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Melhorar a educação nas escolas brasileiras é um desafio que pode ser superado
A busca por soluções efetivas para aprimorar a educação no Brasil é um desafio constante e necessário. Recentemente, tive a oportunidade de conhecer mais sobre a experiência educacional do Chile, um país que, apesar de ser nosso vizinho, apresenta um modelo educacional bastante distinto e bem-sucedido. O Chile se destaca como o país latino-americano com melhor desempenho no exame Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes), uma importante avaliação promovida pela OCDE, que mede habilidades em Ciências, Leitura e Matemática entre jovens de 15 anos, a partir da 7ª série do Ensino Fundamental.
Na edição mais recente, realizada em 2022, o Chile e o Uruguai ocupavam as primeiras colociações nas três áreas avaliadas, enquanto o Brasil, apesar de ser a maior economia da América Latina, ficou em posições insatisfatórias: quinto em Leitura, sétimo em Matemática e oitavo em Ciências. Esses resultados refletem a necessidade urgente de reavaliação de nossas políticas educacionais.
### Desempenho Educacional no Brasil: Uma Análise Crítica
Estudos realizados nas últimas décadas mostram que o Brasil tem se mantido estagnado em termos de qualidade educacional, com resultados preocupantes nas edições do Pisa. Em 2022, o Brasil posicionou-se em 65ª em Matemática, 57ª em Leitura e 64ª em Ciências. Números que não condizem com o potencial que nosso país possui.
– **Desvantagens do Brasil**:
– Estagnação do desempenho ao longo dos anos.
– Resultados que não refletem o tamanho e a riqueza da nossa economia.
Um dos principais fatores que contribuem para essa disparidade é a estrutura educacional do Brasil em comparação com o Chile. Enquanto o primeiro enfrenta desafios continentais em sua educação, o segundo já incorporou estratégias eficazes que poderiam ser consideradas por nós.
### O Que o Chile Faz de Diferente?
Uma comparação entre os sistemas educacionais dos dois países aponta para uma série de medidas que o Chile implementou com sucesso. Apesar de os investimentos em educação serem proporcionais ao PIB similares entre Brasil e Chile, o país vizinho emprega uma abordagem diferenciada que se concentra em:
– **Qualidade e Avaliação**:
– Controle rigoroso da qualidade educacional.
– Avaliações periódicas e feedback constante.
– **Gestão Descentralizada**:
– Autoridade local para escolas permite uma adaptação mais rápida e eficiente às necessidades específicas da comunidade educacional.
– **Atração e Formação de Professores**:
– Investimentos em formação continuada e programas que visam atrair os melhores profissionais para a educação.
Além disso, o Chile contou com a consultoria da própria OCDE para direcionar suas políticas educacionais, um esforço que oferece uma clara visão do compromisso do país com a melhoria da educação.
### Investimentos e Estruturas: Um Contraste
Outro ponto interessante é a discrepância nos investimentos por aluno. O Brasil gasta quatro vezes mais com a educação superior do que com a educação fundamental, enquanto no Chile essa proporção é mais equilibrada (1,5 vezes mais em educação superior). Essa realidade suscita uma pergunta crucial: como poderemos ter universitários de qualidade se a base da educação estiver fragilizada?
### Aprendizagens Chilenas: Modelos de Sucesso
As políticas públicas chilenas são voltadas para a melhoria contínua das condições de aprendizagem e implementam diversas práticas que têm mostrado resultados positivos, tais como:
– **Educação Focada no Mercado**:
– Currículos que alinham aprendizado às necessidades do trabalho, preparando os alunos para o futuro.
– **Vouchers Educacionais**:
– Programa que facilita o acesso de alunos de baixa renda a escolas particulares, elevando a qualidade do ensino.
– **Autonomia e Gestão Eficiente**:
– A gestão das escolas é descentralizada, com autonomia didática que permite aos educadores personalizar o ensino conforme as necessidades locais.
A Lei Geral da Educação no Chile mostra como uma estrutura regulatória bem implementada pode resultar em uma gestão mais eficiente dos recursos, promovendo melhorias significativas na performance escolar. O monitoramento contínuo de alunos e escolas, somado à transparência nas cobranças, é um destaque que poderia ser aplicado em nosso país.
### Um Olhar para o Futuro da Educação Brasileira
Acredito que o Brasil possui um potencial enorme para evoluir educacionalmente de maneira rápida, desde que haja um comprometimento sólido por parte dos gestores públicos em implementar mudanças significativas. Algumas propostas para esta reforma educacional incluem:
– **Educação Voltada para o Mercado**: Envolver empresas e profissionais do mercado no desenvolvimento curricular.
– **Descentralização da Gestão**: Favorecer uma autonomia maior para escolas adaptarem suas estratégias educacionais.
– **Programas de Vouchers**: Facilitar o acesso a instituições de ensino privadas para estudantes carentes.
Buscar referências internacionais não deve ser uma prerrogativa exclusiva do Ministério da Educação, mas sim um objetivo coletivo que envolva estados, municípios e a sociedade em geral. Todos nós que acreditamos na força da educação como caminho para um futuro melhor devemos nos unir em prol de uma formação de qualidade para nossas crianças e jovens.
Se a educação é a chave para um amanhã mais promissor, que tal começarmos a agir a partir de hoje? Sonhar com um sistema educacional que prepare nossos jovens para os desafios do futuro é um passo essencial para transformarmos esse sonho em realidade.
*Leticia Jacintho é presidente da associação De Olho no Material Escolar e produtora rural. Formada em Administração de Empresas, possui experiência no mercado financeiro e no agronegócio, integrando o Conselho Superior do Agronegócio da Federação das Indústrias de São Paulo (Cosag/Fiesp).
