A Revolução da Automação na Indústria Chinesa: O Papel da Inteligência Artificial

A China está em meio a uma verdadeira transformação em suas fábricas, impulsionada por um exército de robôs industriais que operam com inteligência artificial (IA). Essa inovação está não apenas remodelando o setor industrial do país, mas também se firmando como uma poderosa arma na guerra comercial global. Vamos explorar como a automação está mudando a face da manufatura chinesa, os impactos econômicos e as novas dinâmicas no mercado de trabalho.

O Avanço Rápido da Automação

Nos últimos anos, as fábricas chinesas têm adotado a automação em um ritmo impressionante. De pequenas oficinas a grandes montadoras, o uso de robôs está se tornando uma norma. A presença de engenheiros e eletricistas é cada vez mais voltada para a gestão de equipes de robôs, equipando as linhas de produção com máquinas que reduzem significativamente os custos e aumentam a qualidade do que é produzido.

Vamos conferir alguns números e informações importantes sobre essa transformação:

• Aumento da Competitividade: Apesar das tarifas comerciais impostas por países como os Estados Unidos, as exportações chinesas continuam competitivas graças à inovação tecnológica.
• Liderança em Automação: A China é hoje uma das nações mais automatizadas do mundo, superando economias desenvolvidas como Alemanha, Japão e até mesmo os Estados Unidos.
• Robôs por Trabalhador: O país possui uma quantidade superior a 300 robôs industriais para cada 10 mil trabalhadores, com exceção de Coreia do Sul e Cingapura.

Legenda: Robôs e um trabalhador em uma fábrica da fabricante de carros elétricos Zeekr, em Ningbo, China, 31 de março de 2025. (Qilai Shen/The New York Times)

Essas estatísticas revelam o quanto a estratégia chinesa de automação foi bem-sucedida. Por trás desse movimento, estão investimentos massivos e diretrizes governamentais que visam transformar a robótica em um setor-chave da economia.

Da Grande Indústria às Pequenas Oficinas

A automação não é exclusiva das grandes indústrias. Nos bastidores, pequenas oficinas também estão fazendo a transição para a tecnologia avançada. Por exemplo, em Guangzhou, Elon Li, que comanda uma equipe de 11 pessoas, está prestes a adquirir um braço robótico que imita a soldagem humana com o uso de IA. O curioso é que há apenas quatro anos esse tipo de equipamento custava quase o dobro e era disponibilizado apenas por empresas estrangeiras.

Exemplos Inspiradores:

• Fábrica da Zeekr: Começou com 500 robôs e já conta com 820, transportando materiais e realizando etapas complexas da montagem de automóveis em ambientes conhecidos como “fábricas escuras”.
• Função dos Trabalhadores: Apesar da automação, trabalhadores ainda são necessários para tarefas que exigem atenção especial, como controle de qualidade e montagem de componentes delicados.

Legenda: Um robô separa porcas de roda antes de instalar rodas em carros elétricos em uma fábrica da Zeekr em Ningbo, China, em 31 de março de 2025. (Qilai Shen/The New York Times)

Esse tipo de automação está se expandindo rapidamente, e operações que antes dependiam inteiramente de humanos agora caminham para uma nova era, onde a IA desempenha um papel cada vez mais fundamental.

O Programa “Made in China 2025”

A estratégia de automação e inovação chinesa está inserida em um plano mais amplo conhecido como “Made in China 2025”. Desenvolvido há cerca de dez anos, o programa busca posicionar o país como líder global em 10 setores estratégicos, incluindo robótica. As diretrizes do governo vão além da simples aquisição de robôs; elas incluem obrigações de fabricação e relatórios sobre o uso de tecnologias avançadas.

Principais Iniciativas:

• Exigências Governamentais: Em 2023, foi solicitado que as montadoras apresentassem vídeos de robôs humanoides em funcionamento, mesmo realizando tarefas simples.
• Eventos Promocionais: Pequim organizou uma meia maratona envolvendo robôs humanoides, onde apenas seis completaram a prova, mas o evento ajudou a destacar os avanços tecnológicos em automação.

Legenda: Um robô humanoide corre durante uma meia maratona realizada pelo governo municipal de Pequim, em 19 de abril de 2025. (Andrea Verdelli/The New York Times)

Recentemente, o primeiro-ministro Li Qiang propôs um investimento significativo em robôs inteligentes e anunciou a criação de um fundo de capital de risco de US$ 137 bilhões voltado para tecnologias como robótica e inteligência artificial.

Uma Nova Geração de Profissionais

A demanda por profissionais qualificados na área de tecnologia e robótica está crescendo. Anualmente, as universidades chinesas formam cerca de 350 mil engenheiros e técnicos em áreas relacionadas. Isso é uma grande vantagem em comparação com a formação nos Estados Unidos, onde apenas cerca de 45 mil especialistas são graduados anualmente.

A escassez de mão de obra qualificada em algumas regiões de alto desenvolvimento, como os EUA, torna a formação e a especialização na China ainda mais atraentes para investidores.

Os Medos e Desafios dos Trabalhadores

Apesar dos avanços tecnológicos e da automação serem promissores, muitos trabalhadores chineses expressam preocupações. Geng Yuanjie, um operador de empilhadeira na fábrica da Zeekr, compartilha suas inquietações sobre a crescente presença de robôs. A sensação de isolamento e o medo de perder o emprego são sentimentos comuns entre os operários da indústria.

Desafios enfrentados pelos trabalhadores:

• Substituição de Empregos: A automação pode levar à eliminação de funções tradicionais, criando incerteza profissional.
• Escassez de Educação: Muitos trabalhadores temem não ter a formação necessária para se adaptar a novas funções criadas pela automação.
• Falta de Representatividade: A ausência de sindicatos independentes na China significa que a maioria dos trabalhadores não tem um canal efetivo para expressar suas preocupações.

Enquanto o governo continua a pressionar pela automação, a crescente crise demográfica — acentuada pela drástica queda no número de nascimentos — faz com que a necessidade de aumentar a produtividade se torne cada vez mais urgente.

Considerações Finais

O futuro da indústria na China está sendo redesenhado pela automação e pela inteligência artificial. As fábricas estão se modernizando, o emprego está mudando, e novas oportunidades estão surgindo, mas ao mesmo tempo, o panorama também gera incertezas e medos entre muitos trabalhadores.

Esse fenômeno global não é exclusivo da China; no entanto, as particularidades do contexto chinês — como a política de governos e a formação de talentos — moldam uma trajetória que merece ser observada de perto. Agora, mais do que nunca, é essencial refletir sobre como essas transformações impactarão a sociedade e a economia mundialmente.

Se você ficou interessado nesse tema, compartilhe suas opiniões e reflexões nos comentários. A discussão sobre automação e desenvolvimento tecnológico é inegavelmente relevante e deve continuar entre nós!