quinta-feira, abril 24, 2025

Revolução em Curso: Rebeldes Sírios Transformam o Cenário Político


Artigo traduzido e adaptado do inglês, publicado pela matriz americana do Epoch Times.

A Mudança de Poder na Síria

Recentemente, a Síria viveu um momento significativo com a entrega oficial de poder pelo primeiro-ministro Mohammed Jalali, que havia sido nomeado pelo deposto presidente Bashar al-Assad, a um novo governo de salvação, liderado por facções rebeldes do noroeste do país.

Jalali, que assumiu em setembro, se encontrou com Abu Mohammed al-Golani, o líder do Hayat Tahrir al-Sham (HTS), para discutir os detalhes dessa transição crucial. É importante lembrar que o HTS, que já foi associado à Al-Qaeda, ainda é considerado uma organização terrorista pelos Estados Unidos, Reino Unido e Turquia.

Após uma rápida ofensiva que resultou na captura das cidades de Aleppo, Hama e Homs, o regime de Assad desmoronou em 7 de dezembro. A fuga de Assad para Moscou, onde foi acolhido pelo presidente russo Vladimir Putin, simboliza uma virada na situação política síria. Neste cenário caótico, muitos de seus soldados abandonaram suas fileiras, com relatos de deserções e até mesmo travessias da fronteira para o Iraque.

O Futuro do Regime Assad

Espera-se que o HTS, sob a nova administração, faça nomeações incluindo ex-funcionários do regime Assad envolvidos em torturas, apontados como criminosos de guerra. Esse movimento busca não apenas consolidar o poder, mas também indicar um comprometimento com a justiça e a reparação àqueles que sofreram sob o regime opressor.

A situação se intensificou ainda mais com a abertura de um processo em Chicago contra dois ex-oficiais do regime Assad, Jamil Hassan, de 72 anos, e Abdul Salam Mahmoud, de 65 anos, acusados de crimes de guerra. Essas notícias trazem esperança para muitos que aguardam justiça para os horrores vividos durante o regime.

Esperanças e Desaparecimentos

Entretanto, as esperanças de encontrar milhares de presos políticos, que se acreditava estarem nas celas subterrâneas da notória prisão de Saydnaya, foram frustradas. Recentemente, as portas de ferro da instalação foram abertas, mas não havia sinal algum daqueles que estavam desaparecidos.

Ghada Assad, uma mulher que buscou incansavelmente seu irmão desaparecido, não conseguiu conter as lágrimas. Desesperada, ela questionou: “Onde estão todos? Onde estão os filhos de todos?”. O lamento de Ghada ecoa o de muitos que esperam por notícias de seus entes queridos, desaparecidos nos tumultos da guerra civil síria.

Desde 2011, quando a Primavera Árabe eclodiu, opositores ao regime protestaram por mudanças. Assad, apoiado por aliados como Rússia e Irã, respondeu com uma brutalidade que destruiu cidades inteiras e resultou na morte e encarceramento de dezenas de milhares. O custo humano desta guerra é imensurável.

O Custo do Regime

Enfrentando sanções econômicas severas, Assad encontrou uma nova fonte de receita na produção e trafico de captagon, uma droga altamente viciante. Segundo informações, o comércio pode ser equivalente a impressionantes US$ 57 bilhões anuais. Com isso, o regime parece se reerguer, mesmo diante do colapso político.

Nos últimos tempos, surgiram relatos nas redes sociais que expõem apreensões de grandes quantidades de captagon e propriedades luxuosas que teriam sido adquiridas através desse comércio ilícito, levantando questões sobre a verdadeira natureza do financiamento do regime.

Enquanto isso, sinais de normalidade começam a emergir em Damasco e outras cidades. Os bancos reabriram suas portas, e o ministério do petróleo convocou trabalhadores de volta ao trabalho, indicando um movimento em direção à recuperação econômica, mesmo que tumultuada.

Conflitos em Manbij e a Presença de Israel

A instabilidade parece longe de acabar, com confrontos recentes entre facções como o Exército Nacional Sírio (SNA), apoiado pela Turquia, e as Forças Democráticas Sírias (SDF), respaldadas pelos EUA, na cidade de Manbij. Relatos de redes sociais indicam um conflito intenso, sem consenso claro sobre qual facção está em vantagem.

No sudoeste da Síria, Israel negou que tenha aproveitado a desestabilização do regime Assad para incursões em território sírio, embora tenha reconhecido tomar “medidas limitadas e temporárias” em proteção à sua segurança. O enviado especial da ONU para a Síria, Geir Pedersen, expressou preocupação com a continuidade dos bombardeios israelenses, pedindo que essas ações cessem. Israel, no entanto, reiterou que sua presença se limita a uma zona-tampão nos Montes Golã.

O Papel do Irã

O governo iraniano, por sua vez, pedira respeito à integridade territorial da Síria. Contudo, a Guarda Revolucionária afirmou que não há mais forças iranianas no país, deixando em aberto a pergunta sobre a manutenção de sua influência na região.

Solidariedade do Hamas

Em um desenvolvimento surpreendente, o Hamas parabenizou o povo sírio por alcançar suas “aspirações de liberdade e justiça”. Alinhado com o regime de Assad por anos, o Hamas agora se posiciona como um aliado do novo governo, prometendo respeito à vontade e à independência do povo sírio. Essa mudança reflete a complexidade política da região, onde antigas alianças são frequentemente testadas por novos contextos.

Historicamente, o regime de Assad deu suporte e abrigo a grupos palestinos, incluindo a Frente Popular para a Libertação da Palestina-Comando Geral (PFLP-GC), indicando uma teia intrincada de relações que moldam os eventos atuais na Síria.

Este artigo visa iluminar a complexidade de uma nação em transformação, repleta de desafios e esperanças para um futuro incerto. Seguimos atentos à evolução da situação na Síria, que continua a ser uma questão crítica no cenário geopolítico global.

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