O conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro (TCE-RJ) Domingos Brazão, acusado de envolvimento no assassinato da ex-vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes em 2018, prestou depoimento ao gabinete do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), nesta terça-feira (22). O conselheiro, atualmente preso na Penitenciária Federal de Boa Vista, participou da oitiva por videoconferência.
Durante seu depoimento, Brazão emocionou-se ao falar sobre seus familiares, negando qualquer ligação com Marielle Franco e refutando a conexão com Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, apontados pela Polícia Federal como os executores do crime. Ele alegou que a primeira vez que viu a imagem de Ronnie Lessa foi no Instituto Médico Legal, no dia em que ele foi preso.
O conselheiro afirmou que Lessa teria se sentido pressionado e tentado incriminá-lo após ser associado ao caso, alegando que o mesmo decidiu falar somente após a delação de Élcio de Queiroz. Brazão sugeriu que Lessa utilizou essa estratégia para transferir o caso para o Supremo Tribunal Federal.
A Polícia Federal concluiu que a motivação por trás do assassinato de Marielle e Anderson estava relacionada à disputa pela exploração imobiliária em áreas controladas por milícias, especialmente em comunidades de Jacarepaguá, na zona oeste do Rio. De acordo com a investigação, Brazão é um dos mandantes do crime e teria laços com milicianos interessados na grilagem de terras para fins comerciais, algo que a vereadora Marielle e seu grupo se opunham, defendendo o uso social dessas áreas.
Os irmãos Brazão e o ex-chefe da Polícia Civil do Rio, Rivaldo Barbosa, foram denunciados pela Procuradoria-Geral da República pelo crime e estão presos preventivamente desde março. A investigação apontou que os irmãos foram os “autores intelectuais” do assassinato, enquanto Rivaldo Barbosa teria planejado meticulosamente a ação.
Apesar das acusações, os três negam participação nos assassinatos. Brazão chorou durante o depoimento ao negar qualquer envolvimento com o crime e afirmou não ter tido contato com Marielle Franco. A complexa trama envolvendo políticos, milicianos e policiais ainda está sendo desvendada pelas autoridades, em busca de justiça para Marielle e Anderson.