Após uma visita a Damasco, capital da Síria, a diretora-geral da Organização Internacional para Migrações (OIM), Amy Pope, compartilhou suas impressões sobre o país. Segundo ela, a Síria se encontra em um momento crítico, descrito como uma “encruzilhada” que pode determinar seu futuro.
Durante uma coletiva de imprensa em Genebra, Pope expressou que teve a oportunidade de conhecer um povo determinado a deixar para trás as dores do passado, embora ciente da grande incerteza do que está por vir. Essa conexão emocional com os sírios é um dos aspectos mais impactantes de sua missão.
Pilares da Reconstrução e do Diálogo com o Mundo
A chefe da OIM comentou sobre seus encontros com representantes do governo interino sírio, que demonstraram um forte desejo de reconstruir o país e abrir portas para a comunidade internacional. Essa mão estendida é um passo significativo em direção ao atendimento das urgências que a população síria enfrenta.
A realidade dos deslocados é alarmante e com números que falam por si. Antes da queda do regime do ex-presidente Bashar al-Assad, mais de 16 milhões de sírios necessitavam de assistência humanitária. Isso inclui cerca de 6 milhões que deixaram o país e 7,2 milhões que continuam deslocados internamente.
De acordo com Amy Pope, os próximos retornos de sírios ao seu país natal prometem ser em uma escala muito maior. Para que essa reintegração ocorra de forma mais tranquila, será necessário implementar a justiça transicional, um desafio que ela considera “verdadeiramente monumental”.
A Desolação de uma Sociedade Fragmentada
Infelizmente, as imagens dessa reconstrução são ofuscadas pelas necessidades básicas que ainda afligem grande parte da população. Em várias regiões, as infraestruturas essenciais, como hospitais e escolas, estão em ruínas ou funcionando de maneira precária. Alepo é um exemplo emblemático, tendo sido quase totalmente devastada entre 2012 e 2016, o que resultou na fuga de mais de 2 milhões de cidadãos.
As necessidades humanitárias no país vão desde itens básicos, como abrigo, alimentação e água, até a complexa tarefa de restaurar uma sociedade que foi profundamente ferida. Apesar do desejo intenso entre os deslocados de retornar, Amy Pope advertiu que um retorno precipitado pode sobrecarregar as estruturas já fragilizadas, forçando as famílias a se deslocarem mais uma vez.
Apoio ao Deslocamento e Conflito no Norte
Embora a OIM tenha sido expulsa da Síria em 2018 pelo governo anterior, a organização continuou suas atividades, prestando assistência por meio de um programa transfronteiriço. Desde 2014, esse esforço já alcançou milhões de pessoas necessitadas.
Atualmente, o maior centro de operações da OIM está localizado no noroeste da Síria, que funciona como um “porto seguro” para aqueles que foram afetados pelos conflitos em Idleb e no norte de Alepo. Devido à escalada do número de deslocados nesta região, a OIM está sob pressão para reunir mais recursos, tendo lançado um apelo urgente para atender às demandas da população.
Pope enfatizou que a assistência humanitária é a prioridade primordial, já que mais de 90% dos sírios vive em condições abaixo da linha de pobreza. Ao longo das últimas semanas, o país contabilizou ainda mais 800 mil novos deslocados, o que agrava a situação.
Implicações das Sanções e o Futuro da Síria
Outro ponto crucial levantado por Amy Pope é a fragilidade da situação atual, agravada pelas sanções que o país ainda enfrenta, resultando em uma escassez significativa de itens básicos. Ela argumentou que isenções de sanções para ações de desenvolvimento e reconstrução são vitais, mas que cabe aos Estados-membros decidirem nesse aspecto.
A estabilização da Síria também é uma prioridade, e, nesse sentido, a questão dos direitos à habitação, terra e propriedade se torna fundamental no contexto dos retornos planejados. A experiência da OIM em lidar com crises semelhantes, como a recuperação pós-conflito no Iraque, pode ser uma valiosa contribuição neste processo.
Com base em tudo isso, o futuro da Síria depende não apenas da vontade do povo, mas também da colaboração da comunidade internacional para promover a paz e a estabilidade necessárias para o renascimento desta nação tão marcada por conflitos. É um momento em que todos devem se unir para promover um amanhã mais esperançoso para todos os sírios. Que possamos acompanhar e apoiar essa jornada de reconstrução, firmando um compromisso com a paz e a prosperidade.