

Tradução e adaptação do artigo publicado pelo Epoch Times nos EUA.
À medida que se aproxima o 36º aniversário do Massacre da Praça da Paz Celestial, o regime comunista da China intensifica suas ações repressivas contra qualquer manifestação de dissidência.
O trágico evento, ocorrido em 4 de junho de 1989, marcou uma resposta violenta das tropas chinesas contra um movimento estudantil que clamava por democracia, resultando em milhares de mortes e feridos. Até hoje, as autoridades se mostram extremamente sensíveis a qualquer lembrança do massacre.
Wang, um residente de Pequim e amigo próximo de um dissidente conhecido, relatou ao Epoch Times que figuras importantes estão sob rigorosa vigilância da polícia de segurança do Estado.
Segundo Wang, que preferiu não revelar seu nome completo por medo de represálias, no dia 30 de maio, o jornalista dissidente Gao Yu foi levado pela segurança para uma alegada “viagem”.
Outros dissidentes notáveis, como os advogados Mo Shaoping e Pu Zhiqiang, além do escritor Lao Gui, também foram colocados sob prisão domiciliar, conforme informou Wang.
“Essas restrições devem se manter até após o dia 4 de junho”, enfatizou Wang, dando um alerta sobre a situação.
Vozes Dissidentes e suas ‘Viagens’
A expressão “viagem forçada” é uma tática comum empregada pelas autoridades chinesas em momentos politicamente delicados, como o aniversário do Massacre da Praça da Paz Celestial e outros eventos críticos. Sob a justificativa de turismo, a polícia remove ativistas de suas casas, isolando-os de contatos externos e da mídia.
Gao Yu já foi submetida a essas “viagens forçadas” diversas vezes nos últimos anos, sendo um exemplo emblemático da repressão contínua.
“Muitos dissidentes têm sido monitorados pela polícia local ou por seguranças, e isso se intensificou desde o início do mês”, observou Wang ao mencionar perseguições diretas a figuras como o ativista Hu Jia.
Hu, amplamente reconhecido por seu ativismo em prol da democracia e da proteção ambiental, enfrenta constante vigilância, onde até mesmo ações cotidianas, como ir ao supermercado, requerem a presença de policiais.

“As forças de segurança ainda são incansáveis em sua busca para silenciar vozes dissidentes, mesmo após tantas décadas de um dos capítulos mais sombrios da história moderna da China”, disse Wang.
Li Wei, um ativista dos direitos humanos em Pequim, chefiava um Grupo chamado Movimento dos Novos Cidadãos, que defende a justiça social. Ele compartilhou um vídeo nas redes sociais que mostrava diversos veículos policiais em frente à sua casa, refletindo o clima de opressão enfrentado por dissidentes neste período.
Riscos à Saúde e Direitos Humanos
As constantes detenções e os severos controles têm prejuízos diretos na saúde física e mental dos dissidentes, especialmente entre os mais velhos. “Gao Yu já tem uma saúde delicada, e passar por essa pressão repetidamente é uma forma de tortura”, contou Wang.
Com 81 anos, Gao foi uma editora respeitada e tem um histórico de relatar questões políticas de maneira corajosa. Sua luta pela liberdade de imprensa lhe rendeu reconhecimento internacional, mas também campanhas de repressão por parte do governo.

Na província de Guizhou, um cristão com medo de reações, chamado Huang, relatou que diversos membros do Seminário de Direitos Humanos da região foram colocados sob vigilância constante. Policiais estão posicionados nas portas de pelo menos quatro dissidentes. Além disso, visitas de autoridades têm ocorrido para advertir contra qualquer diálogo com a mídia estrangeira.
“É contraditório, pois o Estado enfrenta dificuldades financeiras e ainda assim gasta recursos públicos para silenciar a dissidência”, afirmou Huang.
Em outro relato, o dissidente Ji Feng recebeu instruções da segurança do Estado para se preparar para uma “viagem”, cujo destino permanece incerto, embora se saiba que isso normalmente envolve uma proteção ainda mais rigorosa e monitoramento as próximas semanas.
Censura e Controle Online
A censura não se limita apenas aos dissidentes em campo, mas também se expande para o ambiente digital. Usuários relatam que contas nas redes sociais têm sido suspensas por compartilhar imagens de homenagem às vítimas do Massacre de Tiananmen. Isso demonstra uma política de intolerância total à menção do trágico evento, mesmo três décadas depois.
O analista político Sun Li destacou que o Massacre da Praça Tiananmen continua sendo uma ferida aberta na psique coletiva da China. “A cada ano, o controle se torna mais rígido nessa época. Isso revela uma ansiedade profunda sobre a legitimidade do regime e sua capacidade de manter a estabilidade social”, comentou Sun.
O massacre ocorreu em resposta a meses de protestos pacíficos que exigiam reformas contra a corrupção e por direitos democráticos. Embora o regime nunca tenha divulgado números oficiais, documentos desclassificados pelos EUA estimam que cerca de 10.454 pessoas foram mortas, além de aproximadamente 40 mil feridos durante a repressão.
Shen Yue contribuiu para essa reportagem.
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