O Regime Iraniano em Tempos de Crise: Desafios e Oportunidades

Nos últimos tempos, o regime iraniano se encontra em uma posição delicada, mais vulnerável internamente e exposto externamente do que em qualquer outro momento desde a Revolução Islâmica de 1979. O ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023 e a subsequente guerra de Israel contra os interesses iranianos mudaram o cenário. Antes desses eventos, os investimentos maciços do Irã em seu arsenal de mísseis, seu programa nuclear e a rede de grupos proxy na região limitaram severamente as opções estratégicas dos Estados Unidos no Oriente Médio. Analistas de política externa dos EUA estavam divididos sobre quais ferramentas seriam mais eficazes em dissuadir a agressão iraniana, mas havia um consenso de que, se pressionado demais, Teerã manteria opções de retaliação que poderiam escalar para uma guerra em larga escala.

O Impacto das Ações de Israel

As intervenções operacionais de Israel nos últimos meses abalaram as suposições existentes sobre o poder de Teerã. A morte de líderes-chave da chamada "eixo de resistência" e a remoção de dezenas de milhares de combatentes apoiados pelo Irã nos campos de batalha desmantelaram arsenais e degradaram a capacidade militar-industrial iraniana. A perda de Bashar al-Assad como aliado crucial e as falhas nas recentes tentativas de ataque do Irã a Israel somente reforçaram a vulnerabilidade do regime.

Israel conseguiu, até agora, realizar um grande número de operações bem-sucedidas, o que apresenta uma janela de oportunidade para desmantelar a rede de ameaças regionais do Irã e buscar uma região mais segura e estável. No entanto, a continuidade desse processo não pode ser deixada apenas nas mãos de Israel, que enfrenta limitações em termos de recursos e experiência em lidar com pós-conflitos. Para isso, os Estados Unidos devem assumir um papel de liderança.

A Necessidade de uma Abordagem Diplomática

Não basta que a abordagem dos EUA se restrinja a sanções e ações militares. Um novo contexto requer a combinação de medidas rigorosas com uma diplomacia criativa. Ainda há uma meta comum entre os Estados Unidos, Israel e muitos estados árabe: livre-se da influência do Irã no Oriente Médio. Para isso, Washington deve reunir esses governos e desenvolver um plano realista para a governança, segurança e reconstrução de Gaza. A articulação de investimentos de longo prazo em segurança regional é crucial, assim como a definição de uma estratégia clara que reforce a stabilização da área.

Elementos fundamentais em uma estratégia consolidada incluem:

• Diálogo com atores regionais: Reunir líderes e stakeholders para uma discussão construtiva sobre a governança em Gaza.
• Investimentos em segurança: Comprometer-se com um plano de segurança que aborde as necessidades locais e ofereça recursos para contrabalançar o poder de grupos criminosos que sustentam a influência iraniana.

Riscos de uma Estratégia Unilateral

As ações tomadas nos primeiros meses do segundo mandato de Trump, como o corte de recursos diplomáticos e assistência ao exterior, podem dificultar significativamente a capacidade de Washington de aproveitar essa oportunidade única. Um foco em ações militares isoladas não é o suficiente para tirar vantagem da fraqueza atual do Irã. Ao contrário, uma abordagem que combina pressão com soluções diplomáticas amplas terá mais chance de sucesso.

Além disso, é essencial que o governo dos EUA não deixe de lado a importância de parcerias internacionais. O sucesso em isolar o Irã depende do apoio de aliados, que devem estar em sintonia com as ações coordenadas a serem tomadas. Uma abordagem unilateral pode criar tensões e dificuldades para implementar ações que seriam mais eficazes em um contexto colaborativo.

Uma Nova Oportunidade na Síria e no Líbano

Com a saída de Assad, a Síria apresenta uma chance única para um novo caminho, longe da influência do Irã. O recém-empossado presidente do Líbano, Joseph Aoun, já lançou iniciativas para desarmar grupos armados fora do controle estatal. Entretanto, a nova liderança no Líbano necessita de suporte externo para fortalecer reformas e garantir uma transição segura. Uma ajuda substancial e aberta é crucial para que o governo libanês possa enfrentar não apenas o Hezbollah, mas também a crise econômica que aflige a população.

O Papel do Irã e seus Desafios

É importante não subestimar a resiliência do Irã. Apesar das perdas, Teerã está se reorganizando e tentando restaurar sua influência na região, especialmente em lugares como Iraque e Iémen. Os houthis, agora, atuam como um novo policial da influência iraniana. O cenário no Iémen e nas relações com a liderança iraquiana destaca a necessidade de uma ação coordenada para mitigar a influência do Irã.

Fatores a considerar:

• Monitoramento da atividade dos Houthis: A resistência deles em abandonar a governança em torno de Sanaa é uma preocupação. Assim, será essencial um suporte internacional que vise restaurar a influência no Iémen.
• Apoio ao governo iraquiano: Fortalecer a segurança e estabilidade no Iraque, incentivando práticas de governança que afastem a influência iraniana.

A Caminho da Estabilização

A estabilização na região após a depreciação da influência iraniana é tão crucial quanto as operações militares iniciais. As ações necessárias incluem a reestabelecimento da segurança básica, a entrega de serviços essenciais e a ajuda na reconstrução das sociedades afetadas por conflitos. Este processo deve ser uma combinação de esforços militares e diplomáticos, reunindo uma gama de especialistas e lideranças locais para promover uma verdadeira reconstrução.

Ações práticas para um futuro estável:

• Apoio humanitário: Fornecer assistência às comunidades afetadas, ajudando a reconstruir serviços essenciais e infraestrutura.
• Estabelecimento de novos contratos governamentais: Oferecer suporte acadêmico e técnico para que novos governos possam lidar com os desafios pós-conflito.

Rumo a um Novo Futuro

O momento atual no Oriente Médio é repleto de potencial. Se os Estados Unidos puderem alinhar suas políticas para construir um novo consenso regional e ajudar a fortalecer governanças locais mais transparentes e responsáveis, há uma abertura real para um futuro livre da dominância do Irã. No entanto, isso exige uma ação rápida e coordenada para garantir que os esforços de estabilização sejam eficazes e sustentáveis.

Como pode esse espaço de oportunidade ser aproveitado de forma eficaz? O que você considera essencial para promover a paz e a estabilidade na região? O futuro do Oriente Médio depende de decisões e ações que promovam uma liderança forte e preparada para beneficiar suas populações.