O impacto da seca histórica no Sudeste do Brasil: desafios à produção de café
Paulo Whitaker/Reuters
A safra de café de 2025/26 no Brasil está projetada para alcançar 62,45 milhões de sacas, o que representa uma queda de 5% em relação à temporada anterior, segundo estimativas da consultoria Safras & Mercado. Essa redução acentua os impactos da seca histórica que afetou o Sudeste, especialmente São Paulo e Minas Gerais, regiões cruciais para a produção cafeeira.
O desafio da produção de arábica
De acordo com a análise, a produção de café arábica, a variedade mais valorizada, deverá cair cerca de 15%, totalizando 38,35 milhões de sacas. Gil Barabach, consultor da Safras, destaca que a seca retirou energia vital das plantações, comprometendo a florada exuberante esperada para outubro. Esse fator, combinado com a percepção dos produtores sobre a baixa produtividade das lavouras, afetou diretamente o potencial produtivo:
- **Seca severa**: A falta de chuvas causou estresse nas plantas, dificultando o desenvolvimento de flores e frutos.
- **Aumento do ‘esqueletamento’**: Muitos produtores aumentaram a prática de poda, conhecida como ‘esqueletamento’, em uma tentativa de preservar a qualidade e a quantidade do café que conseguiria ser colhido.
A ascensão da canéfora
Enquanto isso, a produção de café canéfora (robusta/conilon) deve alcançar 24,10 milhões de sacas, beneficiando-se de condições mais favoráveis. Essa variedade, embora menos apreciada no mercado internacional, tem ganhado espaço e é uma alternativa viável diante dos desafios enfrentados pelo arábica.
O impacto socioeconômico da seca
A escassez hídrica não afeta apenas a produção, mas gera impacto direto na economia das regiões produtoras. O café é um dos principais produtos de exportação do Brasil e sua redução afeta o sustento de milhares de famílias que dependem dessa cultura. Além disso, a ênfase em variedades de maior resistência, como a canéfora, pode transformar o cenário agrícola futuramente, trazendo novas oportunidades para o setor.
A importância da adaptação
Em face das adversidades climáticas, a adaptação se torna uma estratégia crucial para os produtores. Algumas medidas que podem ser adotadas incluem:
- **Investimento em irrigação**: Implementar sistemas de irrigação mais eficientes pode ajudar a minimizar os efeitos da seca nos cafezais.
- **Diversificação de cultivos**: A introdução de outras lavouras que demandem menos água pode ser uma alternativa para reduzir riscos.
- **Adoção de tecnologias**: Utilizar tecnologias de monitoramento e gestão de campo pode aumentar a produtividade e a sustentabilidade.
Essas ações não apenas ajudam a mitigar os efeitos imediatos da seca, mas também promovem um futuro mais sustentável para a cafeicultura brasileira.
Reflexões sobre o futuro do café
À medida que os padrões climáticos continuam a mudar, é vital que tanto os agricultores quanto toda a cadeia produtiva do café no Brasil se preparem para adaptar suas práticas. Compreender as implicações dessas alterações e investir em tecnologias e métodos inovadores será a chave para garantir a resiliência do setor café no futuro.