A Revolução Silenciosa do Azerbaijão: Mudanças e Desafios Recentes
Nos últimos anos, poucos países passaram por uma transformação tão drástica quanto o Azerbaijão. Em 2020, esse pequeno país, rico em petróleo e gás natural, estava mergulhado em um conflito de décadas com a Armênia e lutava para retomar o controle total de seu território. A região de Nagorno-Karabakh, onde a população é predominantemente armênia, estava sob a administração de uma autoridade autodeclarada, apoiada pela Armênia. A situação de impasse diplomático tornou o Azerbaijão dependente da Rússia, que atuava como mediadora na região, mantendo a Armênia sob suas garantias de segurança.
O Antes e o Agora: Uma Nova Era para o Azerbaijão
Hoje, as circunstâncias mudaram radicalmente. Após vitórias militares em 2020 e 2023, o Azerbaijão reintegrou Nagorno-Karabakh e outros distritos ocupados pela Armênia desde os anos 90, ganhando uma posição de força. Enquanto a Rússia se distrai com a guerra na Ucrânia, o Azerbaijão emergiu como um fornecedor global de energia, especialmente para a Europa, elevando sua importância no cenário geopolítico. Além disso, o país tem fortalecido laços com a Turquia e Israel, ampliado sua presença diplomática e econômica na Ásia Central e firmado ambições no Oriente Médio.
Contudo, essa transformação traz à tona um dilema crucial: o Azerbaijão está pronto para aproveitar as oportunidades de paz com a Armênia? Recentemente, foi anunciado que as duas nações haviam finalizado um acordo de paz aguardado há muito tempo. Se formalizado, o tratado poderá selar de vez o que antes era um conflito intratável.
O Desafio da Paz: Uma Decisão Crucial
O governo azerbaijano, embora em uma posição privilegiada, busca mais concessões da Armênia. Essa espera pode ser arriscada; a economia, embora tenha se beneficiado do petróleo e gás, é frágil e depende de preços voláteis. Um leve declínio nos preços pode desestabilizar as finanças do Estado, exacerbando a desigualdade social e a insatisfação pública.
Ilham Aliyev, presidente do Azerbaijão há mais de 20 anos, intensificou o controle político e reprimiu a dissidência. O crescimento econômico e a narrativa de força nacional têm sido usados para manter o povo satisfeito, mas esse controle pode estar se tornando insustentável.
O Papel da Rússia: Uma Retirada Estratégica
A relação entre Azerbaijão e Armênia é toda marcada por intensos conflitos. A vitória do Azerbaijão em 2020, que restabeleceu parte do controle do país, foi ofuscada pela intervenção da Rússia, que imediatamente enviou pacificadores para a região. No entanto, com o foco de Moscou deslocado para a Ucrânia, a presença militar russa se tornou impotente, permitindo que o Azerbaijão avançasse sem resistência.
A redireção dos interesses russos influenciou a dinâmica regional, levando o Azerbaijão a expandir sua influência. Não apenas se aproximou de Turquia e Israel, como também começou a atuar de forma mais autônoma em relação a Moscou.
A Influência do Irã: Um Fator a Ser Considerado
Apesar do crescimento do Azerbaijão, os laços com o Irã têm se deteriorado. A conquista militar pelo Azerbaijão e sua aproximação com os rivais do Irã, como a Turquia, alarmaram Teerã. O ataque ao consulado azerbaijano em Teerã em 2023 foi um indicativo dessa tensão crescente. Se a paz entre Azerbaijão e Armênia for alcançada, isso pode ainda mais desestabilizar a influência do Irã na região.
Além disso, a preocupação do Irã com seu próprio povo azeri – uma minoria significativa – poderá se intensificar. Um Azerbaijão forte poderia inspirar movimentos separatistas no interior do Irã.
Desafios Internos: Um Futuro Incerto
Embora o Azerbaijão tenha desfrutado de um aumento de legitimidade popular após suas vitórias, os problemas internos persistem. A repressão a jornalistas e ativistas tem se intensificado e o governo continua a narrar a Armênia como uma ameaça, mesmo diante da recente paz.
O crescimento econômico, fortemente dependente das receitas de petróleo e gás, é um risco em um contexto de transição global em direção a energias renováveis. No entanto, os riscos econômicos estão se acumulando e a falta de reformas políticas e sociais poderia levar o país a uma crise interna.
A Oportunidade de Um Novo Caminho
A guerra na Ucrânia abriu uma janela de oportunidades para o Azerbaijão, tornando-o um parceiro energético importante para a Europa. O corredor de gás que conecta o Azerbaijão à Europa solidifica esse papel, mas limitações de infraestrutura e a hesitação de países europeus em expandir a capacidade de importação dificultam a exploração total dessa oportunidade.
O Azerbaijão pode se beneficiar de investimentos ocidentais e de uma nova ordem comercial na região. Se a paz com a Armênia for alcançada, as perspectivas de desenvolvimento econômico e integração regional podem se expandir.
Um Apelo pela Paz: O Caminho a Seguir
Armenia e Azerbaijão têm agora a chance de construir um futuro mais pacífico e próspero. Um acordo de paz não só traria estabilidade imediata, mas também criaria um ambiente propício para o investimento e desenvolvimento. O Primeiro-Ministro Armênio, Nikol Pashinyan, apoia a ideia de reforma constitucional como um passo fundamental no processo de paz, mas enfrenta resistência interna.
O envolvimento prático da União Europeia pode suavizar o caminho, oferecendo garantias financeiras e técnicas para apoiar a implementação de acordos. A Turquia, disposta a facilitar um entendimento, pode ajudar a reconfigurar a dinâmica do poder na região.
Reflexões Finais
O Azerbaijão vive um momento de grande transformação e desafios. Embora a ascendência no cenário internacional traga novas oportunidades, a falta de uma estrutura política estável pode comprometer seu futuro. A paz com a Armênia é um caminho vital que não pode ser adiado. O momento exige sabedoria, ultragem e a construção de uma base de confiança entre os povos da região.
A história do Azerbaijão está longe de um desfecho claro, mas sua capacidade de se reinventar pode ser a chave para moldar um futuro melhor para a região e seus povos. Como você vê os próximos passos do Azerbaijão? É hora de agir e construir um novo capítulo na história do Cáucaso.