Texto traduzido e adaptado do inglês, publicado pela matriz americana do Epoch Times.
Aumento dos Rendimentos dos Títulos: Um Desafio Global
Os rendimentos dos títulos governamentais têm registrado um aumento significativo em quase todas as economias desenvolvidas, desafiando as políticas de flexibilização monetária adotadas pelos bancos centrais e intensificando as pressões fiscais sobre países que já enfrentam elevados níveis de endividamento.
Expectativas em Colapso
Quando o Federal Reserve (Fed) dos EUA iniciou seu ciclo de redução das taxas em setembro de 2024, a expectativa entre os analistas de mercado era que os rendimentos dos títulos começariam a cair. Porém, a realidade mostrou-se bem diferente: os rendimentos aumentaram acentuadamente, evidenciando um descompasso entre a política monetária do banco central e o comportamento do mercado de obrigações governamentais.
O rendimento de referência de 10 anos, por exemplo, subiu 111 pontos base desde setembro de 2024, alcançando 4,77% — o maior nível desde outubro de 2023. Além disso, os títulos do Tesouro com vencimentos em 20 e 30 anos elevaram-se a mais de 5%, um crescimento notável que não era observado há mais de um ano.
Análise das Causas
Especialistas de Wall Street têm apresentado diversas teorias para explicar essa evolução inesperada. Um relatório de empregos em dezembro de 2024, que superou as expectativas, deu ao Fed a margem necessária para adiar novos cortes nas taxas de juros. A combinação do crescimento econômico robusto dos EUA com dados inflacionários sinalizando novas pressões sobre os preços fez com que o banco central alterasse seu foco, agora priorizando a restauração da estabilidade de preços.
Os investidores estão, portanto, atentos à próxima reunião de política monetária do Fed, onde se espera que as taxas sejam mantidas. A ferramenta CME FedWatch sugere que o mercado projeta um corte de 0,25 ponto percentual apenas para junho.
Byron Anderson, diretor de renda fixa da Laffer Tengler Investments, argumenta que o Fed pode ter que renunciar a suas expectativas de cortes nas taxas. “O forte relatório de empregos deve levar o Fed a reconsiderar sua necessidade de cortes agressivos”, comentou Anderson. “O Federal Reserve tem frequentemente avaliado de forma errada a inflação e agora pode estar equivocado em sua confiança em um pouso suave da economia”.
Pressões Fiscais e Sustentabilidade
Mas as tensões não param por aí. Economistas estão de olho em diversos fatores macroeconômicos que têm aumentado os custos associados à dívida pública. Torsten Slok, economista-chefe da Apollo, expressou preocupações sobre a sustentabilidade fiscal dos EUA. A vitória eleitoral de Donald Trump em novembro de 2024 levou a um salto nos rendimentos dos Títulos do Tesouro, catalisado pelo temor de déficits orçamentários em crescimento e uma maior necessidade de captação de empréstimos pelo governo federal.
Além da dívida crescente, as autoridades públicas têm emitido mais títulos de dívida de curto prazo, que representam quase 25% da dívida total — um valor superior à recomendação do Comitê Consultivo de Empréstimos do Tesouro, que sugere um teto entre 15% e 20%. Isso é um claro indicador de que o governo está cada vez mais dependente da dívida para financiar suas operações e lidar com déficits crescentes.
- Dívida atual do Tesouro ultrapassa US$ 36 trilhões, comparado a US$ 23 trilhões antes da pandemia.
- Estimativas indicam que o Departamento do Tesouro deverá tomar emprestado US$ 1,34 trilhão na primeira metade do ano fiscal de 2025.
Dave Novosel, analista sênior de títulos da Gimme Credit, observou que se os rendimentos dos títulos de 10 anos subirem para 5% pela primeira vez desde outubro de 2023, isso dependerá da trajetória da inflação. “Se a inflação não ceder, os rendimentos deverão permanecer elevados em 2025”, acrescentou Novosel.
O Impacto Global
Além das tensões internas, os mercados de títulos em outras partes do mundo também estão experimentando taxas em alta. A situação no Reino Unido é alarmante: os custos de empréstimos aumentaram cerca de 100 pontos base no último ano. Os títulos de 30 anos atingiram 5,42%, o maior nível desde 1998, enquanto os de 10 anos estão em sua maior taxa em 17 anos.
Investidores britânicos estão atentos ao primeiro orçamento da nova chanceler do Tesouro, Rachel Reeves, programado para outubro de 2024. Há preocupações de que este orçamento possa inadvertidamente reacender pressões inflacionárias em vez de estimular o crescimento econômico, resultando em um aumento nas taxas de juros.
Na zona do euro, a preocupação é semelhante. Propostas fiscais sombrias, somadas a inflação persistente e à concorrência dos títulos do Tesouro dos EUA, têm contribuído para a alta nos rendimentos. O Banco Central Europeu (BCE) pode ser forçado a manter sua taxa principal em 3,15% por um período prolongado, caso a inflação continue subindo, como aconteceu com a taxa anual que alcançou 2,4% em dezembro de 2024.
A Evolução do Banco do Japão
Em um movimento histórico, o Banco do Japão (BOJ) decidiu também rever suas políticas, encerrando a era de controle rígido sobre suas taxas de juros em 2024. O governador Kazuo Ueda anunciou o fim das taxas de juros negativas e reafirmou a meta para a taxa de curto prazo em 0,25%. Contudo, a incerteza em relação à política comercial dos EUA e a necessidade de esperar mais dados salariais têm moderado suas ações.
Recentemente, Ueda sugeriu em um evento que os aumentos de taxa estão no horizonte, dependendo das condições econômicas. A expectativa é de que o BOJ possa elevar sua taxa para 0,5% logo no primeiro trimestre de 2025, conforme a análise dos dados macros.
A natureza das taxas de juros, tanto no Japão quanto globalmente, está em transformação, refletindo a complexidade das dinâmicas econômicas que envolvem inflação, crescimento e política monetária.
Rumo ao Futuro
Com um cenário econômico em constante mudança, as interações entre políticas monetárias e os desafios da dívida pública se tornam cada vez mais relevantes. A trajetória dos rendimentos pode impactar desde os investimentos até as finanças pessoais de milhões ao redor do mundo. Como podemos ver, um evento em uma região pode ecoar em outra, criando um intricado mosaico de interdependências econômicas.
Portanto, é importante ficar atento às mudanças que estão ocorrendo tanto localmente quanto globalmente. O que você acha que o futuro reserva para os rendimentos dos títulos governamentais? Deixe sua opinião nos comentários abaixo e compartilhe suas perspectivas sobre esse assunto complexo e fascinante.
Agradecimentos à Reuters pela contribuição a este artigo.
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