A Revolução nas Relações Civis e Militares nos EUA: A Influência de Donald Trump
As relações civis e militares nos Estados Unidos passaram por uma transformação significativa sob a administração de Donald Trump. Desde sua posse em 2017, sua abordagem em relação aos militares gerou debates acalorados e preocupações sobre a politicização das forças armadas. Ao longo deste artigo, examinaremos como as escolhas de Trump e seus atos moldaram essa dinâmica delicada.
A Ascensão dos Generais: Um Jogo de Poder
O início do governo Trump foi marcado pela nomeação de um número incomum de generais para cargos civis. James Mattis, um ex-general da Marinha, tornou-se secretário de defesa, um papel tradicionalmente ocupado por civis. Este não foi apenas um movimento simbólico; foi uma mudança de paradigma. Além de Mattis, Trump também trouxe para sua equipe figuras como John Kelly e os conselheiros de segurança nacional Michael Flynn e H. R. McMaster. Essa incessante busca por generais a postos de destaque se assemelha mais a um regime militar do que a uma república constitucional.
- Por que isso é preocupante?
- O uso intenso de figuras militares em papéis civis pode prejudicar a tradicional separação entre as esferas civil e militar.
- O fato de Trump se referir a esses generais de forma possessiva, como “meus generais”, evoca preocupações sobre a subordinação militar à vontade presidencial.
Descontentamento e Despedidas
Não demorou muito para que a relação de Trump com seus generais se deteriorasse. Em questão de dois anos, a maioria foi substituída, muitas vezes de forma humilhante. A demissão de Mark Milley, o chefe do Estado-Maior que Trump escolheu, foi marcada por um discurso ameaçador sobre traição e deslealdade.
Essa dinâmica de desconfiança se intensificou quando Trump retornou ao cargo no início de 2025. Ele se via cercado por um grupo que acreditava ter frustrado suas visões unilateralistas e isolacionistas. A nova estratégia envolvia buscar oficiais de patentes mais baixas que mostrassem lealdade incondicional, como Pete Hegseth, um apresentador de notícias que nunca havia ocupado cargos de alta responsabilidade.
O Culto à Polarização
Sob Hegseth, novas diretrizes começaram a moldar a identidade militar, desviando-se dos princípios de neutralidade política. Uma das ações mais polêmicas foi a tentativa de rebatizar o Departamento de Defesa para “Departamento de Guerra”, ignorando as normas legais existentes. A promoção de um discurso contra o “woke” embutiu uma nova cultura no seio das forças armadas.
Algumas das iniciativas de Hegseth incluíram a:
- Restauração de nomes confederados a bases militares.
- Remoção de referências à diversidade e inclusão em vários materiais e eventos.
Essas ações não apenas deslegitimam a rica história de diversidade das forças armadas, mas também propõem um ambiente que pode desfigurar o moral e a eficácia do serviço militar.
A Retórica da Guerra Cultural
Trump e Hegseth foram conhecidos por usarem a bandeira militar como um veículo para suas retóricas políticas. Discursos que uma vez promoveram unidade foram substituídos por divisões. Durante uma celebração naval, Trump, com Hegseth ao seu lado, desmereceu adversários políticos, chamando-os de “moscas que pousam em nossos ombros”.
Como isso afeta o militar?
- Desvio de Foco: Os militares, que deveriam se concentrar em ameaças externas, são agora sugeridos como ferramentas de agenda política interna.
- Permissões Questionáveis: O uso do exército em operações relacionadas a crimes internos levanta bandeiras vermelhas sobre a legalidade e o papel constitucional das forças armadas.
Confiabilidade e a Riqueza de Talentos
A administração Trump optou por demitir oficiais seniores sem justificativas evidentes, sendo muitas dessas demissões associadas a questões de gênero e raça. Por exemplo, a dispensável saída de generais como C. Q. Brown e Lisa Franchetti levantou preocupações sobre se a diversidade estava sendo penalizada em favor da lealdade cega.
Consequências da Purga
Essa purga sistemática resultou em:
- Desconfiança: A falta de liderança confiável pode desencadear uma crise de confiança entre os membros militares.
- Desempenho Comprometido: A saída dos melhores talentos afeta a eficácia da força militar em desempenho de sua função primária.
A Manipulação das Forças Armadas
Trump começou a empregar o exército para operações no interior do país, introduzindo unidades em cidades que ele considerava “controladas por democratas”. Esses usos do exército para controlar distúrbios, mesmo em um contexto onde as taxas de crime estavam caindo, divergiam da tradição militar americana de não se envolver em política.
- Exemplos de implicações legais:
- A tentativa de federalizar as Guardas Nacionais enfrentou barreiras legais.
- O ex-presidente foi várias vezes desacreditado por juízes sobre as razões para suas implementações.
Uma Nova Era Politizada?
A utilização do exército no combate ao tráfico de drogas também gerou controvérsias. A recente destruição de embarcações supostamente envolvidas com cartéis levantou questões sobre a legalidade de tais ações. A falta de evidências apresentadas até o momento levanta questões cruciais sobre o comando e o controle militar.
Questões de Ética
- A linha entre ordem e ilegalidade: As operações militares, mesmo com a designação de cartel como organização terrorista, não conferem liberdade irrestrita para a execução de alvos.
- Possíveis consequências: O desrespeito pela lei pode abrir espaço para acusações de crimes de guerra.
O Futuro das Relações Civis e Militares
A ausência de resistência clara entre os oficiais militares levanta dúvidas se eles estão realmente comprometidos com a Constituição ou se foram neutralizados pelo clima político. O monumental dilema ético que confronta os militares sob o governo de Trump e Hegseth questiona a integridade da estrutura militar e sua capacidade de se manter apartidária.
Entretanto, uma reflexão deve ser feita: Como as forças armadas poderão preservar sua identidade e tradição em tempos tão conturbados?
- O que esperar do futuro?
- A possibilidade de uma contínua erosão da confiança da população nas forças armadas.
- A necessidade de um urgente retorno aos princípios que priorizam o apoio à Constituição e a defesa da democracia.
Conforme seguimos em tempos incertos, é vital que a discussão sobre a relação entre civis e militares esteja no centro da atenção pública. Compreender o cerne dessas dinâmicas pode ajudar a moldar o futuro da defesa dos valores democráticos. Que tipo de exército queremos para nossa nação? As ações de liderança militar e civil nos próximos anos nos trarão as respostas que tanto necessitamos.




