segunda-feira, junho 9, 2025

Por que a Liderança Americana é uma Oportunidade Imperdível para o Sul Global


O Futuro da Ordem Internacional: A Nova Era do Pós-Trump

A possível volta de Donald Trump ao poder foi encarada por muitos observadores como o ocaso de uma era. A ordem internacional liderada pelos Estados Unidos, conhecida por ser baseada em regras ou liberal, que surgiu após a Segunda Guerra Mundial e se expandiu após o fim da Guerra Fria, perdeu sua força. O Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, chegou a definir essa ordem como "obsoleta" durante suas audiências de confirmação em janeiro. Nesse cenário de transição, uma nova e preocupante realidade se instala, onde o interesse nacional prevalece nas relações internacionais, as transações se tornam predominantes e a força é o que define o certo ou o errado.

A Percepção do Sul Global

Para muitos países em desenvolvimento, o que se reúne sob a bandeira do Sul Global não é motivo para lamento. Muitas vezes, esses países apontam que a ordem liberal internacional nunca foi verdadeiramente inclusiva ou justa. Governos de potências médias, como Brasil e Índia, frequentemente reclamam que as instituições globais favorecem as nações ricas, ignorando as necessidades e interesses dos demais.

O termo "Sul Global" abrange uma vasta gama de nações, em sua maioria ex-colônias, localizadas na África, Ásia, Oriente Médio e América Latina. Essa categoria é diversificada e controversa. Algumas análises adicionam a China nesse contexto, pois o país é um membro do G-77, um agrupamento de nações em desenvolvimento nas Nações Unidas. Contudo, a inclusão da China gera confusão, pois, sendo a principal economia manufatureira do mundo, não se enquadra na definição tradicional de um país em desenvolvimento.

O que une esses países é um descontentamento compartilhado com a ordem internacional vigente.

Demandas por Mudanças na Ordem Internacional

Entre as várias mudanças desejadas, muitos países do Sul Global buscam reformar instituições multilaterais como o Conselho de Segurança da ONU, o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional, visando torná-las mais representativas. No entanto, essa busca encontra obstáculos significativos e não parece gerar resultados concretos em um futuro próximo. Uma proposta que alguns desses países têm levantado é buscar alternativas ao dólar como a moeda de reserva e instrumento comercial. Além disso, muitos estão, consciente ou inconscientemente, alinhados com as posições da China em questões controversas como meio ambiente, direitos humanos e governança democrática. Essa postura tem o potencial de fortalecer a ascensão de Pequim e acelerar a queda da influência dos EUA.

Riscos de uma Aliança com a China

Essa orientação pode parecer um caminho promissor, mas carece de uma análise mais profunda. Apoiar o fortalecimento da China em detrimento da ordem liderada pelos EUA pode resultar em consequências nefastas. Um mundo regido apenas pela lei da selva, sem o respeito por regras e normas estabelecidas, seria particularmente prejudicial para as nações mais vulneráveis.

O Efeito da Retirada dos EUA

É evidente que os Estados Unidos estão se afastando da ordem que ajudaram a criar após a Segunda Guerra Mundial, algo que deve se intensificar sob a administração Trump. A ONU continua sendo a instituição emblemática dessa ordem e um espaço crucial para o Sul Global. No entanto, as decisões recentes de Trump, como a nomeação de Elise Stefanik como embaixadora da ONU, indicam uma intenção de confronto com a instituição.

Desde antes da reeleição de Trump, os EUA já estavam reduzindo sua participação em organismos internacionais. O país se retirou da Organização Mundial da Saúde e deixou de cumprir com suas obrigações junto à UNESCO. Além disso, a relutância em reconhecer a jurisdição da Corte Internacional de Justiça e a saída do Acordo de Paris demonstram um padrão.

A Necessidade de Mais Envolvimento dos EUA

A verdade é que a comunidade global não precisa de menos envolvimento dos EUA, mas, sim, de um compromisso maior. A ordem internacional, mesmo com suas falhas, tem regras que garantem um certo equilíbrio. Um mundo organizado em torno de leis claras, respeitadas por todos, especialmente pelos mais poderosos, favorece as nações em desenvolvimento. O sistema de leis internacionais foi projetado para oferecer proteção a essas nações em diversas áreas, como comércio e direitos humanos. Ignorar o que foi construído pode levar a um desmoronamento que beneficiaria apenas os que já possuem mais poder.

Um Convite à Reflexão e à Ação

O desafio que se apresenta é significativo, mas não insuperável. Apesar de reformas no Conselho de Segurança da ONU e no FMI, a ratificação de tratados internacionais pela maioria dos países, incluindo os EUA, deve ser perseguida. A história mostra que os EUA assinaram e se retiraram de cerca de 50 tratados importantes. A tarefa não é fácil, especialmente com a política atual, em que a ratificação de tratados exige um apoio de dois terços no Senado. No entanto, isso não deve desanimar as nações do Sul Global.

É fundamental mobilizar esforços para persuadir os EUA a reevaluar seu papel na ordem internacional. Embora muitos países critique a hipocrisia americana, poucos tomam iniciativas para promover a adesão a acordos que poderiam beneficiar a todos. Aqui surge a prática do lobby, onde nações como Brasil, Índia, México, Nigéria e África do Sul poderiam atuar para convencer legisladores americanos da importância de reforçar a ordem internacional baseada em regras.

Construindo um Futuro com Leis e Tratados

Um Sul Global mais coeso e com uma agenda universalista pode gerar uma contribuição significativa para um mundo mais justo e regulamentado. Os países líderes dessa região, por sua força crescente, poderiam ajudar a formar uma ordem que respeite mais as leis internacionais. A regulamentação e a proteção de tratados são essenciais para garantir que as desigualdades, internas e externas, possam ser mitigadas.

A chegada de Donald Trump à presidência novamente traz uma atmosfera tensa, mas é um convite à ação. O Sul Global deve se unir para reivindicar um mundo onde as leis governem e onde a cooperação internacional seja mais valiosa que a rivalidade. Com paciência e determinação, é possível reverter a maré e garantir um futuro onde as normas internacionais sejam respeitadas, beneficiando todas as nações, especialmente as mais vulneráveis.

Você acredita que a influência dos EUA ainda pode ser uma força positiva no cenário global ou o mundo deve se ajustar a uma nova realidade? Deixe suas opiniões nos comentários e compartilhe suas reflexões!

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