A inflação foi um tema central em 2022, impulsionada pela pandemia, que causou interrupções nas cadeias de produção e aumento de demanda com apoio fiscal. Esse cenário gerou uma inflação global elevada, mas as perspectivas para 2023 indicam uma possível desaceleração, especialmente com a normalização das cadeias produtivas e o aperto monetário em diversos países.
Para o Brasil, a notícia é positiva no curto prazo. Com o Banco Central sendo um dos primeiros a reagir, aumentando a taxa Selic já em 2021, o país pode se beneficiar desse cenário de “desinflação” global. No entanto, a inflação de médio e longo prazo dependerá de como o país administra suas contas públicas.
O risco de uma “desancoragem” das expectativas – uma perda de confiança na estabilidade econômica – aumenta quando o endividamento público segue em trajetória ascendente. A recente PEC da Transição trouxe uma sinalização expansionista do governo, o que pressiona as expectativas de inflação para cima.
A tentação de elevar a meta de inflação para facilitar o controle da taxa Selic seria uma solução de curto prazo, mas comprometeria ainda mais a credibilidade e resultaria em juros mais altos no longo prazo. O foco, portanto, deve estar no novo arcabouço fiscal, uma estratégia sustentável que alinhe as políticas monetária e fiscal para garantir uma queda de inflação e juros a longo prazo.