O Poder e a Fragilidade de Xi Jinping: Análise da Quarta Sessão Plenária do Partidos Comunistas da China

A recente Quarta Sessão Plenária deixou muitos observadores surpresos, principalmente pela manutenção de Xi Jinping em todas as suas funções oficiais. Mas como um líder que, aparentemente, enfrenta uma redução no controle das forças armadas conseguiu esse feito? Para esclarecer essa questão, a perspectiva de Cai Xia, um dissidente e ex-professor da Escola Central do Partido, se revela bastante esclarecedora.

O Passado Nobrado e a Luta Atual

Cai Xia, assim como Xi, é um “príncipe” — um termo utilizado para descrever descendentes de líderes influentes do Partido Comunista Chinês (PCCh). A informalidade desse termo não deve ocultar sua importância: trata-se de uma rede poderosa que desempenhou papéis cruciais na formação do comunismo na China. Nos dias que antecederam a plenária, uma agitação interna se manifestou, com a expulsão abrupta de nove generais de alto escalão das forças armadas, incluindo He Weidong e Miao Hua, figuras proeminentes na Comissão Militar Central (CMC).

Decisões Estratégicas em Jogo

Cai argumenta que essa ação foi uma medida preventiva de Zhang Youxia, um vice-presidente influente da CMC, direcionada para reduzir a influência de Xi. Durante a plenária, um protegido de Zhang, Zhang Shengmin, foi promovido, mas não alcançou um lugar no Politburo, a instância máxima de decisão do Partido. Essa situação é interpretada por Cai como um “equilíbrio de terror”, onde nenhum dos lados possui poder suficiente para eliminar o outro completamente, resultando em uma coexistência tensa.

Aqui surge a pergunta: por que Zhang Youxia não aproveitou sua vantagem e retirou Xi do poder? Cai sugere que Zhang está “anti-Xi, mas não anti-Partido”. Sua oposição se deve ao desejo de preservar sua vida e posição, sem riscos de desestabilizar o PCCh. Assim, suas manobras são limitadas por figuras mais velhas e respeitadas dentro do Partido.

Comparações Históricas: O Caso Hua Guofeng

Cai observa que a posição atual de Xi não é comparável à de Hua Guofeng, que, após a morte de Mao Zedong, foi forçado a renunciar em parte devido à sua adesão cega à política de Mao. Hua era um seguidor do princípio dos “Dois Quaisquer”, que irritou Deng Xiaoping, resultando em sua queda. Hoje, o cenário é diferente: não há uma liderança forte como a de Deng para conduzir a dinâmica de poder.

A atual geração de líderes mais velhos do Partido está hesitante. Eles temem que a força de Xi e a oposição a ele possam colidir e desestabilizar todo o Partido, levando a uma contenção que não favorece nenhum dos lados.

O Impasse entre Facções

Tanto Zhang Youxia quanto os veteranos do Partido estão claramente insatisfeitos com a gestão de Xi. Este governo é visto como uma ameaça, levando o PCCh à beira do colapso. Por outro lado, eles também hesitam em correr o risco de se opor abertamente a Xi, pois isso poderia causar danos irreparáveis ao Partido. A situação se tornou um impasse crucial.

Nas palavras de Cai, “os veteranos do Partido e Zhang Youxia só podem buscar estabilidade em meio à luta, fazendo pequenos ajustes enquanto mantêm o status quo”. Eles avançam com cautela, garantindo que não exista uma ruptura que poderia resultar em consequências desastrosas.

A Crise da Autocorreção do PCCh

Esse contexto gera uma reflexão importante: o PCCh parece ter perdido completamente a sua capacidade de se autocorrigir durante crises. Historicamente, o Partido enfrentou diversas crises, como a Revolução Cultural, mas sempre conseguiu se reerguer. Após a morte de Mao, líderes como Hu Yaobang e Zhao Ziyang ajudaram o Partido a passar por reformas significativas, restabelecendo a confiança no sistema.

Entretanto, a situação atual é mais crítica. Com mais de uma década sob a liderança de Xi, o Partido mergulhou em uma crise profunda. Ao contrário da recuperação após a Revolução Cultural, não existem mais figuras reformistas no controle. Os líderes moderados, como o falecido Li Keqiang e Wang Yang, foram afastados, e a ideologia de Xi dominou o espaço político.

O Futuro Abreviado do PCCh

O 20º Congresso do Partido, realizado em Outubro de 2022, viu Xi consolidar ainda mais seu poder, colocando funcionários que estão mais interessados em manter o poder do que em reforms políticas. A consequência é evidente: o PCCh está à mercê de uma crise sem um verdadeiro potencial de mudança.

Alguns membros do Partido podem desejar a reforma, mas sem influência suficiente, suas vozes se tornam impotentes. A falta de novos líderes que possam introduzir mudanças significativas deixa o PCCh em um ciclo que não parece ter fim.

Um Futuro Sombrio?

Diante deste cenário, a análise de Cai sugere que o PCCh provavelmente continuará preso em uma luta interna feroz, exacerbando suas já existentes crises. A prolongada batalha pelo poder pode levar o Partido a um colapso inevitável.

O Que Está por Vir?

É crucial, então, refletir sobre as questões que surgem a partir deste panorama: como os membros do Partido enfrentarão essas tensões? E qual o futuro da China sob tal regime? Com as lutas pelo poder cada vez mais intensas, é provável que a estrutura do Partido se torne insustentável.

O que os próximos passos significarão para o povo chinês e o comportamento do PCCh? Debater esses pontos pode ajudar a entender os desafios que o Partido enfrenta e as possíveis direções que pode tomar.

Em suma, o equilíbrio de poder é delicado, e as consequências de suas ações podem moldar o destino da nação. O governo de Xi se encontra em uma encruzilhada, uma situação que não é apenas um desafio para ele, mas também um reflexo da volatilidade que perpetua o PCCh em um estado de incerteza e fragilidade.

Agora, ao considerar o que vem pela frente, que lições podemos aprender com a atual situação do PCCh? Sua perspectiva sobre o futuro da China e do Partido é bem-vinda, e encorajamos você a compartilhar suas opiniões nos comentários.