SLC Agrícola Investe em Terras: Uma Estratégia Promissora?
Na última sexta-feira, dia 14, a SLC Agrícola (código de ação: SLCE3) fez um anúncio que chamou a atenção do mercado: firmou um contrato com a Agrícola Xingu para a compra de cerca de 40 mil hectares na Bahia, por R$ 723 milhões, além de aproximadamente 8 mil hectares em Minas Gerais, com um valor agregado de R$ 190 milhões. No total, esse investimento alcança a cifra expressiva de R$ 913 milhões, que equivale a R$ 32,9 e R$ 36,2 por hectare arável, respectivamente. No entanto, após a divulgação da notícia, o desempenho da ação da companhia foi negativo, com uma queda de 3,76%, fechando a R$ 17,92.
O Contexto da Aquisição
A SLC Agrícola já possui operações nas fazendas adquiridas, mas essa transição de um modelo de arrendamento para a aquisição de terras próprias marca uma mudança significativa na estratégia da empresa. O Itaú BBA não espera que essa transição resulte em um grande aumento na área plantada ou na contribuição do Ebitda da empresa. E por que isso acontece? O fato é que mudanças estruturais desse porte costumam levar tempo para mostrar resultados concretos.
Nessa perspectiva, o Itaú BBA considera esse movimento positivo para a estratégia de longo prazo da SLC, enfatizando a valorização das terras como um dos pilares que sustentam a tese de investimento do grupo. Contudo, experts alertam que esses tipos de aquisições podem trazer reações negativas no curto prazo, já que a real criação de valor pode levar tempo para se refletir nos números financeiros.
Análises da Situação
O Bradesco BBI também comentou sobre a aquisição, destacando que os valores pagos pela SLC estão abaixo do mercado. Com a infraestrutura das fazendas incluída, os valores de R$ 32,9 mil e R$ 36,2 mil por hectare se mostram 43% e 37% inferiores à média do portfólio da SLC. Portanto, esses preços atraentes podem abrir portas para investimentos adicionais, especialmente em irrigação, e ampliar a produção de safras secundárias.
Além disso, os especialistas apontam que mesmo com os preços em conta, as aquisições de terras são investimentos a longo prazo. A SLC, ao optar por não se desfazer de suas fazendas e já operar a maioria das áreas do Xingu, terá um benefício imediato em forma de redução de despesas com arrendamento.
Redução de Custos e Retorno sobre Investimento
Assumindo um custo médio de arrendamento em torno de 13 sacas de soja por hectare para essas fazendas, e considerando o preço da soja em cerca de R$ 120 por saca, a diminuição nas despesas de arrendamento pode chegar a R$ 42 milhões por ano. Isso representa um retorno significativo sobre o investimento total de R$ 913 milhões a longo prazo, mesmo que os preços da soja se recuperem e as áreas de safras secundárias aumentem nos próximos anos.
O Bradesco BBI manteve a recomendação de "market perform", equivalente à avaliação neutra, com um preço-alvo estipulado em R$ 22.
Visão da Genial Investimentos
Por outro lado, a Genial Investimentos ressalta que esse pagamento representa 11% do valor de mercado da SLC e resulta em um aumento de 6,5% na área total do portfólio de terras, favorecendo a ampliação de terras próprias, que vai contra a tese de "asset light".
Para a Genial, a expansão na Bahia é especialmente notável, já que se trata de uma região estratégica para a produção de algodão. Contudo, a corretora expressa incertezas sobre se o timing da concretização dessa aquisição foi o mais adequado, uma vez que os aumentos nos lucros podem não ser palpáveis no primeiro semestre de 2025.
Ainda assim, a Genial manteve sua recomendação de compra e um preço-alvo de R$ 22.
A Perspectiva do BTG
O BTG Pactual deu sua análise sobre a aquisição, afirmando que os novos hectares não resultarão em uma expansão significativa da área plantada, visto que apenas 500 hectares não eram controlados pela empresa anteriormente. Eles observam que, após a compra da Sierentz, que adicionou mais 100 mil hectares ao portfólio de terras arrendadas, a SLC agora possui 67% da área total sob seu controle.
Os analistas do BTG enxergam isso como uma oportunidade para a SLC ajustar sua proporção de terras próprias no portfólio, justo em um momento em que os preços das terras e das commodities estão estagnados. Essa visão sugere que a companhia está bem posicionada para aproveitar as futuras valorizações.
Considerações Finais
Com a aquisição de terras na Bahia e em Minas Gerais, a SLC Agrícola está claramente buscando uma nova estratégia que, à primeira vista, pode não parecer revolucionária, mas tem potencial de modificar sua atuação no mercado a longo prazo. A transição de um modelo de arrendamento para a propriedade total pode proporcionar não apenas menores custos operacionais, mas também a possibilidade de novas investidas em tecnologias e infraestrutura agrícola.
Embora a reação inicial do mercado tenha sido negativa, é pertinente considerar que as aquisições de terra são um jogo a longo prazo. A questão que fica para os investidores é:
Você acredita que essa estratégia da SLC trará os resultados esperados no futuro próximo?
Essas movimentações na SLC são um convite para continuarmos a observar as tendências do mercado agrícola e as estratégias de investimento que podem transformar o setor nos próximos anos. Se você está tão intrigado quanto nós, não hesite em compartilhar suas ideias e perspectivas nos comentários!