Klabin: O Futuro da Indústria Florestal e de Papel no Brasil

Cristiano Teixeira, CEO da Klabin, com uma trajetória de sucesso na empresa desde 2011.

Recentemente, a Klabin atingiu um marco significativo em sua história: a finalização de um ousado plano de investimento que totaliza R$ 30 bilhões. Este projeto, que abrangeu um período de cinco anos, focou na ampliação da base florestal e industrial, além da modernização das fábricas. A instalação de novas unidades em Ortigueira, no Paraná, e a planta de embalagens em Piracicaba, representaram o desfecho deste ciclo, que também incluiu a aquisição da operação de papelão ondulado da International Paper no Brasil e áreas de pinus da chilena Arauco. Cristiano Teixeira, CEO da Klabin, destaca: “Este foi o grande ciclo de investimento da nossa história.”

Reconhecimento e Resultados Financeiros

A Klabin figura na renomada Lista Forbes Agro100 2025, que reúne as 100 maiores empresas do setor agro no Brasil. Neste contexto, o grupo alcançou uma receita impressionante de R$ 1,886 trilhão, representando 16% do PIB nacional. Em 2024, a Klabin também se destacou ao registrar um faturamento de R$ 19,6 bilhões, um aumento de 9% em relação ao ano anterior.

Um evento especial, o Forbes Power Lunch Agro100, reunirá líderes do setor em São Paulo, promovendo intercâmbio de ideias e networking.

Fase de Ajustes e Desafios Futuros

Teixeira afirma que com a conclusão da expansão, a Klabin entrará em uma fase de ajuste financeiro. O foco nos próximos dois anos será em desalavancagem e fortalecimento da caixa. O CEO projeta que até o início de 2027, a empresa atingirá plena capacidade de produção e um crescimento do EBITDA de até R$ 3 bilhões, refletindo um aumento entre 20% e 25%.

Expansão Internacional: O Mundo da Celulose

A Klabin já exporta para 80 países, com uma significativa presença na América Latina, Europa e Ásia. Atualmente, cerca de 40% de sua receita é oriunda de exportações, um percentual que deve aumentar com a estabilização do mercado interno. “Somos líderes em todos os segmentos em que atuamos no Brasil. O crescimento adicional virá do exterior”, afirmou Teixeira.

Com a demanda crescente por embalagens, especialmente na Ásia, a Klabin já fornece celulose para fábricas de produtos de higiene em países como China, Vietnã e Índia. Além disso, o mercado em Bangladesh, Paquistão, Indonésia e Malásia mostra potencial, impulsionado pela elevação da renda e consumo.

Desafios Globo: Um Cenário de Incertezas

Contudo, o ambiente internacional apresenta desafios. O CEO menciona que as relações comerciais estão passando por um período turbulento, marcado por disputas tarifárias. Ele adverte sobre a possível perda de relevância do Mercosul em acordos regionais e a expansão de tratados preferenciais entre os Estados Unidos e países da Ásia ou América Latina.

Para enfrentar as oscilações externas, a Klabin mantém um modelo de negócios diversificado. Aqui, um terço da receita é proveniente da celulose, especialmente da fibra longa fluff, utilizada em fraldas e produtos de higiene, outra parte dos papéis para embalagens e o restante da conversão de embalagens no Brasil, servindo a grandes indústrias como Nestlé, Unilever, e Pepsi.

O Brasil como Pilar Estratégico

Na perspectiva domestica, Teixeira visualiza o Brasil como um ponto estratégico nas cadeias de alimentos e florestas. O país é considerado o mais produtivo do mundo em termos de florestas plantadas, com aproximadamente 9,9 milhões de hectares, e uma eficiência impressionante de 35,7 m³/ha/ano, quase o dobro em comparação com o Hemisfério Norte.

Desafios de Qualificação e Iniciativas da Klabin

Porém, um dos principais obstáculos citados por Teixeira é a falta de qualificação dos trabalhadores. A Klabin reconhece a importância de investir em educação e formação técnica. Para isso, a empresa criou uma escola técnica em Ortigueira, em parceria com o governo estadual, que capacita jovens para operar equipamentos avançados, garantindo emprego aos formandos. Em Telêmaco Borba, um centro de formação oferece reciclagem contínua aos operadores industriais, além de programas executivos em parceria com instituições como o Insper.

Inovação e Tecnologia: O Caminho para o Futuro

A combinação de produtividade florestal, tecnologia e formação de profissionais será crucial para definir a posição da Klabin na próxima década. Teixeira enfatiza que, além das condições naturais favoráveis, a capacidade de transformar conhecimento em eficiência industrial é o que assegurará a vantagem competitiva do Brasil.

A Klabin se destaca pelo uso de tecnologias avançadas nas unidades produtivas, como sistemas de monitoramento, algoritmos e inteligência artificial para melhorar a manutenção preditiva e o uso de insumos. “A fábrica é o primeiro lugar onde testamos qualquer nova tecnologia. É ali que o ganho se multiplica”, explica o CEO.

Impacto do Consumo e Demografia

A relação entre o consumo popular e o sucesso da Klabin é evidente, já que cerca de 70% de suas embalagens atendem ao setor supermercadista. A renda das famílias de baixa e média renda é um fator determinante para o consumo, refletindo-se diretamente nas vendas para indústrias de alimentos e higiene.

À medida que o Brasil envelhece, a demanda por produtos de higiene absorvente cresce. A Klabin, pioneira na instalação de uma máquina dedicada à celulose fluff, reconhece a necessidade de adaptar-se às novas demandas do público. “O envelhecimento é um fato. A tecnologia tem que acompanhar”, afirma Teixeira.

E-commerce e a Evolução das Embalagens

Outro fator que impacta a produção é a ascensão do e-commerce, que exige caixas mais resistentes e com qualidade de impressão aprimorada. A Klabin, visando atender a essa demanda, desenvolveu um papel kraftliner 100% feito de eucalipto, que combina leveza e performance. “O e-commerce transformou a embalagem em vitrine. Ela precisa ser técnica e também comunicar a marca”, ressalta Teixeira.

Reflexões Finais

A trajetória da Klabin é marcada por inovações e desafios, com um olhar atento às mudanças econômicas e demográficas. A empresa demonstra que, mais do que nunca, a conexão entre tecnologia, educação e sustentabilidade é vital para o futuro da indústria florestal e de papel no Brasil.

E você, como vê o futuro da indústria florestal no Brasil? Quais mudanças você acha que ainda estão por vir? Compartilhe suas ideias e reflexões conosco!