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Roberto Rodrigues: Uma Voz Forte para o Agronegócio na COP30
Com 82 anos de trajetória repleta de conquistas no agrobusiness, Roberto Rodrigues é uma figura de destaque que já ocupou cargos importantes, como o de presidente da Associação Brasileira de Agronegócio (ABAG) e da Sociedade Rural Brasileira. Além disso, foi ministro da Agricultura entre 2003 e 2006. O foco em práticas sustentáveis sempre fez parte de sua agenda, e ele volta ao centro das discussões sobre esse tema ao ser nomeado como Enviado Especial para Agricultura na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), marcada para novembro em Belém do Pará.
O que faz um Enviado Especial na COP30?
Mas o que exatamente significa ser um Enviado Especial? Essa função é vital para o engajamento e a comunicação entre os diversos setores representados. Rodrigues, que também é professor emérito da Fundação Getulio Vargas (FGV), tem a missão de:
- Agendar reuniões com entidades do agronegócio para compreender suas demandas;
- Aperfeiçoar o diálogo entre mais de 50 instituições que atuam nesse cenário;
- Transformar as metas em uma agenda única que atenda a todos.
O objetivo é montar um consenso que possa ser apresentado ao governo, ressaltando que a voz do presidente da COP vai além das necessidades nacionais, focando em questões que envolvem o agro global.
Pontos de Foco da Agenda Agrícola
A nova posição traz à tona questionamentos sobre o papel do agronegócio na segurança alimentar e na luta contra as mudanças climáticas. Rodrigues, em uma entrevista exclusiva à Forbes, detalha algumas das prioridades que esperam integrar essa agenda:
- Demonstrar que a agricultura brasileira já é uma referência em práticas sustentáveis;
- Divulgar como a matriz energética, cuja parcela renovável chega a 50%, permite usar a agricultura como uma base para energia limpa;
- Promover práticas agrícolas que podem ser replicadas em países tropicais, enfatizando a redução de emissões de gases.
“Mostrar a nossa produtividade e como ela não se reflete em maior desmatamento é crucial”, destaca Rodrigues. O Brasil, segundo ele, tem sido líder em tecnologia agrícola, possibilitando uma produção que supera a área plantada.
Um Agronegócio Mais Sustentável
A pergunta que muitos fazem é: o que é preciso para que a agricultura brasileira se torne ainda mais sustentável? Rodrigues acredita que o Brasil já possui uma estrutura adequada, mas para maximizar essa eficiência, é necessário:
- O acesso a financiamento global que ajude países subdesenvolvidos a atingirem suas metas climáticas;
- A colaboração internacional na replicação de tecnologias que comprovadamente funcionam.
O bom funcionamento da agricultura rural no Brasil não só é fundamental para o país, mas também serve como modelo para outras regiões, especialmente na América Latina e em países tropicais.
Impacto das Mudanças Climáticas na Agricultura
Como comunicar que o agronegócio já está sendo afetado pelas mudanças climáticas? Rodrigues se propõe a utilizar números para ilustrar a realidade:
Entre 1990 e os dias atuais, a área plantada de grãos no Brasil cresceu 115%, enquanto a produção teve um aumento de 457%. Essa discrepância é resultado das inovações tecnológicas que permitiram aumentar a produtividade sem ampliar a área cultivada. Um exemplo notável é a produção de etanol de cana-de-açúcar, que emite apenas 10% do CO2 quando comparado à gasolina.
A Pecuária e a COP30
Outro assunto relevante que será discutido refere-se à pecuária. A ideia é enfatizar que uma pastagem bem estruturada sequestra mais carbono do que o metano emitido pelo gado. Rodrigues destaca que essa visão positiva pode ser fundamental para desmistificar a questão da pecuária em debates ambientais.
Iniciativas Passadas e Futuras
Na COP29, foi lançada a iniciativa climática Baku-Harmonia, que discutia o financiamento climático para a agricultura. Embora esses temas sejam importantes, Rodrigues cita que, inicialmente, o foco será consolidar a agenda universal para o agro. “Só depois avançaremos para discutir as próximas ações”, afirma.
Reflexões Finais sobre o Convite Recebido
Roberto Rodrigues expressa surpresa ao ser convidado para essa missão. Tendo dedicado a vida à agricultura e atuado em várias entidades do setor, ele não esperava receber um chamado nesse momento. “É um desafio harmonizar interesses tão diversos, mas também um orgulho poder contribuir para o agro brasileiro”, menciona Rodrigues, elogiando o presidente da COP30, André Corrêa do Lago, por sua visão.
O papel de Rodrigues não só reafirma sua experiência, mas também evidência a importância crescente do agronegócio nas discussões globais sobre sustentabilidade. À medida que se aproxima a COP30, a expectativa é de que vozes como a dele sejam fundamentais para moldar o futuro do agro não apenas no Brasil, mas em todo o mundo.