quinta-feira, abril 24, 2025

O Último Líder Supremo do Irã: Fim de uma Era ou Novo Começo?


Rumores e Realidade: A Vida e o Futuro do Líder Supremo do Irã

Nos últimos anos, especulações sobre a saúde do líder supremo iraniano, Ali Khamenei, têm circulado amplamente entre observadores e analistas. Recentemente, a mudança na data de uma importante reunião da Assembléia de Especialistas, que foi antecipada de setembro para novembro de 2024, levantou alucinações sobre seu estado de saúde. Quando Khamenei passou um tempo discutindo como escolher seu sucessor durante essa reunião, surgiram ainda mais rumores de que sua partida poderia ser iminente. Assim, cada vez que Khamenei desaparece por um período prolongado, intensificam-se as especulações sobre sua possível morte.

A Verdade Por Trás dos Rumores

Atualmente, os boatos sobre a morte de Khamenei são bastante exagerados. Ele continua ativo em suas funções e seus comentários sobre a sucessão reafirmam as normas constitucionais do Irã. No entanto, do ponto de vista atuarial, é inegável que Khamenei está em seus últimos anos. Aos 85 anos, ele é um sobrevivente de câncer e, durante uma visita ao Santuário do Imam Reza em Mashhad, em 2022, mencionou aos acompanhantes que poderia ser sua última viagem. A expectativa é que a Assembléia de Especialistas tenha que escolher um novo líder supremo em um futuro próximo.

Quem Será o Próximo Líder?

Até o momento, Khamenei não apontou publicamente um herdeiro preferido para sua posição. Contudo, Mojtaba Khamenei, seu filho, surge como um forte candidato. Com 56 anos, Mojtaba já desempenha um papel político significativo, influenciando eleições e promovendo candidatos de sua preferência. Os apoios e referências a Mojtaba aumentam, com aliados de Khamenei enfatizando sua legitimidade como um distinto jurista e pensador islâmico. Simultaneamente, ele é apresentado como um modernizador capaz de combater a corrupção e revitalizar a economia estagnada do país.

O Que Esperar de Mojtaba Khamenei?

Se Mojtaba se tornar o próximo líder supremo, é esperado que ele ajuste certas políticas em Teerã. Por exemplo, ele poderia relaxar algumas restrições na internet, tentando acalmar a população insatisfeita. No entanto, crer que ele irá realmente transformar o Irã é uma visão otimista. O principal desafio do país não é apenas a má liderança, mas sim um sistema político que carece de bases democráticas. Os iranianos desejam não apenas melhorias econômicas, mas uma democracia plena, além do fim da discriminação e do domínio religioso. A realidade é que Mojtaba está tão comprometido com a ideologia da República Islâmica quanto seu pai. Portanto, sua ascensão ao poder pode gerar pressões significativas sobre Teerã, possivelmente resultando em protestos em massa.

O Papel das Sanções: Uma Questão de Justiça para o Povo Iraniano

Enquanto os EUA e seus aliados não podem incitar uma revolta direta, podem apoiar os iranianos descontentes ao relaxar as sanções que penalizam a população. Apesar de as restrições atuais privarem o regime de recursos financeiros, seu efeito colateral é o empobrecimento dos cidadãos comuns, dificultando sua capacidade de desafiá-lo.

Um Legado Teocrático em Questão

Curiosamente, a ascensão de Mojtaba Khamenei implica um paradoxo dentro da teocracia xiita do Irã. A filosofia tradicional xiita condena veementemente a hereditariedade no governo, enfatizando a necessidade de líderes serem selecionados com base em suas capacidades religiosas e não apenas no sobrenome. Ruhollah Khomeini, o fundador da República Islâmica, impediu que seu próprio filho o sucedesse por essa razão. O próprio Khamenei também havia expressado opiniões semelhantes no passado.

No entanto, surpreendentemente, hoje Khamenei parece ter mudado de opinião. Relativos a Mojtaba, estudiosos religiosos afirmam que ele é um jurista competente, enquanto clérigos já o estão rotulando como um aiatolá, embora essa classificação ainda não seja oficial. As transições nas narrativas sobre Mojtaba marcam uma tentativa de legitimar sua ascensão com base em suas qualidades religiosas e não apenas como o filho do líder supremo.

A Realidade das Qualificações de Mojtaba

Entretanto, existem dúvidas sobre sua preparação religiosa conforme estipulado pela Constituição iraniana, que exige do líder supremo a capacidade de expressar opiniões fundamentadas em diferentes esferas da jurisprudência islâmica. Mojtaba não parece atender a esses requisitos. Enquanto seu pai havia publicamente compartilhado trabalhos teológicos antes de se tornar o líder supremo, Mojtaba até agora carece de publicações significativas e não é conhecido por sua oratória.

Enquanto seus apoiadores alegam que suas deficiências acadêmicas não são uma preocupação, a ideia de que Mojtaba pode ser um líder progressista tem sido amplamente discutida. Alguns o compararam ao príncipe herdeiro saudita, Mohammed Bin Salman, que, embora não seja um liberal, introduziu algumas reformas econômicas. No entanto, tais comparações desconsideram o fato de que Mojtaba muitas vezes se alinhou com facções conservadoras durante sua trajetória política.

A Resistência à Mudança

Apesar do apoio que Mojtaba recebe, sua trajetória aponta para uma resistência contínua à mudança. Quando um presidente reformista, Mohammad Khatami, venceu as eleições em 1997, Mojtaba atuou para minar suas iniciativas de liberalização, fechando jornais reformistas e acentuando a repressão à dissidência. Em várias ocasiões, seu papel como um influente manipulador político foi evidente, especialmente durante o período das eleições presidenciais de 2005, quando ajudou a garantir a vitória de Mahmoud Ahmadinejad por meio de práticas questionáveis, como a manipulação de votos.

O Futuro Incerto do Sistema Político Iraniano

Embora Mojtaba tenha potencial para se tornar líder supremo, não há garantias de que sua ascensão seja inevitável. Khamenei, em sua trajetória, já mostrou disposição para descartar candidatos. O futuro do Irã, independente de quem suceder a Khamenei, permanece nebuloso. O país enfrenta um dilema político, com uma população educada e crítica em busca de liberdade, democracia e direitos humanos.

Nos últimos anos, assistimos a uma série de protestos em resposta à repressão estatal. De 1999 a 2022, a insatisfação popular culminou em manifestações massivas, dirigidas não apenas a Khamenei, mas ao regime como um todo. Em 2009, por exemplo, os iranianos protestaram contra Mojtaba após seu papel nas eleições, clamando por mudanças significativas na estrutura de poder.

Preparando o Cenário para a Mudança

É fundamental que o próximo líder supremo entenda que a pressão popular está crescendo. Com a democratização da informação e a disseminação de ideias progressistas, os iranianos estão se tornando mais ousados. Muitos prisioneiros políticos estão adquirindo smartphones e utilizando as redes sociais para se expressar, criando um espaço para o ativismo e a organização civil.

Se a próxima liderança mantiver a estrutura clerical, a sociedade iraniana exigirá reformas substanciais. Embora seja possível que o novo líder possa reprimir a agitação por meio de força e pequenas concessões, a tendência é que a população busque mudanças radicais, especialmente se sua situação econômica não melhorar.

Reflexão Final: O Papel do Ocidente e da Sociedade Civil

A responsabilidade do Ocidente irá muito além de apenas manter as sanções em vigor. Permitir que a população iraniana tenha acesso a mais recursos financeiros e oportunidades pode ser a chave para um futuro democrático no país. Ao centralizar poder e recursos apenas na elite, as sanções têm contribuído para a opressão da sociedade civil. Clientes de políticas externas precisam reconsiderar suas abordagens, se de fato desejam ver uma transformação no regime iraniano.

Em um cenário ideal, haveria conversações diretas entre o Irã e os Estados Unidos, levando a um acordo que beneficiasse ambas as partes. Tal acordo poderia não apenas frear o desenvolvimento do programa nuclear iraniano, mas também trazer benefícios à população iraniana, que anseia por democracia e igualdade. O futuro do Irã depende da capacidade de seu povo de se mobilizar e lutar por seus direitos, e o momento de agir é agora.

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