O ano de 2024 se mostrou um verdadeiro divisor de águas, nos desafiando a olhar para frente com esperança e determinação. Em meio a avanços impressionantes e desafios inesperados, ficou claro que a inovação não é apenas sobre criar, mas sobre fazer escolhas estratégicas: que caminho seguir, como implementar e, principalmente, por que essa mudança é essencial.
1. IA Generativa: Uma Nova Perspectiva
A inteligência artificial generativa continuou a ser um dos principais destaques, mas de uma forma mais centrada e prática. Modelos como o GPT e o Gemini exploraram suas capacidades, mas logo encontraram a limitação dos dados disponíveis na internet. A busca desenfreada pela inovação não é mais suficiente; 2024 se tornou o ano da personalização e eficiência. As empresas começaram a focar na criação de modelos menores e mais direcionados, com aplicações mais práticas.
No Brasil, isso se traduziu em iniciativas que exploram a IA para potencializar a agricultura, monitorar florestas e resolver problemas específicos, demonstrando que, às vezes, a relevância pode ser mais impactante do que o tamanho.
2. Ecossistemas: Aprendendo com a Europa
A Europa se destacou ao investir em $426 bilhões na última década, com uma forte ênfase em sustentabilidade e tecnologias profundas. Cerca de um quarto desse valor foi direcionado para tecnologias climáticas, servindo como uma inspiração. Contudo, nem tudo foi um mar de rosas, pois a escassez de financiamento para startups em estágios avançados, um gap de $375 bilhões, se tornou uma preocupação. Isso nos traz à realidade: ter boas ideias é apenas metade do caminho.
No Brasil, enfrentamos um momento semelhante. Temos talentos e recursos, mas carecemos de articulação para transformar ideias em empresas globais. É o momento de conectar os pontos e criar um ecossistema vibrante.
3. Geopolítica da Tecnologia: O Futuro nas Nossas Mãos
Os EUA e a China continuam dominando o palco da IA, mas a Europa aposta na inovação com um impacto social significativo. O Brasil, por sua vez, não precisa entrar diretamente na disputa global, mas pode se destacar naquilo que já faz bem: agricultura, energia limpa e preservação ambiental. O mundo está em busca de soluções inovadoras e nós temos as ferramentas apropriadas; falta apenas visão e menos burocracia para transformá-las em realidade.
4. Sustentabilidade: Da Teoria à Prática
Em 2024, a sustentabilidade saiu do campo das ideias e se estabeleceu como uma prática imprescindível. Empresas que combinaram inovação com impacto ambiental atraíram investimentos e se destacaram no mercado. Na Europa, modelos de economia circular e tecnologias para capturar carbono se tornaram líderes, enquanto o Brasil, com sua vasta riqueza natural, está em uma posição privilegiada para agir.
Sustentabilidade não é uma moda passageira; é uma necessidade que envolve negócios de grande escala.
5. Os Desafios do Ano: Olhando Para o Futuro
Contudo, 2024 não foi isento de desafios. A governança em relação à IA ainda está em fase de desenvolvimento, e questões como viés em algoritmos demandam atenção urgente. Muitas startups lidam com barreiras burocráticas e dificuldades de financiamento, tanto nacional quanto internacionalmente.
O maior desafio, no entanto, foi garantir que promessas se traduzissem em resultados palpáveis. Este é um lembrete importante: construir o futuro requer um planejamento cuidadoso e estratégico que preceda qualquer grande ideia.
6. O Legado de 2024: Aprendendo com o Passado
Este ano nos ensinou que nem toda inovação precisa ser disruptiva. A sustentabilidade, tanto no que diz respeito aos negócios quanto ao planeta, não é opcional, mas vital, devendo ser um pilar cuidadoso. Muitas vezes, a verdadeira mudança vem por meio da adaptação, sempre orientada por um propósito claro. A tecnologia, afinal, só faz sentido quando está a serviço das pessoas.
Expectativas para 2025: O Que Nos Aguarda?
Se 2024 nos desafiou a fazer escolhas significativas, espera-se que 2025 consolide essas tendências. A computação quântica começa a se desvincular dos laboratórios e a afetar mercados como saúde e logística. Além disso, agentes de IA colaborativos — sistemas que operam de forma autônoma ou em equipe — transformará o modo como fazemos negócios.
A sustentabilidade continuará a liderar, com robôs e o uso da Internet das Coisas (IoT) sendo fundamentais na criação de soluções escaláveis. O verdadeiro diferencial estará na personalização: as empresas que souberem utilizar seus dados para desenvolver tecnologias sob medida abrirão um novo capítulo na inovação.
O futuro pertence a quem faz as perguntas certas e age com propósito. 2024 revelou que a escolha consciente não é apenas uma estratégia, mas uma necessidade. E assim, seguimos para o próximo desafio. Que venha 2025, com suas oportunidades e promessas!
Iona Szkurnik é fundadora e CEO da Education Journey, uma plataforma de educação corporativa que utiliza Inteligência Artificial para oferecer experiências de aprendizado personalizadas. Com um mestrado em Educação e Tecnologia pela Universidade de Stanford, Iona participou da criação da primeira plataforma de educação online da universidade e tem se dedicado a promover a transformação no setor educacional. Além disso, é cofundadora da Brazil at Silicon Valley, fellow da Fundação Lemann, mentora de mulheres e investidora-anjo.
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