Ózempico e Wegovy: Entenda a Polêmica dos Preços e o Impacto na Saúde
Os medicamentos Ozempic e Wegovy, ambos desenvolvidos pela farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk, têm causado um verdadeiro alvoroço nas opções de tratamento para diabetes e obesidade. No entanto, a questão dos preços, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, levantou um intenso debate sobre acessibilidade e ética na indústria farmacêutica.
Preço e Acessibilidade: O Que a Pesquisa Revela?
No início de 2024, uma pesquisa realizada pela Organização Médicos Sem Fronteiras (MSF), publicada na Journal of the American Medical Association (Jama), trouxe à tona informações alarmantes sobre a política de preços da Novo Nordisk. A investigação revelou que a farmacêutica pode estar cobrando dimensões exorbitantes, com preços até 200 vezes maiores do que o necessário.
Medicamentos que contêm o hormônio GLP-1, como o Ozempic, estão sendo vendidos com um markup impressionante de quase 40.000% nos EUA e permanecem inacessíveis em muitos países de baixa e média renda. A pesquisa expõe um panorama preocupante, sugerindo que o medicamento poderia ser oferecido com lucro por apenas US$ 0,89 por mês, em oposição aos preços atuais de US$ 95 no Brasil, US$ 115 na África do Sul, US$ 230 na Letônia e US$ 353 nos Estados Unidos.
Além disso, o lucro líquido da Novo Nordisk cresceu 21% no terceiro trimestre de 2023, alcançando 27,3 bilhões de coroas (equivalente a US$ 3,93 bilhões). Dados compilados pela Bloomberg indicam que as receitas provenientes de Ozempic e Wegovy chegaram a quase US$ 50 bilhões até o segundo trimestre de 2024 e podem ultrapassar os US$ 65 bilhões até o final do ano. Curiosamente, esse montante é quase equivalente aos US$ 68 bilhões investidos pela empresa em pesquisa e desenvolvimento desde os anos 90.
Investimentos ou Lucros Altos? O Que Justifica os Preços?
A Novo Nordisk defende que os altos preços dos medicamentos são essenciais para financiar a pesquisa e o desenvolvimento de novas terapias. A companhia afirma ter desembolsado mais de US$ 10 bilhões ao longo de três décadas para criar essas medicações inovadoras. Contudo, existem questionamentos sobre a real necessidade de manter os preços tão elevados, visto que as vendas de Ozempic e Wegovy já ultrapassam o total investido pela empresa ao longo de décadas.
Adicionalmente, desde 2024, a Novo Nordisk investiu mais de US$ 30 bilhões para expandir sua capacidade de produção, respondendo ao crescente demandado desses medicamentos. Essa expansão reflete não apenas a popularidade dos tratamentos, mas também a necessidade urgente de atender a um número crescente de pacientes que dependem dessas medicações.
A Realidade do Brasil: Altos Custos e Esperanças Futuras
No cenário brasileiro, a situação não é diferente. Atualmente, os preços de Ozempic e Wegovy estão nas alturas. O Ozempic custa em média R$ 1.200, enquanto o Wegovy, indicado para tratar a obesidade, atinge valores que podem chegar a R$ 2.300. Mesmo com a expectativa da chegada do Mounjaro, da farmacêutica Eli Lilly, o preço máximo previsto pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) é alarmante: R$ 3.952,37.
“Os preços máximos ao consumidor para Ozempic, Wegovy e Rybelsus foram definidos pela CMED, mas os valores praticados nas farmácias podem variar significativamente”, afirmou Priscilla Mattar, vice-presidente da área médica da Novo Nordisk no Brasil. Essa variação traz insegurança aos pacientes que dependem desses medicamentos e que já enfrentam dificuldades financeiras.
Novas Perspectivas com as Quebras de Patente
A molécula semaglutida, presente nos medicamentos da Novo Nordisk, está protegida por patente desde 2006, com uma prorrogação concedida em 2019, válida até março de 2026 no Brasil. Contudo, a tecnologia SNAC, utilizada no Rybelsus, tem sua patente válida até 2031. É importante ressaltar que uma decisão do Supremo Tribunal Federal em 2021, que considerou inconstitucional a validade prorrogada de patentes por mais de 20 anos, pode impactar este cenário.
“Graças a essa decisão, o tempo real de aproveitamento da patente foi reduzido em cerca de três anos e meio, limitando-o a menos de sete anos, apesar da previsão inicial de 20 anos”, explicou Priscilla. Embora a Novo Nordisk tenha tentado prorrogar a patente até 2036, essa solicitação foi negada pelo Tribunal Regional Federal da 1ª região em 2023.
Tarissa Petry, endocrinologista do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, expressou otimismo sobre a emergência de novas medicações. “Com a quebra de patentes, certamente haverá um aumento no acesso aos tratamentos, mesmo no médio prazo. Essas medicações não apenas ajudam na perda de peso, mas também promovem melhorias metabólicas e reduzem o risco cardiovascular”, destacou Tarissa, ecoando a esperança de que a maior concorrência levará a uma redução significativa nos preços.
A quebra de patente pode facilitar a entrada de versões genéricas e seguras no mercado, o que, segundo o portal de notícias Neofeed, pode resultar em uma queda de até 35% nos preços, tornando os medicamentos mais acessíveis, com valores que poderiam variar até R$ 1.500.
Pensamentos Finais sobre a Situação Atual
A discussão em torno dos preços do Ozempic e Wegovy transcende a mera questão monetária. Trata-se de um assunto que afeta a saúde e a qualidade de vida de milhões de pessoas. À medida que as vendas desses medicamentos alcançam valores astronômicos, a necessidade de um debate mais profundo sobre acessibilidade e ética na saúde se torna ainda mais crucial.
É essencial que essas conversas sejam promovidas entre profissionais de saúde, entidades governamentais e a própria indústria farmacêutica, para que possamos buscar soluções que garantam que todos tenham acesso a tratamentos eficazes e essenciais para sua saúde.
Agora, gostaríamos de saber a sua opinião! O que você pensa sobre os preços dos medicamentos para diabetes e obesidade? Você acredita que a quebra de patentes pode realmente trazer um impacto positivo na acessibilidade? Deixe seus comentários abaixo e compartilhe suas ideias!