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Outubro: O Mês das Promissoras Floradas do Café Brasileiro e os Desafios do Pegamento

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Com a chegada de chuvas intensas em outubro, importantes regiões produtoras de café arábica e canéfora no Brasil apresentaram floradas promissoras. No entanto, para a safra de 2025, persiste a preocupação com o que acontecerá com os “chumbinhos” que ainda precisam se desenvolver em grãos após um período prolongado de seca. Essa é a perspectiva que trazem as principais cooperativas e especialistas do setor.

“A florada foi bastante concentrada e significativa”, afirmou Carlos Augusto Rodrigues de Melo, presidente da Cooxupé, a maior cooperativa de cafeicultores do país. Contudo, ele adverte: “Como os antigos diziam, flor não é café”. As temperaturas quentes durante o inverno e a seca acentuaram as fragilidades nas plantas, gerando incertezas sobre o pegamento das flores e a formação dos frutos.

O Que Esperar da Safra de 2025

Melo explica que as lavouras que estão em boas condições — com folhagem saudável e bem desenvolvida — têm potencial para uma boa produtividade, ao contrário das áreas que apresentam estresse hídrico significativo. Ele enfatiza que ainda é muito cedo para fazer previsões sobre a safra de 2025, já que a verdadeira avaliação da florada e sua viabilidade só poderá ser feita em dezembro. Para isso, a Cooxupé conta com uma equipe de mais de 150 técnicos que estão coletando dados preliminares.

A recente chuva acima da média histórica nas regiões da cooperativa, como em Monte Santo de Minas, onde foram registrados quase 300 milímetros, pode auxiliar na recuperação das plantas afetadas. Em Carmo do Rio Claro, esse índice foi ainda maior, alcançando 325 mm, um aumento de 134% em relação ao normal.

No entanto, segundo a consultora Judy Ganes, embora as chuvas sejam um alívio, elas não são suficientes para compensar o atraso inicial. “Essas precipitações são fundamentais para restaurar a umidade do solo e evitar o estresse no sistema radicular das árvores, mas os danos já causados são incomensuráveis”, ressaltou em um recente relatório sobre sua viagem pelo Brasil.

Em um quadro mais otimista, Melo observa que as áreas mais baixas, próximas à represa de Furnas, que sofreram mais com a seca, contrastam com as lavouras em locais mais altos, que geralmente apresentam condições climáticas mais frescas e saudáveis. “O que temos visto é que, embora tenha havido uma boa floração, o período seco trouxe desafios, já que as plantas enfrentaram temperaturas elevadas e desfolhamento acentuado”, disse o pesquisador da Fundação Procafé, José Braz Matiello.

Ele alerta que, devido à falta de “reservas” nas plantas prejudicadas, muitos frutos serão descartados para permitir que as árvores possam regenerar suas folhagens. Como consequência, a produtividade nas áreas mais afetadas pode cair entre 20% a 30% do que seria uma safra considerada normal.

Desafios das Lavouras e Expectativas de Produção

Adriano Rabelo, coordenador técnico da cooperativa Minasul, indicou que apenas as lavouras que foram podadas no ano passado e aquelas que apresentaram baixa produção em 2024 terão uma boa performance em 2025. Rabelo observou que, embora muitas podas tenham sido realizadas para enfrentar a seca, essas áreas também deverão enfrentar quedas na produção.

Quando questionado se espera que a safra de 2025 seja menor em relação a 2024, Rabelo admitiu que sim, embora ainda não possua um percentual definido para essa diminuição.

No Cerrado Mineiro, a prolongada seca e a falta de água de até 300 mm em diversas regiões resultarão em um “baixo índice de pegamento da florada”, assim avaliou o consultor técnico da cooperativa Expocacer, Fernando Couto de Araújo. Ele ainda mencionou que a presença de pragas e doenças tem agravado a situação, contribuindo para taxas altas de desfolha em lavouras que não contam com irrigação, prejudicando os botões florais. Isso implica que a safra do próximo ano terá um rendimento aquém do esperado.

A expectativa inicial era de uma safra alta em 2025, superando a colheita de 2024, mas Araújo alerta que a produção na região do Cerrado Mineiro não deve se distanciar muito da safra anterior.

Além disso, problemas climáticos ocorridos anteriormente, como geadas, causaram uma inversão no ciclo do arábica, que, em circunstâncias normais, apresentaria alta produtividade em 2025. Regiões diferentes de Minas Gerais e São Paulo estão experimentando oscilações de ciclos, algumas com expectativas de baixa produtividade.

A Situação do Café Canéfora

Enquanto isso, no Espírito Santo, principal produtor de café canéfora do Brasil, a situação é mais promissora. Produtores notaram duas floradas, sendo a segunda em outubro considerada “muito boa”, de acordo com Luiz Carlos Bastianello, presidente da Cooabriel, que também atua na Bahia. “Com a volta das chuvas, esperamos uma safra regular, contanto que as condições climáticas continuem favoráveis”, afirmou.

Bastianello, no entanto, expressou sua preocupação com a qualidade da colheita, devido à primeira florada ocorrida no final de julho, que pode complicar a maturação uniforme dos grãos. Ele sugere que ainda é cedo para avaliar o volume total, afirmando que “essa segunda florada pode se desenvolver de forma a se alinhar com a primeira”.

Esse panorama não só destaca os desafios enfrentados pelos produtores de café arábica, como também a resiliência e adaptabilidade do setor cafeeiro no Brasil. À medida que as cooperativas e os especialistas monitoram as condições e ajustam as expectativas, o olhar está voltado para um futuro que, embora incerto, ainda apresenta oportunidades aos produtores que se adaptam às mudanças climáticas.

Como você vê a trajetória do café brasileiro frente aos desafios climáticos? Fique à vontade para compartilhar suas opiniões e experiências nos comentários! A sua participação é muito importante para enriquecer essa discussão.

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