principal responsável por essa pressão inflacionária — um tema que preocupa o governo Lula, que busca controlar a inflação.
Reação do mercado financeiro
Como resposta ao aumento das taxas de DI, especialmente das mais curtas, o mercado mostrou-se reativo durante o dia. Perto das 16h35, a taxa do DI para janeiro de 2026 atingiu 15,14%, refletindo um aumento de 11 pontos-base em relação ao dia anterior. Em meio a essa oscilação, após uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, revelou que o governo considera alterar alíquotas de importação de produtos cujo preço esteja muito acima do praticado internacionalmente. O objetivo é baratear os alimentos no Brasil.
A posição do governo sobre a inflação
Rui Costa também esclareceu que o governo não irá adotar medidas radicais, como congelamento de preços ou tabelamento.
"Não haverá fiscalização nos supermercados ou feiras. Não existe a ideia de criar uma rede estatal de supermercados", afirmou, tentando tranquilizar a população e os investidores sobre a abordagem do governo para enfrentar a inflação.
Expectativas para a Selic
À medida que as preocupações com a inflação aumentam, os investidores precificam uma probabilidade de 90% de um aumento de 100 pontos-base na taxa Selic na próxima semana. A Selic, atualmente em 12,25% ao ano, desperta a atenção do mercado financeiro, com as expectativas de otimização da política monetária.
Na ponta longa da curva, as taxas ficaram estáveis ou até caíram levemente, influenciadas pelos rendimentos negativos dos Treasuries. Após uma declaração do presidente dos EUA, que sugeriu a possibilidade de um acordo comercial com a China, as expectativas de investimento nos EUA ficaram mais favoráveis.
Além disso, o dólar se desvalorizou frente ao real, contribuindo para a atenuação da pressão sobre as taxas de DIs no Brasil.
Cenário Internacional
Por volta das 16h37, o rendimento do Treasury de dez anos, referência global para processos de investimento, caiu 1 ponto-base, ficando em 4,626%. Essa modificação, resultante de uma série de fatores, reflete o movimento global em busca de estabilidade de preços e segurança nos investimentos.
O que esperar?
O cenário atual é desafiador, com constantes oscilações nas taxas financeiras e incertezas em relação ao controle da inflação. O governo, por sua vez, tenta equilibrar as preocupações econômicas com a necessidade de manter os preços dos alimentos sob controle. Com isso, a instabilidade nas taxas dos DIs não deve ser uma surpresa para os investidores e analistas do mercado. A dúvida que persiste é: como essas medidas impactarão a economia e o bolso do brasileiro nos próximos meses?
Os desdobramentos dessa situação merecem atenção, especialmente para aqueles que acompanham as movimentações do mercado financeiro. Estar ciente das expectativas e das medidas do governo pode oferecer uma margem de segurança e permitir um planejamento financeiro mais eficaz. O que você acha das ações propostas pelo governo? Compartilhe suas opiniões e reflexões sobre esse tema complexo e dinâmico.