Bradesco: Lucro Surpreende, Mas Ações Caem. Entenda o Que Está Acontecendo
O Bradesco (BBDC4) apresentou resultados financeiros que foram, à primeira vista, animadores, porém, as ações da instituição não reagiram como esperado. Na última sexta-feira (7), após a divulgação do balanço, os papéis desvalorizaram 3,93%, encerrando o dia a R$ 11,99. Vamos entender melhor o que está por trás desse cenário.
Resultados que Impressionam, Mas Não Encantam
O banco revelou um lucro líquido recorrente de R$ 5,4 bilhões no quarto trimestre de 2024, um crescimento de 3% na comparação com o trimestre anterior e de 88% em relação ao mesmo período do ano passado. Esse desempenho superou as expectativas do Goldman Sachs, que projetava um lucro inferior em 4%, bem como o consenso da Bloomberg, que ficou 2% abaixo da realidade.
No entanto, o mercado estava atento não apenas ao resultado, mas também ao panorama geral da recuperação do Bradesco. Apesar dos números animadores, muitos investidores decidiram realizar lucros após uma valorização de 3,7% nas duas sessões anteriores, levando à queda acentuada das ações na data.
“O Bradesco continua avançando em sua reestruturação sob a nova gestão, liderada por Marcelo Noronha. O banco adotou uma postura cautelosa, priorizando um crescimento sustentável, embora num ritmo mais modesto,” destacou a equipe de análise da XP em seu relatório.
Análise dos Números e Indicadores
O Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE) do Bradesco mostrou uma leve melhora, alcançando 13,4%, comparado a 12,9% no terceiro trimestre de 2024 e 7,2% no quarto trimestre de 2023. Essa progressão é um sinal de que a lucratividade da instituição está em um ciclo de recuperação.
Destaques do Resultado
- Receita Líquida de Juros (NII): O banco reportou um aumento sequencial em sua NII, indicando um desempenho mais robusto na geração de receita.
- Melhoria na Qualidade dos Ativos: A qualidade dos ativos apresentou um avanço significativo, principalmente no portfólio voltado para Pequenas e Médias Empresas (PMEs), onde a originação de empréstimos garantidos teve um crescimento no quarto trimestre.
Rubens Cittadin, da Manchester Investimentos, enfatizou que os resultados ficaram "ligeramente acima" do que o mercado esperava. A mudança na estrutura do banco também parece estar alinhada com os planos da nova direção. Cittadin destacou ainda a expansão da carteira de crédito voltada para grandes empresas, que cresceu cerca de 17% ao ano, com baixa inadimplência.
O Desafio da Recuperação
Felipe Moura, da Finacap, observou que a recuperação da instituição está sendo gradual, ressaltando que um ROE de 14% parece mais realista agora, embora haja um longo caminho a percorrer para retornar aos níveis anteriores, quando o banco frequentemente superava a marca de 20%.
Desafios Econômicos
O BTG Pactual manifestou que a transformação do Bradesco sería uma tarefa árdua, especialmente em um ambiente econômico em deterioração, onde as taxas de juros estão instáveis. “O Bradesco precisa ser cauteloso, pois tem pouco espaço para erros nesse cenário de lucro pressionado e condições competitivas desafiadoras,” comentou a equipe de análise da casa.
Expectativas e Orientações Futuras
O Bradesco divulgou orientações que projetam um crescimento da carteira de crédito entre 4% e 8% para este ano, abaixo dos 11,9% registrados em 2024. O Goldman Sachs validou essa orientação, afirmando que as expectativas estão em linha com as de concorrentes como Itaú e Santander.
Projeções de Crescimento
- Carteira de Empréstimos: Crescimento projetado de 6% para 2025, que se alinha com a expectativa do mercado.
- Evolução do ROE: A estimativa é de um ROE cauteloso de 13% e um lucro líquido de R$ 22,2 bilhões, representando um crescimento de 14% ano a ano.
Essas previsões foram vistas como moderadas, embora se destacassem como uma melhoria em relação à situação anterior.
Conclusão e ReflexÃO
Os resultados do Bradesco trouxeram uma mistura de otimismo e preocupação. O crescimento do lucro e os indicadores em nível crescente são bons sinais, mas a cautela em relação ao futuro e as condições macroeconômicas instáveis tornam a situação desafiadora.
Ainda que a trajetória do banco pareça promissora, muitos investidores permanecem atentos, buscando sinais de uma recuperação sólida que possa levar as ações à valorização. O foco agora deve estar na execução do plano de reestruturação e na adaptação às novas realidades econômicas.
Você, leitor, o que acha do cenário do Bradesco? Acredita que a recuperação está a caminho ou ainda será uma jornada longa? Deixe suas opiniões e vamos debater!