sábado, junho 7, 2025

Raízes Resilientes: A Luta dos Quilombolas pela Preservação de Suas Tradições Agrícolas


O Legado das Sempre-Vivas: A História de Andréia Ferreira no Quilombo Raiz

Um Encontro com a Natureza

Andréia Ferreira dos Santos é uma verdadeira guardiã do Cerrado. Desde a infância, sob a proteção da avó, cresceu em meio às flores sempre-vivas, uma joia da flora brasileira. No Quilombo Raiz, localizado em Minas Gerais, Andréia e sua comunidade cultivam e colhem mais de 300 espécies de plantas. Essas flores não apenas embelezam os buquês ornamentais, que possuem durabilidade excepcional, mas também são fundamentais para a identidade e a subsistência dessa comunidade tradicional.

A Importância das Sempre-Vivas

Após a colheita e o processo de secagem, as flores se tornam uma fonte essencial de renda para Andréia e seus compatriotas. Reconhecidas pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), as flores do Cerrado foram nomeadas como o primeiro Sistema Importante do Patrimônio Agrícola Mundial no Brasil. Esse reconhecimento não é apenas um título, mas uma proteção para o modo de vida e a cultura local.

Sustentando Tradições e Economia

Herança Cultural e Práticas Sustentáveis

Andréia faz parte da quinta geração do Quilombo Raiz, um local onde a história e a natureza se entrelaçam. Fundado por sua trisavó, o quilombo é mais do que uma comunidade; é um lar onde tradições são passadas de geração para geração. Na Serra do Espinhaço, onde a natureza é generosa, cerca de 100 quilombolas cultivam a tradicional "roça de toco", um método de cultivo sustentado pela diversidade e pelo rodízio de culturas.

A Coleta de Flores como Fonte de Renda

O verdadeiro motor econômico da comunidade é a coleta das flores sempre-vivas. Durante as safras, que variam de acordo com as espécies, é possível que uma única pessoa colha até uma tonelada de flores. O valor no mercado pode oscilar entre R$ 25 e R$ 70 por quilo, oferecendo assim uma oportunidade vital para a geração de renda.

Desafios e Mudanças no Horizonte

Impactos da Modernização

Entretanto, as coisas mudaram nos anos 2000. A modernização da agricultura trouxe o eucalipto para a região, substituindo as ricas florestas nativas e as colheitas de flores pela monocultura. Esse fenômeno não apenas ameaçou a biodiversidade, mas também limitou o acesso da comunidade às terras de coleta.

A Resiliência da Comunidade

Em resposta, a comunidade se reinventou e começou a desenvolver artesanatos. Andréia comenta sobre o impacto significativo que essa mudança cultural teve. Para manter suas tradições, eles agregaram valor ao que muitas vezes é considerado apenas produto primário. Desde 2006, o trabalho com capim-dourado tem alcançado feiras não só no Brasil, mas também além-fronteiras, com produtos como pulseiras, brincos e luminárias.

Um Olhar para o Futuro

A Preocupação Com a Juventude

Despite the changes and challenges, the traditional activities in Andreia’s community persist. A coleta de flores continua sendo uma prática vital, embora restrita pelo espaço disponível. Andréia expressa sua preocupação com o futuro das gerações mais jovens. "Precisamos garantir que nossos jovens consigam colher frutas que sustentem suas vidas e permaneçam no território", diz ela, ressaltando a importância do espaço para a preservação da cultura e do modo de vida.

Envolvimento Social e Luta por Direitos

Para buscar uma solução, Andréia se envolveu em movimentos sociais em 2014, integrando a Comissão em Defesa dos Direitos das Comunidades Extrativistas. Dentro da comunidade, ela e outros jovens se tornaram líderes ativos, dedicando-se a impulsionar o acesso às políticas públicas e ao reconhecimento dos direitos da população.

Reconhecimento e Conquistas

Patrimônio Agrícola Mundial

Graças a essa mobilização, em 2015, a comunidade foi oficialmente reconhecida como quilombo pelo governo brasileiro. Em 2018, Andréia e seus compatriotas foram consagrados como apanhadores de flores sempre-vivas, e, em 2020, receberam o título de Patrimônio Agrícola Mundial. Essas conquistas simbolizam a luta e a resistência da comunidade, provando que a união e a determinação podem resultar em mudanças significativas.

O Poder da Visibilidade

Essas reconhecimentos também trouxeram visibilidade e proteção à comunidade, ajudando a evitar a invasão de atividades mineradoras na região, que poderiam contaminar os recursos hídricos que sustentam o cultivo das flores. "O reconhecimento da ONU foi muito importante. Para nós, a água é mais valiosa que o dinheiro. Vivemos do que temos e queremos continuar assim."

A Força das Mulheres

Empoderamento e Sustentabilidade

O papel das mulheres na comunidade é absolutamente essencial. Elas não apenas estão nas colheitas e na produção dos artesanatos, mas também liderando a luta por reconhecimento e direitos. "É uma rede de mulheres que trabalha para manter a comunidade viva", afirma Andréia, ressaltando que a associação que representa a comunidade é composta apenas por mulheres.

Geração de Renda e Políticas Públicas

A organização comunitária também fez com que a Quilombo Raiz se tornasse fornecedora do Programa Nacional de Alimentação Escolar. Essa inclusão nas compras públicas é um passo crucial para assegurar a sustentabilidade econômica da comunidade. Andréia ressalta a importância de unir a preservação cultural com a geração de renda: "Não basta preservar nossas tradições; precisamos também garantir que isso se traduza em oportunidades de sobrevivência."

A Iniciativa Sipam

O Que Está em Jogo

O Programa de Sistemas Importantes do Patrimônio Agrícola Mundial, conhecido como Sipam, foi lançado em 2002 pela FAO. Ele reconhece e apoia sistemas agrícolas tradicionais que promovem a conservação da biodiversidade, respeitam o patrimônio cultural e garantem meios de vida sustentáveis. Com 89 sistemas em 28 países, o Sipam demonstra o compromisso da FAO em integrar o conhecimento tradicional com práticas inovadoras.

A Valorização da Diversidade

A conservação e valorização dessas práticas são vitais para combater desafios globais, como a crescente mudança climática e a pobreza rural.


Andréia Ferreira dos Santos e a comunidade do Quilombo Raiz representam não apenas a força e a resistência da cultura quilombola, mas também a luta por um futuro sustentável. Como leitores, somos convidados a refletir sobre o valor de preservar nossas tradições, respeitar a natureza e apoiar as vozes que clamam por justiça e reconhecimento. O que você pode fazer para apoiar essas iniciativas e garantir que histórias como a de Andréia continuem a florescer?Compartilhe suas ideias e engaje-se nessa causa ótima!

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