As recentes decisões de política monetária no Brasil e nos Estados Unidos despertam uma discussão sobre o investimento no exterior. Muitos investidores brasileiros podem pensar: por que investir fora se as taxas internas estão tão atraentes? A resposta, segundo os especialistas, é a diversificação.
Jeff Patzlaff, um planejador financeiro CFP, destaca que a opção de investir no exterior não se resume apenas à busca por melhores retornos, mas também ao acesso a mercados e setores que não estão disponíveis no Brasil. Além disso, essa estratégia ajuda a diminuir riscos associados a instabilidades políticas e econômicas locais. “Diversificar geograficamente pode fortalecer o portfólio contra as variações da economia nacional e abrir portas para crescimento em economias em desenvolvimento e em mercados maduros”, argumenta Patzlaff.
Além disso, ele menciona que a aquisição de ativos em moeda forte, como o dólar, com rendimentos que giram em torno de 4-5% ao ano, torna-se uma opção bastante interessante. Investir em ativos externos pode ser uma maneira de proteger seu investimento e maximizar o potencial de crescimento.
Para saber mais: Descubra como investir no exterior mesmo residindo no Brasil!
Renda Fixa Americana
Quando falamos de títulos do Tesouro americano (Treasuries), eles aparecem como uma opção popular entre os especialistas. O rendimento do título do Tesouro dos EUA com vencimento em 10 anos, por exemplo, recentemente flertou com os 5%, embora atualmente esteja na casa dos 4,5%. Isso é consideravelmente inferior ao rendimento do Tesouro Prefixado 2031 brasileiro, que está acima dos 15%.
José Maria, coordenador de estratégia da Avenue, destaca que, mesmo com juros mais altos no Brasil, as taxas americanas continuam em um patamar elevado quando analisadas em uma perspectiva histórica. “Desde a crise de 2008, não observávamos juros tão altos. Após anos de taxas muito baixas, hoje encontramo-nos em um cenário atraente, especialmente para investimentos de médio e longo prazo”, afirma ele.
No entanto, é importante lembrar que a simples comparação de porcentagens não conta toda a história. “É fundamental entender que 5% em dólar não são equivalentes a 10% ou 15% em reais. O contexto cambial deve sempre ser levado em consideração; por exemplo, o real sofreu uma desvalorização de 27% no último ano, o que essencialmente discute o impacto do risco país”, explica José Maria.
E quanto à Dívida Corporativa Estrangeira?
A dívida corporativa pode se tornar uma opção atraente em 2025, segundo previsões da BlackRock. Contudo, esse mercado exige atenção e critério, uma vez que o risco de crédito e liquidez é geralmente mais elevado do que em títulos públicos federais, como ressalta Claudio Pires, sócio-diretor da MAG Investimentos.
“Escolher empresas sólidas e analisar minuciosamente sua saúde financeira e capacidade de pagamento é crucial. O foco deve ir além do mero retorno da taxa de juros oferecida”, afirma Pires. Para investidores que não têm aversão à volatilidade, ele sugere considerar prazos mais longos, tanto para títulos governamentais quanto para corporativos.
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Oportunidades em Renda Variável
A bolsa americana continua a se mostrar atraente, afirmam os analistas. Mariana Conegero, especialista em investimentos e sócia da The Hill Capital, destaca que ações de grandes empresas de tecnologia e de inteligência artificial merecem atenção especial neste momento. “Companhias como Nvidia (NVDC34), Microsoft (MSFT34) e Alphabet (GOGL34) seguem registrando crescimento significativo, principalmente impulsionadas pela adoção da IA generativa e da computação em nuvem.”
Além disso, para quem busca diversificar dentro da renda variável, Mariana sugere considerar ETFs (fundos de índice), como o QQQ e o XLK. O QQQ, por exemplo, acompanha o desempenho do Nasdaq, enquanto o XLK reflete o setor de tecnologia do S&P 500. ETFs globais, como o VT, que investe em empresas do mundo todo, e fundos focados em mercados emergentes, como EEM e INDA (da Índia), podem ajudar a mitigar riscos regionais, enquanto capturam oportunidades de crescimento global.
A Relevância do Dólar
José Maria, da Avenue, enfatiza a importância da exposição à moeda americana. Independente do cenário econômico, considera essencial que os brasileiros tenham dólares em suas carteiras. “O dólar não é caro nem barato; ele deve sempre ter um espaço garantido nas finanças dos brasileiros”, afirma ele.
Para ele, especular sobre a taxa de câmbio pode ser uma prática improdutiva. “Recentemente, muitos consideravam o dólar a R$ 5,50 um valor elevado. Agora, com a cotação em R$ 5,90, algumas pessoas acreditam que está em conta e que é a hora de comprar. Essa variação nas percepções ressalta a necessidade de uma abordagem mais estável, onde a exposição ao dólar é contínua.”
Para mais informações: Aprenda a investir em dólar e entenda suas vantagens e desvantagens.
Assim, ao refletirmos sobre as oportunidades de investimento, fica claro que diversificação, seja em renda fixa, renda variável ou mesmo por meio da exposição ao dólar, pode não apenas proteger a nossa carteira, mas também abrir portas para novos horizontes financeiros. Você já considerou explorar esses caminhos? Compartilhe suas ideias e experiências!