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Sangue Frio: A Crise da Cooperativa Sancor e o Futuro Incerto da Pecuária na Argentina

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Sancor à Beira do Colapso: Um Desafio à História das Cooperativas Argentinas

A Sancor, uma das mais tradicionais cooperativas de laticínios da Argentina, enfrenta atualmente um cenário econômico alarmante. Recentemente, a empresa se viu forçada a abrir um processo de recuperação judicial, um último recurso legal na busca por uma solução que evite sua extinção. Este processo, que pode durar de seis a 12 meses – ou até 18 em casos extremos – apresenta desafios ainda maiores em meio a um cenário econômico cada vez mais hostil.

A Estranha Realidade da Recuperação Judicial

Durante o tempo em que o processo de recuperação está em andamento, a Sancor tem a missão de chegar a um acordo com seus credores e decidir como sanar o déficit financeiro que a aflige. A necessidade de liquidez é urgente. O problema? A cooperativa enfrenta obstáculos significativos para arrecadar o dinheiro necessário.

Diversos credores já começaram a tomar medidas que complicam ainda mais a situação da Sancor. Um exemplo é o IIG Structured Trade Finance Fund Ltd, que conseguiu uma autorização judicial para executar a garantia de sua dívida. Isso resulta em um leilão de 436.922 quilos de queijo, armazenados nas fábricas da cooperativa.

O Impacto do Leilão

Esse leilão, que teve seu preço inicial estimado em cerca de US$ 3 milhões (equivalente a aproximadamente R$ 17,5 milhões), representa um golpe direto nos esforços da Sancor para aumentar sua arrecadação. A cooperativa se opôs a esse movimento, que poderia criar um perigoso precedente e encorajar outros credores a seguir o mesmo caminho.

"Para os credores, isso significa dinheiro rápido, sem a necessidade de esperar por um acordo", explica uma fonte próxima às negociações. Essa ação, embora ideal para quem busca receber seus pagamentos, resulta em perda de ativos estratégicos para a Sancor, que se vê em uma espiral descendente.

A situação financeira da cooperativa é preocupante: sua má gestão resultou em uma dívida colossal de US$ 400 milhões (cerca de R$ 2,3 bilhões). Se o processo de liquidação continuar, o cenário poderá piorar ainda mais.

Um Conflito Cooperativo

Outro desafio enfrentado pela Sancor é o relacionamento com seus próprios associados. Em teoria, uma cooperativa deve ter acesso garantido ao leite necessário para suas operações. Mas, na prática, muitos produtores preferem vender seu leite para outras empresas, e até mesmo para o exterior, devido à incapacidade da Sancor em realizar pagamentos em dia.

Atualmente, o preço médio pago aos produtores é de aproximadamente 440 pesos por litro (R$ 2,42), levantando a indagação: quanto tempo levará até que a Sancor fique sem fornecedores? Esse desabastecimento não é apenas uma possibilidade, mas algo que pode se concretizar em breve.

Consequências Diretas da Falta de Fornecedores

O impacto da perda de matéria-prima é catastrófico. Sem leite suficiente, a produção da Sancor despencou para meros 70.000 litros por dia – um recorde negativo, comparado aos quatro milhões que eram processados em seu auge. Isso não só reduz a capacidade de atender ao mercado, mas também força a cooperativa a vender seus produtos a preços abaixo do mercado, agravando ainda mais sua situação financeira.

O Caminho para a Recuperação

Com o processo de recuperação judicial recém-iniciado, as perspectivas para a Sancor não são animadoras. Experiências passadas mostram que, mesmo com boas intenções, a cooperação entre credores e a cooperativa é frágil. Uma solução extrema, como a venda da empresa, é altamente indesejada atualmente devido ao seu alto nível de endividamento.

Ademais, a Sancor emprega cerca de 1.300 trabalhadores, o que torna qualquer proposta de venda menos atraente para potenciais compradores. Em um sinal da gravidade da situação, a cooperativa já anunciou a demissão de mais de 300 funcionários.

Uma História de Erros

A trajetória da Sancor até o presente momento é marcada por uma série de episódios infelizes. Ao abrir o processo de recuperação, a cooperativa reconheceu que anos de decisões financeiras equivocadas culminaram nessa crise. Tentativas anteriores de reverter a situação, como a reestruturação em 2017 e negociações com um grupo empresarial, resultaram em pouco mais que promessas não cumpridas.

"Após dois anos de negociações sem sucesso, a cooperação se viu em um ponto crítico", relata a administração da Sancor.

Olhando para o Futuro

Em resumo, a Sancor se encontra em um momento crucial. À medida que busca uma solução, é evidente que a cooperativa precisa repensar sua estratégia. A complexidade da sua situação gera questionamentos não apenas sobre seu futuro, mas também sobre a resiliência das cooperativas em um mercado cada vez mais competitivo.

Envolvimento do Leitor

E você, o que pensa sobre a situação da Sancor? Acha que a recuperação da cooperativa é viável ou será apenas uma questão de tempo até que o colapso se concretize? Deixe sua opinião nos comentários e compartilhe este artigo para que mais pessoas conheçam essa história fascinante, mas trágica, da cooperativa de laticínios que fez parte da vida de muitos argentinos.

A Sancor é mais do que uma simples cooperativa de laticínios. Ela simboliza a luta e os desafios enfrentados por muitas empresas que tentam se reinventar em meio a crises financeiras e mudanças de mercado. Seu futuro permanece incerto, mas a esperança de uma reviravolta ainda persiste entre aqueles que acreditam na sua resiliência.

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