domingo, dezembro 7, 2025

Pecuária de Corte Americana em Crise: O Impacto do Menor Rebanho em 74 Anos


A Crise da Pecuária Americana: Desafios e Oportunidades

Gado Angus no Nebraska
Gado angus no Nebraska: um dos estados com a maior concentração de confinamentos.

Na popular série “Yellowstone”, uma trama envolvente que conquistou milhões, a crise da pecuária americana é abordada de maneira intrigante. A história segue a família Dutton, proprietária de um dos maiores ranchos de Montana, que enfrenta a ameaça da especulação imobiliária. Um momento marcante surge quando a CEO Willa Hayes sugere que, independentemente do esforço do rancheiro John Dutton em proteger suas terras e o rebanho, a competitividade com o Brasil é um entrave quase insuperável.

A Realidade do Rebanho Americano

Este diálogo, embora ficcional, reflete uma realidade contundente: os desafios que a pecuária de corte nos EUA enfrenta. De acordo com o relatório “Cattle Inventory” do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), o rebanho bovino do país já é o menor em 74 anos, com apenas 87,2 milhões de animais em janeiro de 2024. Essa cifra marca uma redução de 2% em relação ao ano anterior e revela um padrão de queda contínua desde 1951.

O número mais alarmante envolve as matrizes de corte, que também diminuíram, caindo para 28,2 milhões, uma redução de 2,4%. A seca severa nos últimos anos intensificou a liquidação forçada de rebanhos, resultando em uma queda abrupta na produção de bezerros, com uma diminuição de 600 mil nascimentos em 2024.

Impacto das Importações

Com a queda na produção local, os Estados Unidos estão se tornando mais dependentes de importações. Em 2023, as importações de carne bovina aumentaram 11,9%, atingindo 1,89 milhão de toneladas. Isso sinaliza uma mudança estrutural significativa para um país que sempre se orgulhou da autossuficiência em carne bovina.

Os preços no mercado interno dispararam, com aumentos de mais de 15% no último ano, devido à limitação da oferta. Nesse cenário, a carne brasileira tem ganhado relevância, com exportações crescendo 500% em um ano, passando de 8 mil toneladas em abril de 2024 para 48 mil toneladas em abril de 2025, mesmo com tarifas aplicadas.

A Crise em Números: Concentração Geográfica

A crise não apenas afeta a produção, mas também acelera a consolidação do setor. Em 2024, o número de estabelecimentos de gado de corte caiu para 761.699, uma diminuição de 1%. Fazendas menores estão sendo absorvidas por operações maiores, que se mostram mais ágeis diante das adversidades climáticas e econômicas.

Atualmente, a produção é altamente concentrada em cinco estados: Nebraska (19,8%), Texas (18,9%), Kansas (17,5%), Iowa (9,0%) e Colorado (7,1%). Esses estados são responsáveis por cerca de 72% dos gados em engorda intensiva. É uma estrutura que cria vulnerabilidades significativas, especialmente quando eventos climáticos extremos ameaçam essas regiões.

O Paradoxo do Setor

Apesar dessa crise, a indústria frigorífica vivencia um contra-senso notável: enquanto o número de gado diminui, a receita está aumentando. Nos últimos cinco anos, a taxa de crescimento anual foi de 6,3%, proporcionando uma margem de lucro recorde para muitos produtores.

A demanda externa, principalmente por mercados asiáticos que trazem preços premium, também se mantém estável, o que contribui para a resiliência econômica do setor. Em 2024, aproximadamente 1,27 milhão de toneladas de carne foram exportadas, com uma significativa parcela destinada a Japão e Coreia do Sul.

Mudanças Imperativas no Setor

A evolução das tecnologias e adaptações no setor se tornaram essenciais. Muitos têm investido em cruzamentos entre gado de corte e de leite para compensar a queda na oferta tradicional. Também há um foco crescente em melhorias genéticas e na eficiência alimentar para maximizar a produtividade dos rebanhos que permanecem.

Entretanto, a recuperação completa do setor é um desafio e pode levar entre 8 e 12 anos, mesmo sob condições climáticas favoráveis. Especialistas alertam que as mudanças permanentes nas práticas agrícolas são necessárias para garantir a sobrevivência em um futuro incerto.

Um Olhar para o Futuro

Estamos em um momento crítico para a pecuária americana. As condições climáticas, a pressão competitiva internacional e as mudanças dentro da própria indústria exigem uma atenção cuidadosa. O que se observa é uma transformação na forma como o setor opera, onde a adaptabilidade e a inovação serão cruciais para a sobrevivência.

As políticas de apoio, a pesquisa e as adaptações tecnológicas têm o potencial de revitalizar a indústria e permitir que ela se reestruture. Se pensarmos criticamente sobre esses desafios, podemos encontrar caminhos para fortalecer a produção enquanto garantimos que os recursos naturais sejam utilizados de forma sustentável.

Em um mundo em constante mudança, especialmente diante das questões climáticas e econômicas, a conversa sobre o futuro do setor deve ser ampla e inclusiva, envolvendo todos os stakeholders da cadeia produtiva. E você, o que pensa sobre o futuro da pecuária americana frente a esses desafios? Compartilhe suas ideias e experiências!


A crise da pecuária é um tema que interessa a muitos, e suas implicações vão além das fronteiras dos EUA. O que podemos aprender com essa situação? Como podemos contribuir para um futuro mais sustentável e inovador na produção de carne?

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