segunda-feira, junho 9, 2025

Os Vencedores e Perdedores da Agroindústria Americana com Trump: O Que Isso Significa para o Futuro?


Stephen Lovekin/Getty

Com Trump, um novo capítulo de desafios se aproxima para a agroindústria dos EUA.

Desafios da Agroindústria Americana com o Retorno de Trump

Os resultados da eleição presidencial nos Estados Unidos trazem à tona uma questão crucial: quem realmente sairá vencedor ou perdedor na arena da indústria de Alimentos e Bebidas (A&B)? Embora novas tarifas protecionistas estejam no horizonte, suas consequências podem moldar radicalmente a dinâmica de mercado. Desde os tomates do México até o alho da China, as relações comerciais poderão sofrer reviravoltas, trazendo tanto oportunidades quanto desafios.

A Ecolação do Mercado de A&B

As novas tarifas podem criar um cenário onde enormes produtores globais enfrentam custos adicionais, enquanto marcas estadunidenses e cervejas locais podem ganhar espaço por um impulso positivo. O suporte ao mercado interno pode, por sua vez, ser uma faca de dois gumes, beneficiando alguns e criando uma rede de repercussões para outros.

  • Impacto nas Tarifas: Desde preços até margens e participação de mercado, o balanço será profundamente afetado.
  • Inflacao e Preços: Uma nova onda inflacionária pode ser iminente, enquanto os produtos norte-americanos podem ser favorecidos.

Um Olhar Sobre as Tarifas

Em um cenário mais amplo, é importante ponderar sobre o atual estado das tarifas nos EUA. Para o ano fiscal encerrado em setembro de 2023, a expectativa era de arrecadar cerca de US$ 81,4 bilhões em tarifas e taxas. Isso representa apenas uma fração do total de impostos sobre a renda e a seguridade social, que ultrapassa a casa dos trilhões. Contudo, o impacto das tarifas pode ser mais abrangente e disruptivo, especialmente em um setor tão interconectado como o de A&B.

Baseando-se nas declarações de Donald Trump durante sua campanha, ele tem uma visão bastante otimista sobre o papel das tarifas. Para ele, “tarifas” são uma importante ferramenta de negociação. Ele se considera o “Homem das Tarifas”, enfatizando os benefícios que essas imposições podem trazer. Mas será que todos sairão ganhando?

A Diferença Entre Discurso e Realidade

É fundamental entender que, muitas vezes, o discurso e a prática são distintos. Durante seu primeiro mandato, Trump utilizou tarifas como uma arma de negociação e, em alguns casos, acabou retrocedendo em suas promessas. O acordo do NAFTA, por exemplo, passou por transformações que reduziram a pressão tarifária em certos produtos. Assim, é prudente desconfiar de que tudo se concretize exatamente como prometido.

Por outro lado, é inegável que Trump acredita na eficácia dessas tarifas como um instrumento de proteção econômica. Ao longo de seu governo anterior, ele já implementou tarifas agressivas para produtos da China, além de ameaçar mexer no comércio com o México. A possível introdução de tarifas elevadas para importações poderia alterar drasticamente a economia de vários setores.

Consequências Imediatas das Tarifas

Nos próximos meses, o que esperar da aplicação de tarifas? Um possível acúmulo de estoques e variação nos preços de mercado são algumas das reações imediatas. Em um setor já afetado por altos preços globais de alimentos, essa incerteza pode piorar as coisas, levando as empresas a buscar estratégias de mitigação.

Recentemente, o índice de preços de alimentos subiu consideravelmente. Em setembro, registrou-se um aumento de 5,5% em relação ao ano anterior, destacando uma crescente preocupação com a inflação no setor. Essa pressão poderá fazer com que os consumidores reajam mal, levando a uma diminuição na demanda e uma maior instabilidade nas cadeias de suprimento.

Impacto nos Países Parceiros

Quando se fala de tarifas, o jogo não afeta apenas os EUA. Os países que podem ser alvo tarifário, como China, União Europeia e Japão, certamente reagirão. O México, que depende fortemente das exportações para os Estados Unidos, também poderá sentir o impacto rapidamente, já que essa relação responde por uma parte significativa do seu PIB.

As Empresas e as Tarifas

Grandes multinacionais, como Pepsico e Unilever, que já têm operações no México, estarão expostas a tarifas consideráveis. Por exemplo, a Constellation Brands, famosa pela importação das cervejas Corona e Modelo, pode enfrentar custos adicionais significativos. Pequenas e médias empresas, muitas vezes menos capazes de absorver esses custos, podem ser ainda mais atingidas.

Os Efeitos nos Consumidores

Históricamente, quem acaba pagando o preço das tarifas é o consumidor final. Um aumento repentino nos preços pode fazer os produtos que amamos ficarem menos acessíveis. A administração de Trump já havia implementado tarifas que totalizavam cerca de US$ 80 bilhões em bens importados nos anos de 2018 e 2019, e muitas vezes, as tarifas se transformam em um “imposto invisível”, onde o consumidor não percebe de onde vem o aumento.

Do lado do mercado de trabalho, a escassez de mão de obra pode se agravar por conta das políticas de imigração. Embora se espere que as tarifas possam impulsionar a criação de empregos, análises indicam que não houve mudanças significativas nos índices de emprego durante o governo Trump, mesmo com as que foram implementadas.

As Tarifas como Ferramenta de Negociação

Estudos sugerem que tarifas retalhatórias poderiam impactar o PIB dos EUA em até um ponto percentual até 2026, aumentando a inflação em dois pontos percentuais. Assim, apesar de suas desvantagens, as tarifas frequentemente são vistas como um elemento de barganha nas negociações internacionais. Vale lembrar que, mesmo sob a gestão Biden, houve um aumento tarifário em produtos chineses no valor de US$ 18 bilhões em 2024.

Reflexões Finais sobre o Futuro da Indústria

Ao mesmo tempo que tarifas podem servir para proteger indústrias locais, elas podem reduzir a competitividade no mercado global e prejudicar as exportações. O equilíbrio entre proteger o que é nacional e manter a qualidade e preço competitivo é um verdadeiro desafio. A jornada à frente promete ser cheia de altos e baixos. Esteja preparado para navegar por essa montanha-russa que se forma no cenário da agroindústria americana.

*Louis Biscotti é colaborador da Forbes EUA e líder do grupo de Serviços de Alimentos e Bebidas da CBIZ, contribuindo frequentemente com artigos para renomados veículos de comunicação.

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