A Crise do Hezbollah: Desafios e Oportunidades para o Líbano
O Hezbollah está passando por um período desafiador. Depois de décadas como a principal força política e militar no Líbano, a organização se encontra em uma posição vulnerável. O ano de guerra contra Israel causou a perda significativa de sua infraestrutura militar e levou à eliminação de muitos de seus líderes. Em um movimento inesperado, a facção assinou um acordo de cessar-fogo em novembro e retirou suas tropas do sul do Líbano, sua área tradicional de influência. Com a queda do regime de Bashar al-Assad na Síria, as linhas de suprimento que conectavam o Hezbollah ao seu patrocinador mais importante, o Irã, foram interrompidas. Agora, o grupo também enfrenta o risco de perder o apoio dos xiitas libaneses, a base de sua estrutura de poder.
Uma Nova Era Para o Líbano?
Embora a situação do Hezbollah seja precária, a crise dele pode representar uma oportunidade única para os líderes libaneses. O novo presidente, Joseph Aoun, ex-comandante das Forças Armadas Libanesas, anunciou que as tropas do governo retornarão às cidades do sul e prometeu que o Hezbollah será desarmado, transformando-se em um partido político normal. O primeiro-ministro recém-eleito, Nawaf Salam, também fez promessas semelhantes, dizendo que a autoridade do estado libanês deve ser reestabelecida.
Essa colaboração entre Aoun e Salam pode sinalizar um renascimento para o Líbano e seus cidadãos que sofrem há tanto tempo. No entanto, a situação é complexa, e o Hezbollah ainda mantém uma considerável influência política e militar dentro do país.
O Fortalecimento do Hezbollah
Atualmente, o Hezbollah e seus aliados controlam 53 das 128 cadeiras no parlamento libanês, o que lhes confere um poder significativo nas decisões políticas. Se conseguirem ter o apoio do bloco Democrático liderado por Walid Jumblatt e do partido de Saad Hariri, poderão até formar uma maioria. Além disso, o grupo possui a capacidade de intimidar representantes que não obedecem suas ordens, o que faz com que qualquer tentativa de marginalização do Hezbollah seja uma tarefa delicada.
Aoun e Salam precisam agir rapidamente para capitalizar essa oportunidade. É crucial garantir que as instituições independentes do Líbano, e não o Hezbollah, liderem a reconstrução do sul do país. A autonomia do governo em relação ao Hezbollah é essencial para restaurar a confiança da população que se sente ameaçada pela sombra cada vez mais forte do grupo.
O Último Conflito e Seus Efeitos
O último conflito do Hezbollah com Israel começou em 7 de outubro de 2023, após um ataque da Hamas. Para apoiar seu aliado em Gaza, o Hezbollah começou a disparar foguetes, acreditando que as forças israelenses estariam focadas no território de Gaza e evitariam uma escalada no norte. No entanto, essa estratégia demonstrou-se falha quando Israel assassinou quadros importantes da liderança do Hezbollah, incluindo seu líder Hassan Nasrallah.
A morte de Nasrallah foi um golpe devastador. Ele havia liderado o Hezbollah por quatro décadas e era visto como um ícone no movimento. Sua saída expôs uma lacuna na liderança que a nova direção do grupo, comandada por Naim Qassem, ainda não conseguiu preencher.
O Impacto nas Forças e Recursos do Hezbollah
Além das perdas humanas, o Hezbollah sofreu danos materiais consideráveis. Israel afirma que o grupo perdeu 80% de seus mísseis de precisão. Essa desmobilização não apenas reduziu a capacidade de ataque do Hezbollah, mas também o deixou em uma posição vulnerável na política regionais e internacionais.
Com a queda do regime Assad, Hezbollah perdeu acesso a importantes rotas de contrabando e recursos financeiros que mantinham suas operações. Essa mudança diminui ainda mais sua capacidade de investir nas suas atividades, complicando seus planos de se reerguer como uma força regional influente.
O Poder de Decisão no Líbano
Apesar da perda de influência a nível regional, o Hezbollah ainda é forte dentro do Líbano. O grupo estará ativo nos próximos meses, buscando expandir sua influência interna através de representantes eleitos. Espera-se que pressione o parlamento a fazer nomeações simpáticas a seus interesses, incluindo a escolha do próximo comandante do exército, que será crucial para a implementação do cessar-fogo.
Além disso, o grupo deve continuar a tentar controlar as decisões econômicas do estado e manter a estrutura de sua economia paralela, que gera receitas essenciais para suas operações.
Intimidação e Resiliência
O Hezbollah ainda possui um arsenal considerável de armamentos e pode usar a intimidação como uma ferramenta para garantir que suas demandas sejam atendidas. Contudo, o cenário atual é mais complicado do que antes. As forças armadas libanesas estão mais fortalecidas e monitoradas pelos EUA, o que dificulta a atuação do Hezbollah.
As interações de comunidades xiitas com os cristãos e muçulmanos durante o último conflito também podem influenciar a necessidade do Hezbollah de moderar suas ações. Se o grupo continuar a ameaçar comunidades que se alinharam com eles, pode correr o risco de perder apoio crucial e, em última análise, seu poder.
O Caminho a Seguir
Para garantir a queda do Hezbollah, Aoun e Salam devem tomar medidas decisivas para privá-lo de recursos e evitar que o grupo se reestruture. O foco deve ser interromper a influência do Hezbollah na reconstrução do sul do Líbano.
Se logrado, isso permitiria que a população visse que o estado pode fornecer proteção e apoio social, em vez de depender da intervenção militar do Hezbollah. Várias etapas podem ser implementadas:
- Segregar Recursos: Garantir que toda a ajuda humanitária e recursos de reconstrução sejam canalizados pelo governo e não por entidades dominadas pelo Hezbollah.
- Impulsionar a Governança: O novo governo deve excluir aliados do Hezbollah de posições importantes, promovendo a prestação de contas na utilização de recursos e assegurando que a ajuda chegue onde realmente é necessária.
- Colaboração Internacional: A comunidade internacional, incluindo potências como os EUA e Arábia Saudita, deve intensificar a pressão sobre o governo libanês, assegurando que as exigências de controle sobre o Hezbollah sejam atendidas.
O Que Vem a Seguir?
O futuro do Hezbollah é incerto. As circunstâncias atuais oferecem uma oportunidade concreta para os líderes libaneses reverterem a maré e redefinirem o papel da organização em suas vidas. Se they conseguirão aproveitar essa chance e resistir à pressionar do Hezbollah, essa é uma questão que resta ser vista.
Para garantir que o Líbano se relembre cada vez mais como um país soberano, é crucial que os novos líderes se mantenham firmes em suas convicções e priorizem a reconstrução e o bem-estar de todos os libaneses.
E você, como vê a situação atual do Hezbollah e as perspectivas para o futuro do Líbano? Compartilhe sua opinião e vamos juntos refletir sobre esse tema tão complexo e fascinante.