Entendendo a GSF: O que é e qual seu papel?
A Força de Supressão de Gangues (GSF, na sigla em inglês) representa uma nova fase na abordagem internacional para a crise no Haiti. Recentemente autorizada pelo Conselho de Segurança da ONU, essa missão multinacional possui um mandato de 12 meses e será composta por 5.550 oficiais que trabalharão junto às autoridades haitianas. O objetivo central é neutralizar gangues, proteger infraestruturas essenciais e garantir o acesso humanitário, criando um ambiente mais seguro para a população vulnerável.
O projeto foi apresentado pelo Panamá e pelos Estados Unidos, refletindo um amplo apoio internacional diante da crise multidimensional que o país enfrenta há anos. A GSF é uma resposta necessária à escalada da violência, buscando evitar novos fluxos de deslocados que tanto têm afetado o Haiti.
Polícia haitiana verificando documentos em um posto de controle.
Quais são os principais objetivos da GSF?
A GSF foi estruturada com algumas prioridades centrais que merecem destaque:
- Operações de inteligência: Um foco intenso no desmantelamento das gangues armadas.
- Proteção de infraestruturas críticas: Garantir a segurança de hospitais, escolas e outros locais essenciais.
- Acesso humanitário: Facilitar a ajuda necessária à população afetada.
Essas ações ocorrerão em parceria com a Polícia Nacional do Haiti, preparando o país para gradualmente assumir a responsabilidade por sua própria segurança. Além disso, a GSF visa fortalecer instituições nacionais e criar um ambiente favorável à paz e ao desenvolvimento a longo prazo. Para apoiar essa missão, um Escritório de Apoio da ONU será criado, oferecendo suporte logístico e operacional essencial.
A transição da MSS para a GSF
Mas, o que a GSF realmente substitui? A resposta é a missão anterior: a Força Multinacional de Apoio à Segurança (MSS). Esta última, liderada pelo Quênia e iniciada em 2023, enfrentou desafios significativos. Com uma previsão de 2,5 mil efetivos, a MSS nunca atingiu esse número e permaneceu subfinanciada, o que limitou sua eficácia na proteção e apoio à população haitiana.
Em comparação, a GSF não apenas será mais robusta, mas também terá um mandato mais amplo, ajustando a estratégia para responder às demandas emergentes no terreno.
Por que a GSF é tão necessária?
A situação no Haiti é alarmante. Estima-se que até 90% da capital, Porto Príncipe, esteja sob controle de grupos armados. Esses grupos bloqueiam estradas, atacam infraestruturas vitais e aterrorizam os civis com sequestros, homicídios e outras atrocidades. Em 2024, mais de 5,6 mil pessoas perderam a vida devido a essa violência.
A situação se agravou. Desde março de 2025, a violência se espalhou para outras regiões, como Artibonite e Centre, deslocando quase 240 mil pessoas. No total, mais de 1,3 milhão de cidadãos tiveram que abandonar seus lares, enquanto serviços essenciais, como saúde e fornecimento de alimentos, colapsaram. Diante disso, a Polícia Nacional Haitiana não tem capacidade de resposta isoladamente.
Membros de gangues em um bairro de Porto Príncipe.
O Haiti está sem recursos para enfrentar a crise sozinho?
Infelizmente, a resposta é sim. A combinação do colapso das instituições estatais, a escassez de recursos policiais e a intensidade da violência tornaram a situação insustentável. As gangues não só dominam a segurança, mas também estabeleceram regimes de governança criminosa que envolvem recrutamento de crianças e tráfico de armas e drogas.
A ONU chama a atenção para a impunidade, a corrupção e o enfraquecimento institucional como os elementos centrais da insegurança reinante. Esse cenário traz à tona a necessidade de assistência internacional de forma urgente e eficaz.
A GSF é a solução para os problemas do Haiti?
Embora a GSF represente um passo significativo, especialistas da ONU alertam que a segurança por si só não é suficiente. O Haiti não está apenas enfrentando uma crise de segurança; as necessidades humanitárias têm aumentado, exacerbadas por desastres naturais, uma economia em colapso, pobreza estrutural e a ausência de um governo eleito desde o assassinato do presidente Jovenel Moïse em 2021.
Os países membros da ONU destacam a relevância de que a GSF faça parte de um esforço mais amplo. Essa estratégia deve incluir reformas de governança, ajuda humanitária estruturada e caminhos para um desenvolvimento sustentável. Portanto, em essência, a GSF é uma condição necessária, mas não suficiente. O apoio internacional deve ir além das questões de segurança para garantir que o Haiti possa se reerguer.
Pessoas se reunindo em um local de acolhimento para deslocados em Porto Príncipe.
Quando a GSF começa suas operações?
A GSF está programada para iniciar suas atividades logo após a conclusão do mandato da MSS, que termina nesta quinta-feira. No entanto, a mobilização dos 5.550 oficiais e a instalação do novo escritório de apoio da ONU demandarão um certo tempo. A definição dos países que contribuirão com tropas ainda não está clara. O Conselho de Segurança da ONU enfatizou que o financiamento da missão deverá vir predominantemente de contribuições voluntárias dos Estados-membros.
O quadro atual do Haiti exige uma resposta robusta, que vai além da simples segurança, e a GSF é um passo importante nessa direção. O que se espera é que a força efetiva não apenas proteja, mas também promova um caminho de recuperação e reconstrução para o povo haitiano.
