segunda-feira, dezembro 23, 2024

Palavra do Ano do Oxford: Revelando a Era Dominada pelas Telas


Brain Rot saúde mental

Imagens Getty

Uso do termo “brain rot” aumentou 230% entre 2023 e 2024

Entenda a “Podridão Cerebral”: O Efeito do Excesso de Tela em Nossas Vidas

Nesta semana, a Imprensa da Universidade de Oxford revelou sua palavra do ano: “podridão cerebral” (ou “brain rot”, em inglês). Esse termo, que ganhou destaque nas conversas digitais, sugere um estado de exaustão mental que aflige muitos de nós na era das tecnologias de tela. Passamos horas conectados a computadores e smartphones, buscando informação ou entretenimento, mas muitas vezes isso nos deixa mais cansados do que realizados.

O Que É “Brain Rot”?

O termo “brain rot” descreve um certo declínio nas capacidades mentais e intelectuais, resultado do consumo excessivo de conteúdos, especialmente virtuais. Essa ideia inicia uma discussão sobre como a nossa interação com as redes sociais e outros meios digitais não apenas ocupa nosso tempo, mas também prejudica nossa saúde mental.

As redes sociais se tornaram um espaço onde a expressão “brain rot” se popularizou, sendo usada para descrever a letargia mental resultante de atividades repetitivas e pouco estimulantes – como rolar infinitamente o feed do TikTok ou perder-se em vídeos sem contexto. Isso suscita um questionamento importante: até que ponto estamos alimentando nossas mentes com informações significativas?

A Escolha de Oxford: Um Termo que Reflete o Tempo Atual

O reconhecimento de “brain rot” como a palavra do ano foi resultado de uma votação pública, onde mais de 37 milhões de pessoas escolheram esse termo. A Oxford University Press, ao analisar dados linguísticos, destacou que a expressão ganhou uma nova dimensão em 2024, abordando preocupações sobre o impacto do consumo excessivo de conteúdo de baixa qualidade, particularmente nas redes sociais.

O uso do termo aumentou impressionantes 230% entre 2023 e 2024, evidenciando a crescente reflexão sobre como a overload informativa pode ser prejudicial. “Brain rot” também foi um dos finalistas da palavra do ano de 2024 do Dicionário.com, embora “demure” tenha sido a palavra eleita, impulsionada por um vídeo viral da influenciadora Jools Lebron.

Impactos Reais da “Podridão Cerebral”

Pesquisas mostram que plataformas como Instagram e TikTok estão associadas a problemas como ansiedade, depressão e baixa autoestima. Especialmente crianças e adolescentes, que frequentemente enfrentam comparações com as vidas editadas de seus pares, podem sofrer consequências sérias.

  • O Instituto Newport, focado em saúde mental, alerta para a “fadiga mental”, um fenômeno resultante da absorção contínua de uma quantidade excessiva de dados desconexos e estímulos visuais.
  • Essa saturação pode resultar em falta de motivação, dificuldade de concentração e queda na produtividade, especialmente entre os jovens.

A Fadiga de Tela no Ambiente de Trabalho

O trabalho remoto aumentou ainda mais nossa dependência das telas. E-mails constantes, videoconferências e notificações incessantes nos mantêm em um estado de cansaço permanente, promovendo uma experiência de hiperatividade mental, mas sem profundidade. Essa realidade se traduz em um ambiente de trabalho estressante, onde a desconexão se torna cada vez mais difícil.

Alguns dos sintomas associados à fadiga de tela incluem:

  • Exaustão física decorrente de longas horas de uso de dispositivos digitais;
  • Problemas de foco e motivação;
  • Aumento de erros e insegurança no trabalho;
  • Maior risco de turnover por insatisfação profissional.

As Raízes Históricas do “Brain Rot”

Embora o termo “brain rot” esteja associado exclusivamente à cultura digital contemporânea, suas origens remontam ao século XIX. Notadamente, Henry David Thoreau usou essa expressão em seu famoso livro “Walden”. Nele, Thoreau observava a tendência da sociedade em se contentar com ideias simplistas, em detrimento do pensamento crítico:

“Enquanto a Inglaterra tenta curar a podridão da batata, ninguém tenta curar a podridão do cérebro — que prevalece muito mais amplamente e fatalmente?”

Enquanto o autor usava o conceito para criticar a sociedade de sua época, o termo evoluiu para se tornar um reflexo bem-humorado, e muitas vezes autodepreciativo, da estagnação mental provocada pelo excesso de tecnologia.

Um Olhar Para o Futuro

A ascensão da “podridão cerebral” é um convite à reflexão sobre nossa relação com a tecnologia. Com o aumento das preocupações cognitivas e de saúde mental relacionadas ao uso excessivo das mídias sociais — especialmente a nova onda de inteligência artificial generativa — a discussão torna-se cada vez mais relevante.

Países ao redor do mundo e instituições educacionais estão implementando restrições ao uso de celulares como uma forma de limitar as distrações e os impactos negativos. No entanto, a mudança não deve parar por aí; é essencial que todos nós repensemos nossos hábitos tecnológicos e a forma como consumimos informações.

Portanto, fica a pergunta: como podemos encontrar um equilíbrio saudável no uso da tecnologia? Quais estratégias podemos adotar para proteger nossa saúde mental em meio a um mar de informações?

Refletir sobre o significado de “brain rot” é um passo importante para promover um diálogo significativo sobre saúde mental e tecnologia. Vamos juntos explorar possibilidades de ação e trazer de volta a qualidade e o cuidado em nosso consumo de conteúdo digital!

*Leslie Katz é colaboradora da Forbes US. Ela é uma jornalista com experiência em arte, ciência, saúde, religião e espiritualidade.

- Publicidade -spot_img

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

- Publicidade -spot_img
Mais Recentes

Após Alta da UTI, Prefeito Reeleito de BH Entra em Novo Desafio: O Que Vem a Seguir?

Recuperação de Noman: Desafios e Superações Internação e Saúde do Prefeito de Belo Horizonte Noman, o atual prefeito de Belo...
- Publicidade -spot_img

Quem leu, também se interessou

- Publicidade -spot_img