O Impacto das Guerras Comerciais: A Visão dos EUA e os Desafios com a China

Em 2018, em um famoso tuíte, Donald Trump afirmou: "Quando um país (EUA) está perdendo bilhões de dólares em comércio com praticamente todos os países com os quais faz negócios, guerras comerciais são boas e fáceis de vencer." Recentemente, essa retórica voltou à tona, especialmente após a imposição de tarifas de mais de 100% sobre as importações chinesas, dando início a uma nova e perigosa guerra comercial. Mas será que realmente a lógica do governo Trump está correta? Vamos explorar essa questão.

A Lógica da Escalada

O governo americano acredita que possui o que os teóricos de jogos chamam de "domínio de escalada" sobre a China e outras nações com as quais mantém um déficit comercial. De acordo com um relatório da Rand Corporation, isso significa que um lado pode intensificar um conflito de maneiras que prejudicariam o adversário, enquanto este não pode reagir da mesma maneira. Se essa visão estivesse correta, países como a China e o Canadá estariam em desvantagem.

Entretanto, essa visão pode estar mais equivocada do que se pensa. A verdade é que a China detém uma posição de domínio nesta guerra comercial. Os Estados Unidos dependem de bens essenciais que vêm da China, muitos dos quais não podem ser rapidamente substituídos, e lutar contra isso sem uma estratégia de longo prazo é um caminho perigoso que pode levar a uma derrota financeira significativa.

O Preço da Guerra Comercial

Um ponto crucial que o governo dos EUA parece ignorar é que, em uma guerra comercial, ambos os lados saem perdendo. Quando tarifas são impostas, tanto os consumidores quanto as empresas enfrentam preços mais altos e o acesso restrito a produtos e serviços necessários. Essa dinâmica pode ser comparada a uma guerra real: ambas as partes precisam acreditar que podem retaliar de forma eficaz, caso contrário, o lado que se sente em desvantagem acaba se rendendo.

A Analogía do Poker

A comparação feita pelo secretário do Tesouro, Scott Bessent, entre guerra comercial e poker também merece uma análise. Diferente do poker, que é um jogo de soma zero—onde a vitória de um implica na perda do outro—o comércio é mais complexo, com potencial para benefícios mútuos. Em muitas situações, se um lado prospera, o outro também pode prosperar.

O governo Trump parece acreditar que as importações são um sinal de fraqueza. No entanto, essa perspectiva ignora o fato de que o comércio é uma força vital que permite o aumento da renda e do poder de compra de uma nação. A atual abordagem pode resultar na perda de dinheiro e na diminuição do bem-estar econômico.

O Desnível Comercial e suas Consequências

Quando analisamos os números, a situação se torna ainda mais preocupante. Em 2024, os EUA exportaram aproximadamente 199,2 bilhões de dólares em bens e serviços para a China, enquanto as importações totalizaram 462,5 bilhões de dólares, resultando em um déficit comercial de 263,3 bilhões. Isso indica que a vantagem na guerra comercial não está com o país que tem um déficit, mas com o que possui um superávit. 

Em resumo, países com superávit, como a China, podem suportar melhor a perda de vendas, enquanto os EUA, com seu déficit, enfrentam dificuldades em suprir a demanda interna por produtos essenciais. Essas dificuldades podem incluir escassez de insumos críticos, afetando desde a indústria farmacêutica até a produção de tecnologia.

Os Riscos da Dependência

Uma das maiores vulnerabilidades da economia americana reside em sua dependência de fornecedores chineses. A interrupção deste comércio, como sugerido pelo governo, poderia causar um impacto profundo na economia, resultando em estagflação—um cenário econômico desastroso em que a inflação e o desemprego aumentam simultaneamente.

O Efeito em Cadeia das Tarifas

Os efeitos das tarifas e das tensões comerciais vão além das estatísticas. A falta de acesso a materiais e produtos baratos pode levar ao aumento dos preços para os consumidores e à desaceleração do investimento nas empresas. Isso ocorre porque as tarifas elevam os custos de produção, levando a cortes de empregos e a uma economia em desaceleração, um ciclo perigoso que só tende a piorar.

Preparação e Prevenção

Diante desse cenário, é evidente que a abordagem atual pode ser vista como uma estratégia de curto prazo que ignora as complexidades de uma economia globalizada. Antes de cortar laços comerciais, seria mais prudente garantir que haja alternativas locais ou fornecedores diversificados. Essa estratégia ajudararia a proteger a economia americana e a garantir sua resiliência em tempos de crise.

O Perigo de um Conflito Prolongado

Fazer comparações entre a atual trajetória econômica dos EUA e a Guerra do Vietnã pode parecer drástico, mas a analogia serve para ilustrar o risco de se entrar em um atoleiro. Uma guerra comercial de grande escala poderia resultar em um desencanto generalizado, tanto dentro quanto fora do país, em relação à estabilidade e confiabilidade dos EUA.

O Caminho a Seguir

Em vez de se concentrar apenas nas consequências financeiras imediatas, é imprescindível que o governo americano considere um plano abrangente e sustentável para melhorar sua posição no comércio global. Isso envolve tanto proteger os interesses domésticos quanto construir relações mais sólidas com os parceiros internacionais.

Seu Papel na Mudança

À medida que estas discussões se desenrolam, é importante que você, leitor, também se envolva. O comércio global é um tema que afeta a todos nós. Como você acha que as guerras comerciais estão impactando a sua vida cotidiana? Sinta-se à vontade para compartilhar suas opiniões e experiências sobre o assunto, e contribua para um debate vital que pode moldar o futuro econômico de nosso país.

O futuro do comércio e das relações internacionais é incerto, mas uma coisa é clara: compreender as nuances e os desafios subjacentes às guerras comerciais pode ser a chave para garantir um crescimento econômico saudável e sustentável. Convidamos você a refletir sobre sua importância e a considerar como todos nós podemos contribuir para um mundo mais cooperativo e próspero.