Durante seu discurso na Assembleia Geral da ONU, o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, destacou que o mundo enfrenta uma “consolidação de uma desordem internacional”, caracterizada por concessões frequentes à política do poder.
Ele enfatizou que “atentados à soberania, sanções arbitrárias e intervenções unilaterais” estão se tornando a norma, clamando por uma mudança nessa dinâmica.
Defesa da Democracia e da Soberania
Lula estabeleceu uma conexão clara entre a crise do multilateralismo e o fortalecimento da democracia. “Não há justificativa para as medidas unilaterais e arbitrárias contra nossas instituições e nossa economia”, afirmou, ressaltando que a interferência na independência do Poder Judiciário deve ser rejeitada. Para ele, tanto a democracia quanto a soberania nacional são “inegociáveis”.
Enfrentando a Crise Climática
Nas suas palavras sobre a urgência climática, Lula falou sobre a importância da 30ª Conferência da ONU sobre Mudança Climática, que ocorrerá em novembro no Brasil, definindo-a como “a COP da verdade”. “Este é o momento em que os líderes mundiais devem demonstrar seu compromisso com a preservação do planeta”, destacou.
Ele alertou que “sem um panorama completo das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), estaremos caminhando de olhos vendados para o abismo”, mencionando que muitos países ainda não atualizaram seus planos climáticos. O Brasil, por sua parte, se comprometeu a reduzir suas emissões de gases de efeito estufa em até 67%, abrangendo todos os setores da economia.
Além disso, ele convocou outros líderes a agir, afirmando que “bombas e armas nucleares não vão nos proteger da crise climática”.

A floresta amazônica no Brasil
Proposta de um Conselho Climático na ONU
O presidente brasileiro argumentou que o mundo deve muito ao sistema estabelecido pela Convenção do Clima. Ele propôs a criação de um Conselho ligado à Assembleia Geral da ONU, que possua a autoridade necessária para monitorar os compromissos climáticos. Para Lula, essa medida seria um “passo fundamental” para reformar a organização e expandir o Conselho de Segurança.
Combatendo Fome e Pobreza: Três Caminhos
Lula também discursou sobre questões sociais, afirmando que a democracia não é plena quando há desigualdade, como o fato de mulheres ganharem menos que homens ou sofrerem violência. “Fechar as portas para migrantes ou culpá-los pelas crises do mundo é uma afronta ao espírito democrático”, enfatizou. “A pobreza é tão prejudicial à democracia quanto o extremismo”.
O presidente expressou orgulho ao informar que o Brasil foi reconhecido pela FAO por ter saído do Mapa da Fome em 2025, mas alertou que ainda existem 670 milhões de pessoas passando fome ao redor do mundo.
Ele sugeriu que a comunidade internacional adote três ações essenciais:
- Reduzir gastos com guerras e aumentar investimentos em desenvolvimento;
- Aliviar a dívida externa dos países mais pobres;
- Estabelecer padrões mínimos de tributação global, para que os mais ricos contribuam adequadamente.

Lula disse que em Gaza “a fome é usada como arma de guerra”
Direito Internacional Humanitário em Risco em Gaza
Sobre a situação em Gaza, Lula condenou os “atentados terroristas” promovidos pelo Hamas, mas deixou claro que isso não justifica o que ele chamou de “genocídio em andamento”. Segundo ele, toneladas de escombros escondem a vida de mulheres e crianças inocentes. “Ali está sepultado o Direito Internacional Humanitário e o mito da superioridade ética do Ocidente”, afirmou.
Além disso, ele destacou que “a fome está sendo utilizada como arma de guerra” e que o deslocamento forçado de populações ocorre impunemente. Lula também expressou sua admiração pelos judeus que, dentro e fora de Israel, se opõem a essa punição coletiva.
A Internet e a Necessidade de Regulamentação
O presidente manifestou preocupação com as redes sociais, que, segundo ele, têm se transformado em um terreno fértil para a “intolerância, misoginia, xenofobia e desinformação”. Ele defendeu que a internet não pode ser uma “terra sem lei”, e que regular as plataformas não significa limitar a liberdade de expressão. Ao contrário, é uma forma de garantir que o que é ilegal no mundo real seja tratado da mesma forma no ambiente virtual.
Lula mencionou ainda que o Brasil está investindo em iniciativas que promovam concorrência nos mercados digitais e na construção de datacenters sustentáveis. Para lidar com os riscos da inteligência artificial, ele enfatizou a importância de uma governança multilateral, seguindo a linha do Pacto Digital Global aprovado no ano anterior pela Assembleia Geral.
*Felipe de Carvalho é redator da ONU News.
Agora, mais do que nunca, as palavras de Lula ressoam como um chamado à ação e à reflexão sobre o papel da democracia e da justiça social no mundo contemporâneo. Ao se depararem com esses desafios globais, é vital que todos nós façamos parte da solução, buscando soluções coletivas que visem um futuro mais equitativo e sustentável. O que você pensa sobre essas questões? Quais ações você acredita serem necessárias para promover a mudança? Compartilhe suas opiniões e vamos juntos construir um mundo melhor!