Julgamento do Núcleo 3 da Trama Golpista: Primeiro Dia de Audiências no STF
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) deu início ao julgamento dos envolvidos no Núcleo 3 da tentativa de golpe durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro. Essa primeira jornada de audiências trouxe à tona os argumentos da Procuradoria-Geral da República (PGR), que defende a condenação dos réus, enquanto os advogados de defesa, de seis dos dez acusados, negaram qualquer envolvimento na trama.
Resumo do Julgamento
A sessão foi suspensa ao redor das 18h50 e será retomada na manhã do dia 12 de outubro. Nesta nova fase, as defesas restantes serão ouvidas e os ministros do STF emitir seus votos, que podem resultar em condenações ou absolvições. Os réus são compostos por um grupo de dez pessoas, sendo nove delas militares do Exército e uma, um policial federal. Eles enfrentam acusações graves, que incluem:
- Organização criminosa armada
- Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito
- Golpe de Estado
- Dano qualificado por violência e grave ameaça
- Deterioração de patrimônio tombado
Esses acusados, conhecidos como “kids-pretos,” são parte de uma força especial do Exército, e são acusados pela PGR de orquestrarem planos com ações táticas voltadas não apenas para um golpe, mas também para a eliminação de figuras proeminentes, como o ministro Alexandre de Moraes, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Dinâmica na Tribunal e Táticas de Defesa
Durante as audiências, as defesas tiveram a oportunidade de apresentar seus argumentos. O advogado do coronel Márcio Nunes de Resende Júnior contestou a versão que coloca seu cliente como participante de uma reunião para pressionar o comando do Exército a apoiar o golpe. A PGR alega que tal reunião ocorreu em 28 de novembro de 2022, com a finalidade de redigir uma carta de pressão.
O advogado ressaltou que o encontro foi uma simples “confraternização” entre ex-colegas, realizada no salão de festas do edifício onde Resende morava, sem qualquer intenção golpista. No entanto, essa afirmação foi contestada pelo ministro Flávio Dino, que notou a falta de menção a uma das três mensagens do WhatsApp que supostamente confirmariam a participação do coronel em discussões sobre a incitação das Forças Armadas.
Mensagens Comprometedoras
O advogado questionou a relevância de uma das mensagens apresentadas, que continha um xingamento direcionado a Moraes, mas revelou que efetivamente esse conteúdo pertencia ao seu cliente. Apesar disso, ele insistiu que essa mensagem não está relacionada ao contexto da reunião.
Outros Acusados e Ligação com o Golpe
Além de Resende, a defesa do general da reserva Estevam Theóphilo pediu sua absolvição, argumentando que ele não estava envolvido nos eventos de 8 de janeiro de 2023 nem na trama para cooptar os “kids-pretos” para interromper a posse de Lula. O geral teve três encontros com Bolsonaro no final de 2022, discutindo a possibilidade da aplicação de operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) ou até mesmo a decretação de estado de sítio, conforme apurado pela Polícia Federal.
Muitos questionamentos surgem a partir dessas informações: quais foram as verdadeiras intenções e o nível de comprometimento dos acusados? Como a Justiça irá lidar com as complexidades e as implicações de tais encontros e comunicações?
Investigados e Conexões com o Golpe
Os acusados não são apenas figuras emblemáticas, mas representam uma rede complexa que pode ter ramificações mais profundas dentro das estruturas militares e de segurança do Brasil. A seguir, uma lista dos investigados:
- Bernardo Romão Correa Netto (Coronel)
- Estevam Theóphilo (General)
- Fabrício Moreira de Bastos (Coronel)
- Hélio Ferreira Lima (Tenente-Coronel)
- Márcio Nunes de Resende Júnior (Coronel)
- Rafael Martins de Oliveira (Tenente-Coronel)
- Rodrigo Bezerra de Azevedo (Tenente-Coronel)
- Ronald Ferreira de Araújo Júnior (Tenente-Coronel)
- Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros (Tenente-Coronel)
- Wladimir Matos Soares (Policial Federal)
O Que Virá a Seguir?
O STF já condenou 15 réus envolvidos na trama golpista, incluindo sete do Núcleo 4 e oito do Núcleo 1, que tem Jair Bolsonaro como um dos líderes. O julgamento do Núcleo 2 está agendado para começar no dia 9 de dezembro. Enquanto isso, o Núcleo 5 aguarda um julgamento que envolve Paulo Figueiredo, neto do ex-presidente da ditadura João Figueiredo, que reside nos Estados Unidos.
Este enredo denso e cheio de reviravoltas continua a se desenrolar. Os desdobramentos desse julgamento não apenas definirão o futuro dos acusados, mas também terão consequências profundas sobre a percepção pública em relação à segurança, à democracia e à integridade das instituições no Brasil.
Reflexões Finais
Os eventos do julgamento do Núcleo 3 nos fazem refletir sobre a fragilidade das estruturas democráticas e sobre o papel que indivíduos, independentemente de suas posições, desempenham em momentos de crise. Qual é a verdadeira função das Forças Armadas em um Estado democrático? Como garantir que a segurança não seja usada como desculpa para violar princípios fundamentais? Sejamos vigilantes e críticos, porque a história está sendo escrita neste momento. Você o que acha sobre o envolvimento de figuras militares na política? Compartilhe suas reflexões.
