Texto traduzido e adaptado do original publicado pela matriz americana do Epoch Times.
KLM solicita ações da UE contra concorrência desleal de companhias aéreas chinesas
A KLM Royal Dutch Airlines, uma das principais companhias aéreas da Europa, lançou um apelo à União Europeia para que enfrente a competição “injusta” imposta pelas companhias aéreas chinesas. Marjan Rintel, CEO da KLM, enfatizou que a Europa deve encontrar maneiras de corrigir essa discrepância no mercado. “Devemos explorar opções, como ajustes de preços ou outras abordagens, para garantir um campo de jogo mais equilibrado”, afirmou em entrevista à TV holandesa WNL.
Desafios enfrentados pelas companhias aéreas europeias
A situação se complicou desde 2022, quando a Rússia fechou seu espaço aéreo para a maioria das aeronaves europeias, resultado das sanções ocidentais implementadas em decorrência da invasão da Ucrânia. Como consequência, as companhias aéreas da Europa, incluindo a KLM, têm sido forçadas a redirecionar seus voos para rotas mais longas, o que se traduz em maior tempo de voo e, consequentemente, em custos mais altos.
- Aumento do tempo de voo: Rintel mencionou que evitar o espaço aéreo russo pode adicionar entre duas a quatro horas ao tempo de viagem.
- Impacto nos preços: O aumento do tempo de voo contribui para o encarecimento dos bilhetes da KLM.
Enquanto isso, companhias aéreas de países como China e regiões do Oriente Médio têm se beneficiado do uso do espaço aéreo russo, mantendo custos de operação mais baixos e tempos de voo reduzidos. Além disso, esses operadores recebem enormes subsídios do governo, o que lhes proporciona uma vantagem competitiva significativa.
Avaliando a concorrência
A Lufthansa, outra gigante da aviação, revelou recentemente que está reconsiderando a viabilidade de manter seus voos diários entre Frankfurt e Pequim. A companhia atribuiu essa decisão aos altos custos, à baixa demanda e à desigualdade competitiva perante empresas de outros países, especialmente da China. Um porta-voz da Lufthansa destacou a necessidade de uma nova política industrial da UE para lidar com a situação, visto que as companhias aéreas europeias enfrentam crescentes impostos, taxas, regulamentações rigorosas e infraestrutura inadequada.
Ademais, a British Airways anunciou em agosto que suspenderia seus voos entre Londres e Pequim, com a expectativa de retomar as operações apenas em novembro de 2025.
Medidas potenciais da UE
Su Tzu-yun, um especialista em defesa e diretor do Instituto de Pesquisa de Defesa Nacional e Segurança de Taiwan, comentou que qualquer iniciativa da União Europeia para combater a competição desleal da China seria eficaz se os países da UE atuarem em conjunto. Ele ressalta a dependência econômica da China do comércio exterior, que representa cerca de 17% a 18% de seu PIB. Os Estados Unidos são o maior parceiro comercial da China, seguidos pela União Europeia.
- Aumento de tarifas: A UE recentemente aumentou as tarifas sobre veículos elétricos da China em quase 34%, um indicativo de que a união pode estar pronta para agir também na aviação.
- Cooperação entre os países da UE: Medidas como fechamento de espaço aéreo ou redução de voos poderiam forçar as companhias aéreas chinesas a respeitar regras internacionais de comércio.
Implicações geopolíticas e a relação com a segurança internacional
O general aposentado de Taiwan, Yu Tsung-chi, concorda que é provável que mais países europeus considerem a redução de voos para a China em resposta à atual situação geopolítica. “Com a China e a Rússia posicionadas como as principais ameaças à segurança da UE e da OTAN, é esperado um aumento nas sanções dirigidas a Pequim”, afirmou.
A relação entre a China e várias nações europeias tem se desalinhado, especialmente devido ao apoio da China à Rússia durante o conflito ucraniano. Essa postura provocou críticas da UE, que alertou que a China poderá enfrentar as consequências por sua aliança com o Kremlin.
A redução de voos: uma reação à mudança no contexto global
Gradativamente, companhias aéreas ocidentais têm reduzido suas operações na China. O número de empresários estrangeiros no país tem diminuído, assim como a quantidade de turistas que visitam a China. Questões de segurança e incertezas políticas têm sido fatores cruciais nessa decisão.
As implicações desse cenário vão além do setor de aviação; eles refletem uma mudança maior nas relações internacionais e um potencial reequilíbrio de poder. Em 1º de outubro, o novo secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, fez um discurso ameaçador à China, afirmando que a continuidade do apoio ao regime da Rússia não ocorrerá sem repercussões para os interesses da China na Europa. “Este tipo de condenação severa da China nunca foi feito publicamente por um secretário-geral da OTAN”, destacou Yu.
Perguntas para o futuro
Pensando em tudo isso, como você enxerga o futuro das relações entre as companhias aéreas europeias e suas contrapartes chinesas? A pressão geopolítica será suficiente para mudar o cenário atual, ou estamos apenas assistindo a uma fase temporária? Será que outras nações seguirão o exemplo da UE em medidas restritivas em resposta à competição desleal?
As companhias aéreas precisam se adaptar a um ambiente em mudança e, ao mesmo tempo, procurar estratégias para não apenas sobreviver, mas prosperar. A resposta para esses desafios é complexa, mas a discussão deve continuar, e o envolvimento do público e das lideranças políticas desempenhará um papel vital nessa evolução.
O descontentamento crescente em relação à China indica que o clima político está mudando rapidamente na Europa. À medida que mais países reconhecem a gravidade da situação e a necessidade de agir, será interessante observar como essa dinâmica moldará o futuro da aviação internacional e das relações comerciais.
Texto produzido com a colaboração de Luo Ya e Reuters.
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