quinta-feira, abril 24, 2025

Revolução Verde: A Ascensão da Agricultura Regenerativa na Indústria do Vinho


Práticas de Agricultura Regenerativa em Vinhedos

Práticas de agricultura regenerativa podem tornar vinhedos mais saudáveis.

Transformando a Agricultura: O Impacto da Agricultura Regenerativa na Indústria do Vinho

A Moët Hennessy, a prestigiosa divisão de vinhos e destilados do grupo LVMH, conhecido mundialmente, está liderando uma nova onda de iniciativas voltadas para a sustentabilidade. Sob a batuta do magnata Bernard Arnault, a empresa tem desenvolvido projetos que não apenas enaltecem suas marcas icônicas, como Moët & Chandon e Dom Pérignon, mas também promovem a saúde dos solos que sustentam seus vinhedos. Um exemplo notável desse compromisso é o World Living Soils Forum, realizado em Arles, França, na primeira quinzena de outubro.

O evento, que reuniu 500 participantes presencialmente e mais 100 em transmissões simultâneas na China e nos Estados Unidos, destacou a importância dos solos vivos para a viticultura. Especialistas em agricultura regenerativa compartilharam suas pesquisas e experiências sobre como práticas sustentáveis podem oferecer um futuro mais verde e próspero para a indústria do vinho.

Por que a Agricultura Regenerativa é Fundamental?

Segundo a Regeneration International, a agricultura regenerativa envolve práticas que não só melhoram a biodiversidade e a saúde do solo, mas também podem mitigar os efeitos das mudanças climáticas. Este tipo de manejo agrícola está se tornando essencial, especialmente em um mundo que enfrenta desafios ambientais e sociais. No Fórum, 180 palestrantes abordaram questões fundamentais, como:

  • Reconstrução da matéria orgânica do solo;
  • Restauro da biodiversidade;
  • Redução da dependência de químicos na agricultura;
  • Criação de vinhedos mais resilientes e sustentáveis.

Experiências de Sucesso: O Caso da Joseph Phelps Vineyards

Um dos destaques do evento foi a participação de David Pearson, CEO da renomada Joseph Phelps Vineyards, localizada no Napa Valley. Conhecida por seu icônico vinho Insignia, a vinícola tem se destacado na aplicação de práticas de agricultura regenerativa. A introdução da pastagem de ovelhas nos vinhedos é uma inovação que tem mostrado resultados impressionantes. As ovelhas atuam como fertilizantes naturais, ajudando a controlar ervas daninhas e reduzindo a necessidade de químicos.

David Pearson destacou: “Estamos em uma posição única para contribuir com práticas que restauram a saúde do solo e, ao mesmo tempo, melhoram a qualidade dos nossos vinhos”. Essa abordagem inovadora é um exemplo de como a sustentabilidade pode andar de mãos dadas com a tradição vinícola.

David Pearson

David Pearson é presidente da Joseph Phelps Vineyards, um exemplo de práticas regenerativas no plantio.

A Indústria do Vinho e as Conexões com o Meio Ambiente

Cristina Lazcano, especialista em solo da Universidade da Califórnia, UC Davis, salientou a conexão única que a indústria do vinho já possui com o meio ambiente e as comunidades. “A indústria do vinho está bem posicionada para abordar questões críticas, dado seu profundo entendimento da relação entre terra, cultura e sustentabilidade”, comentou.

Esse entendimento é crucial para combater os impactos das mudanças climáticas na viticultura. A agricultura regenerativa não é apenas uma tendência; é uma necessidade que pode transformar esse setor. Adam Keeper, CEO da Agrology, adicionou: “Os consumidores estão cada vez mais interessados em saber de onde vem seu vinho e como ele é produzido. Essa curiosidade é uma oportunidade valiosa para promover práticas sustentáveis.”

Conexões e aprendizados: Diálogos Entre Profissionais

No forum, também foi abordada a importância da comunicação e da troca de experiências entre os profissionais do setor. Daphne Amory, consultora em agricultura regenerativa, afirmou: “Estamos começando a entender o que está abaixo da superfície. A interação com os ecossistemas nos ajuda a compreender melhor a saúde do solo.” Este tipo de diálogo é fundamental para o avanço das práticas de agricultura regenerativa.

Outro ponto de destaque foi a contribuição de Anna Brittain, diretora executiva do Napa Green. Ela enfatizou a importância de trabalhar em conjunto com os produtores para desenvolver sistemas agrícolas mais autossuficientes, que dependam cada vez menos de intervenções externas, destacando que “a agricultura regenerativa é o nível platina que devemos almejar.”

Inspirando Mudanças: A Voz dos Agricultores

Judith Schwartz, uma renomada jornalista americana, trouxe uma perspectiva diferente ao evento, destacando a importância de valorizar a natureza. “A comida só pode ser saudável se o solo em que é cultivada for saudável. Hoje, o debate sobre a saúde do solo está se tornando central no movimento climático”, disse ela.

O relato de Oliver English, CEO da Common Table Creative, também trouxe iluminação ao tema. Ele enfatizou a necessidade de retratar os agricultores como figuras centrais nas narrativas de sustentabilidade. “Precisamos que os agricultores sejam celebridades”, declarou, ressaltando que o reconhecimento do trabalho deles é essencial para disseminar a mensagem sobre a importância da agricultura regenerativa.

Uma Nova Era para a Indústria do Vinho

Jesse Smith, da White Buffalo Land Trust, compartilhou suas experiências e comparou o cenário da agricultura na Califórnia com a rica cultura agrícola da França. “Estar em uma região onde cada cidade tem sua própria expressão única de cultura em torno do vinho, pão e queijo é algo que queremos replicar aqui”, afirmou.

O trabalho da White Buffalo, que enfatiza a educação e o treinamento em práticas agrícolas regenerativas, é um exemplo claro de como é possível criar um futuro mais sustentável e conectado. Para Jesse, o reconhecimento das interconexões entre as práticas agrícolas e a cultura local é vital para a promoção da agricultura regenerativa e seu potencial transformador.

Oliver English finalizou sua fala com um chamado à ação: “Se estamos falando de comida, precisamos pensar em sabores, saúde humana e na oportunidade de sermos parte ativa na gestão do nosso planeta.”

*Tom Hyland, colaborador da Forbes EUA, possui mais de 40 anos de experiência na indústria vinícola, compartilhando suas vivências e descobertas sobre vinhos ao redor do mundo, desde Napa Valley até a Champagne.


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