sábado, abril 19, 2025

Kevin Rudd prevê um futuro moderado para a China sem Xi Jinping, mas dissidente alerta: ‘Isso é irrealista’


Matéria traduzida e adaptada do inglês, publicada pela matriz americana do Epoch Times.

As expectativas em torno de Xi Jinping e o futuro da China

O novo livro do ex-primeiro-ministro trabalhista australiano Kevin Rudd, intitulado On Xi Jinping (Sobre Xi Jinping, em tradução), traz à luz uma discussão interessante sobre o futuro da China sob a liderança de Xi Jinping. Rudd acredita que o mundo precisa apenas aguardar o término do governo de Xi para que a China retorne a um caminho mais equilibrado e moderado.

Atualmente embaixador da Austrália nos Estados Unidos, Rudd argumenta que essa transformação poderá ocorrer quando a adesão inflexível de Xi à ideologia marxista começar a impactar negativamente a economia do país. Segundo ele, o foco de Xi tem sido a tentativa de reformular a ordem internacional, promovendo uma China cada vez mais assertiva como o centro do novo cenário geopolítico.

A profundidade das ideologias de Xi

Rudd analisa que Xi mudou a política da China para uma “esquerda leninista”, reafirmando o poder do líder e, simultaneamente, direcionou a economia para uma “esquerda marxista”, priorizando o planejamento estatal em detrimento dos mecanismos de mercado. Essa transição em suas políticas reflete uma tentativa de centralizar o controle e promover uma maior intervenção estatal.

Além disso, o embaixador observa que o discurso externo de Xi tende para a “direita nacionalista”, fomentando um sentimento de ressentimento em relação às ações do Ocidente contra a China, historicamente marcada pela colonização e contenção. Ele reforça a importância da civilização chinesa como um elemento essencial nas narrativas de Xi.

Apesar de reconhecer que Xi compreendeu as tentativas de seus antecessores em abrir caminho para um futuro democrático, Rudd sugere que Xi optou por “fechar a porta firmemente” para tais possibilidades. O ex-primeiro-ministro sugere que a atual liderança poderia ser vista como o auge das tensões em torno da questão de Taiwan, mas que, após a sua saída, as relações poderiam se apaziguar.

“A menos que Xi consiga se manter no poder por 20 anos ou mais, as chances de uma China mais moderada aumentam quando ele deixar a liderança”, completou Rudd. Ele acredita que, nesse cenário, seria bem-vinda uma volta ao centro político.

O futuro sob uma nova liderança?

Rudd alerta que a única forma de Xi perpetuar seu legado seria se mantivesse o poder por um longo período, o que lhe permitiria colocar em posições-chave jovens que compartilhassem sua visão ideológica. Essa estratégia envolveria emaranhar profundamente suas convicções no aparato do Partido Comunista Chinês.

Cenários divergentes: A visão de um dissidente chinês

Entretanto, a visão de Rudd não é unanime. O dissidente chinês Chin Jin, presidente da Federação para uma China Democrática na Austrália, refutou a ideia de que a saída de Xi impulsionará uma mudança positiva. Para Chin, essa perspectiva é superficial e ignora o papel fundamental da ditadura autocrática que permeia a estrutura do regime chinês.

Chin enfatiza que, embora Xi seja o líder mais agressivo desde Mao, a essência da questão está na natureza do Partido Comunista Chinês, que desde sua fundação sempre almejou a dominação global. Ele explica que, sob líderes anteriores como Deng Xiaoping e Jiang Zemin, a falta de um poderio suficiente limitou ações mais expansionistas. A estratégia de Deng de “esconder a força e esperar o momento certo” é vista como uma forma de induzir o Ocidente à complacência.

Com a ascensão de Xi, no entanto, os tempos de complacência deram lugar a uma força combinada, onde a determinação do líder e o fortalecimento do país estão mais evidentes do que nunca. Durante uma entrevista, Chin questionou: “Kevin Rudd vê Xi Jinping como uma ameaça ao mundo, mas isso não é só sobre Xi—é sobre todo o regime autoritário do Partido Comunista Chinês. O Ocidente percebeu isso? Kevin Rudd percebeu isso?”

Um olhar crítico sobre o passado da China

Chin destaca um momento crítico na história da China: de 1979 a 1989, o país viveu uma era de liberalização política, que terminou abruptamente com o Massacre da Praça da Paz Celestial. Esse evento pôs um ponto final nas esperanças de uma transição política semelhante à de Taiwan, levando a um foco quase exclusivo no desenvolvimento econômico.

Naquele período, a repressão interna aumentou drasticamente, especialmente com a campanha contra o Falun Gong, resultando em violações severas dos direitos humanos, como a extração forçada de órgãos. Tais ações evidenciam que o foco do Ocidente deve ser o Partido Comunista como um todo, e não apenas suas lideranças individuais.

Convergências e divergências: Vozes de diferentes perspectivas

Embora a visão de Chin contrasta com a de Rudd, não se pode ignorar que ambos reconhecem o papel significativo de Xi no cenário atual. Para Chin, a administração de Xi resultou em uma concentração de poder sem precedentes, transformando-o em um “imperador sem coroa”, que mira em remodelar a ordem internacional, utilizando a força crescente da China como uma nova alavanca geopolítica.

Em contraste, o ex-ministro das Relações Exteriores da Austrália, Alexander Downer, elogiou o trabalho de Rudd. Ele avaliou que a análise do ex-primeiro-ministro sobre a liderança de Xi é acurada, notando que as diretrizes de Xi realmente diferem de seus antecessores por adotar uma postura mais agressiva e intervencionista.

Arthur Sinodinos, ex-embaixador em Washington, acrescentou que a caracterização de Xi como um nacionalista ambicioso se alinha com a percepção de Washington sobre a China. Ele expressou que Xi busca um papel significativo na formação de uma nova ordem mundial, um impulso que seguramente ressoará com as lideranças globais.

Um cenário global em evolução

No entanto, a visão de Rudd sobre uma transformação futura e pacífica da China não é compartilhada por todos. O deputado republicano Don Bacon, ex-general da Força Aérea, criticou essa perspectiva, afirmando que não existem sinais de uma China mais moderada pós-Xi. Para ele, a meta de Pequim em relação a Taiwan permanece clara, implicando em um prováveis riscos de confronto. “Precisamos de uma aliança forte e um orçamento militar robusto que possa desencorajar qualquer incursão”, afirmou Bacon.

Reflexões sobre o futuro da China e do mundo

O debate sobre o futuro da China e a liderança de Xi Jinping é complexo e multifacetado. Enquanto alguns como Rudd veem possibilidades de mudança após a saída de Xi, outros, como Chin e Bacon, alertam que a natureza autoritária do regime é a verdadeira fonte de problemas que o Ocidente deve enfrentar. À medida que o cenário global continua a evoluir, torna-se crucial para as nações democráticas compreenderem as dinâmicas internas da China para melhor se prepararem para os desafios futuros.

O que você acha do papel da liderança de Xi Jinping na China e do impacto que suas políticas podem ter a longo prazo? Compartilhe seus pensamentos e reflexões.

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