A Nova Era do Quad: Desafios e Oportunidades no Oceano Índico
Recentemente, em Nova Délhi, um evento raro ocorreu: o almirante Samuel Paparo, comandante do Comando Indo-Pacífico dos EUA, encontrou-se com líderes militares de outros três países membros do Quad — Austrália, Índia e Japão. Embora essa aliança informe um propósito claro de defesa, a reunião de líderes militares é algo que não ocorre frequentemente. O mesmo pode ser dito das reuniões de ministros das Relações Exteriores do grupo, que, em janeiro, demonstraram um enfoque firme na segurança.
O Quad e a Segurança no Oceano Índico
Desde sua formação, o Quad tem lidado com questões de segurança que vão além dos conflitos tradicionais, como desastres naturais e práticas de pesca ilegal. Contudo, a integração de operações militares convencionais entre os países ainda é um desafio. Com o crescimento da influência da China, muitos acreditam que essa dinâmica deve mudar, já que a segurança na região tornou-se uma prioridade.
Embora o Oceano Índico seja vasto e crucial, frequentemente é visto como uma área secundária pelos estrategistas americanos, que focam seus esforços nos desafios mais imediatos do Pacífico Ocidental, onde a China e a Coreia do Norte representam uma ameaça significativa. No entanto, a importância do Oceano Índico não pode ser desconsiderada:
- Conexões Econômicas: As rotas marítimas que atravessam o norte do oceano são vitais para as economias da Ásia, Europa e Oriente Médio.
- Recursos Naturais: O oceano abriga ricos recursos pesqueiros e minerais essenciais para a segurança alimentar e as cadeias de suprimentos globais.
A Ameaça Crescente da China
O equilíbrio de poder no Oceano Índico está se transformando de maneira que coloca em risco os interesses dos EUA e dos seus aliados do Quad. A China, em sua busca por uma presença militar mais robusta, está:
- Expandindo sua Influência: Comprando suporte de elites políticas locais e investindo na construção de infraestrutura, como ferrovias e portos.
- Desenvolvendo seu Poder Naval: A construção acelerada de navios navais de longo alcance e um aumento nas atividades de inteligência na região são exemplos claros dessa estratégia.
Se os EUA e seus aliados não agirem para conter as ambições chinesas, poderão se ver cada vez mais vulneráveis à pressão de Pequim. Em uma década, uma crescente presença naval chinesa poderá estabelecer controle sobre rotas marítimas globais, explorando ainda mais os recursos da região e expandindo sua influência além dos limites atuais.
Rumo a uma Estratégia Abrangente
O governo dos EUA precisa reconhecer que a expansão militar da China no Oceano Índico não é apenas uma preocupação pontual, mas sim uma ameaça a longo prazo aos interesses americanos e regionais. As capacidades submarinas da China superam rapidamente as da Índia e de outros países, minando a segurança regional. Embora a Marinha Indiana mantenha presença ativa no oceano, seus investimentos em novas capacidades estão aquém dos necessários para contrabalançar a crescente presença chinesa.
Nesse contexto, Washington deve tratar a cooperação militar com seus aliados do Quad com mais seriedade. Nos últimos tempos, as nações do grupo têm se unido em várias iniciativas, incluindo a distribuição de vacinas contra a COVID-19, o serviço de assistência em casos de desastres naturais e a colaboração em telecomunicações. No entanto, essa colaboração ainda peca pela falta de ações mais contundentes na área militar.
Atualmente, a Índia se posiciona como uma “fornecedora de segurança líquida”, mantendo a estabilidade regional através de esforços humanitários e apoio à segurança de outros estados menores. Em 2023, por exemplo, a Índia contribuiu para operações conjuntas no combate à pirataria no noroeste do Oceano Índico. Apesar de significativas, essas contribuições ainda são insuficientes diante do desafio posed pela China.
Fortalecendo os Fundamentos do Poder Militar
Para desenvolver uma nova estratégia eficaz no Oceano Índico, os EUA devem focar em construir um poder militar coletivo que priorize:
- Inteligência e Operações: Melhorar a conscientização situacional e a comunicação adequada entre os aliados é fundamental.
- Prontidão e Modernização: Investir em novos equipamentos e tecnologias, além de coordenar esforços de manutenção e atualização de forças militares.
A história mostra que iniciativas de cooperação que promovam a prontidão e o compartilhamento de inteligência são essenciais para garantir a segurança na região. Um exemplo é o Centro Combinado de Operações Aéreas, criado pelos EUA no Catar, que poderia servir como modelo para a coordenação de operações no Oceano Índico.
A Importância da Colaboração Regional
Para que qualquer estratégia dos EUA seja eficaz, é crucial contar com a colaboração de aliados e parceiros regionais. A Índia desempenha um papel central no Oceano Índico, e sua posição geopolítica pode ajudar a articular uma resposta mais robusta às ameaças da China. Da mesma forma, a Austrália é uma potência crucial que monitora áreas estratégicas do oceano.
Cada membro do Quad tem suas próprias capacidades e interesses, o que enriquece a colaboração. Contudo, a sintonia entre eles e os EUA é fundamental para criar uma postura militar que seja tanto assertiva quanto soberana. Isso inclui trabalhar em conjunto para fortalecer as bases do poder militar de cada país na região.
Reflexões Finais
A questão da segurança no Oceano Índico não pode ser subestimada diante da crescente assertividade da China. As estratégias atuais precisam ser revistas e adaptadas, não apenas para mitigar riscos, mas também para construir um futuro mais seguro e cooperativo na região. Enquanto os EUA concentram esforços na competição de segurança no Pacífico Ocidental, a colaboração com aliados no Índico deve ser prioritária. Uma ação coordenada pode não apenas proteger os interesses regionais, mas também oferecer uma alternativa robusta à hegemonia chinesa.
O Quad foi criado para enfrentar essas dinâmicas em constante mudança. Os membros agora precisam se comprometer com ações decisivas para fortalecer a segurança regional, combatendo a pressão e a agressão em diversas formas, sempre com um olhar atento ao futuro. Como você vê o papel dos países do Quad diante desse cenário? Estamos prontos para enfrentar esse desafio juntos? Compartilhe suas opiniões e reflexões!