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Em um contexto onde a inovação se torna cada vez mais essencial, o agronegócio brasileiro deu passos largos entre 2023 e 2024. O último Radar Agtech Brasil revela um crescimento impressionante na estrutura de suporte ao setor, destacando a ampliação das incubadoras, aceleradoras e hubs de inovação.
O Crescimento do Ecossistema de Inovação
De acordo com a pesquisa, o número de incubadoras cresceu de 32 para 107, resultando em um aumento de 224%. As aceleradoras, por sua vez, saltaram de 21 para 40, um crescimento de 90%. Hubs de inovação passaram de 82 para 106 (+29%) e parques tecnológicos de 93 para 117 (+25%). No total, existem agora 451 ambientes dedicados à inovação no agro, mostrando que o setor está em franca ascensão.
A pesquisa, promovida pela Embrapa, Homo Ludens e SP Ventures, teve sua divulgação no Radar Agtech Summit, realizado no Cubo Itaú, em São Paulo. Uma novidade empolgante deste ano é a inclusão de uma análise aprofundada dos investidores que atuam no setor, abrangendo fundos de venture capital, corporate ventures e iniciativas que buscam fomentar a inovação.
Desde o seu início em 2019, o Radar se concentrou nas agtechs, as startups focadas em soluções para o agronegócio. Com o amadurecimento do setor, o foco se expandiu para incluir também ambientes de inovação e as foodtechs, refletindo a complexidade crescente do ecossistema.
Segundo Silvia Massruhá, presidente da Embrapa, “esta pesquisa tornou-se uma referência em inteligência estratégica para o setor agroalimentar. É um recurso valioso para entender onde estamos e para onde estamos indo.”
Luiz Sakuda, sócio da Homo Ludens, complementa: “Nosso objetivo é assegurar que a inovação atinja toda a cadeia agroalimentar, do produtor ao consumidor final.”
A Ascensão das Agtechs e Novas Tendências
O número de agtechs no Brasil teve um crescimento impressionante de mais de 75% desde a primeira edição do estudo, passando de 1.125 em 2019 para 1.972 em 2024. Essas startups estão segmentadas em três categorias distintas:
- Antes da Fazenda: Envolvem soluções para acesso a crédito, aquisição de insumos e equipamentos, representando 18,6% do total. Notavelmente, os serviços financeiros compõem 26,5% desse grupo.
- Dentro da Fazenda: Esse segmento ainda é o maior, com 41,5% das agtechs. Destacam-se as plataformas de gestão rural e sistemas integradores de dados, que promovem eficiência e automação na produção.
- Depois da Fazenda: Focadas em logística, processamento e comercialização, essas startups completam o ciclo de inovação que se estende para além da porteira.
Expansão Geográfica da Inovação
Um dos aspectos mais interessantes revelados pelo Radar é a descentralização dos ambientes de inovação, que se expandem para além do eixo tradicional. A Região Sudeste continua a liderar, com 36,8% das iniciativas, impulsionada especialmente por São Paulo, que concentra 43,5% das inovações regionais. Contudo, o Sul já ocupa a segunda posição, com 31%, seguido pelo Nordeste (17,5%), Centro-Oeste (9,5%) e Norte (5%).
Além disso, as regiões Norte e Nordeste mostram os avanços mais expressivos, com o Norte passando de 1,5% para 5% e o Nordeste de 3,5% para 5,9%. Estados como Rio Grande do Sul (9,6%) e Paraná (8,9%) estão ganhando destaque no cenário inovador.
A Influência dos Investidores no Setor
Pela primeira vez, o Radar apresenta uma análise aprofundada sobre os investidores que atuam no campo das agtechs e foodtechs. O aumento significativo no número de fundos dedicados a esses segmentos indica uma maturidade crescente do ecossistema, abrindo novas avenidas para a escalabilidade das startups.
“A inovação no agronegócio nunca foi tão vibrante quanto agora,” afirma Francisco Jardim, sócio da SP Ventures. “Em 2024, as agtechs da América Latina estão liderando uma revolução, trazendo tecnologias e modelos de negócio inovadores em resposta à crise climática e à insegurança alimentar.”
Tendências que Moldam o Futuro do Agronegócio
Além do crescimento numérico, a pesquisa aponta três tendências essenciais que estão moldando o futuro no agro:
- Sustentabilidade: Práticas como uso de bioinsumos, rastreabilidade e agricultura regenerativa se destacam como pilares para uma inovação responsável e sustentável.
- Digitalização do Campo: Soluções digitais, incluindo automação, sensoriamento remoto e gestão eficiente das propriedades, estão se consolidando. No segmento “dentro da fazenda”, há mais de 800 startups atuando.
- Internacionalização: A presença de startups brasileiras em hubs de inovação globais cresce, ampliando oportunidades de mercado e acesso a tecnologias avançadas.
Para Silvia Massruhá, o agronegócio brasileiro vive um momento de profunda transformação, onde pesquisa, inovação aberta e cocriação são fundamentais. “A Embrapa acredita que a pesquisa agroalimentar será a espinha dorsal dessa revolução. Com eventos como a COP30, programada para acontecer em Belém no próximo ano, o Brasil reafirma seu compromisso com um futuro sustentável,” conclui.