O Impacto dos Rendimentos dos Treasuries no Mercado Brasileiro

Recentemente, o cenário econômico dos Estados Unidos teve um reflexo significativo no desempenho das taxas dos DIs (Depósito Interfinanceiro) aqui no Brasil. Vamos explorar como os dados do mercado de trabalho americano influenciaram o mercado financeiro nacional e o que podemos esperar a seguir.

O Cenário dos Treasuries e as Taxas de Juros

Apesar do crescimento expressivo dos rendimentos dos Treasuries, que ultrapassaram os 10 pontos-base, as taxas dos DIs encerraram a sexta-feira em queda. Isso aconteceu em meio a uma correção de posições por parte dos investidores, que estavam atentos às movimentações do governo a respeito de um pacote fiscal, um tema que ainda gera bastante cuidado e expectativa no mercado.

Taxas de DIs em Movimento

No fechamento do dia, a taxa do DI com vencimento em janeiro de 2026 foi de 14,905%, enquanto a taxa de janeiro de 2027 caiu para 14,305%, apresentando uma diminuição de 6 pontos-base. Nos contratos mais longos, como os de janeiro de 2031 e janeiro de 2033, as taxas também seguiram a tendência de queda.

Essas oscilações nos DIs refletem um ambiente em constante mudança, onde os investidores buscam ajustar suas expectativas e estratégias às novas informações do mercado.

Dados Importantes do Emprego nos EUA

Estatísticas Recentes:

• O Departamento do Trabalho dos EUA anunciou a criação de 139.000 vagas de trabalho no último mês.
• O número anterior, referente a abril, foi ajustado para uma criação de 147.000 vagas.
• O resultado superou as expectativas, que variavam entre 75.000 e 190.000 posições previstas.

Esse desempenho robusto no mercado de trabalho dos EUA influenciou as taxas de juros globalmente, aumentando as apostas de que o Federal Reserve poderia não ter muito espaço para cortes de juros em um futuro próximo.

Como as Taxas dos Treasuries Reagiram

Após a divulgação dos dados de emprego, os rendimentos dos Treasuries aumentaram. Isso é relevante para o Brasil, pois as taxas dos DIs inicialmente acompanharam a tendência, passando a registrar ganhos. No entanto, pela manhã do mesmo dia, começaram a se estabilizar e a baixa prevaleceu conforme se aproximava o fechamento do mercado.

Expectativas em Relação à Política Monetária

Rafael Sueishi, o head de renda fixa da Manchester Investimentos, comentou que o dia não trouxe eventos que justificassem uma grande movimentação na curva brasileira. O mercado já incorporava, nas últimas semanas, a possibilidade de uma Selic terminal em 15%, enquanto a Selic atual está fixada em 14,75% ao ano.

Ele observou que os investidores estavam em um “compasso de espera”, aguardando o fim de semana, quando o governo apresentará um pacote de propostas destinado ao ajuste fiscal, uma alternativa ao aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

O Pacote Fiscal e Suas Implicações

Um projeto de lei complementado pelo governo federal prevê um corte de 10% em benefícios tributários, buscando gerar um retorno de R$80 bilhões nos próximos dois anos. Essa movimentação, segundo profissionais ouvidos, poderia ser mais bem avaliada pelo mercado em comparação com a proposta de elevar o IOF, que enfrenta um certo desgaste político.

Mudanças nas Apostas do Mercado

Com os eventos recentes e a avaliação do cenário macroeconômico, a precificação do mercado em relação ao próximo encontro do Banco Central brasileiro mudou. As especulações foram de uma manutenção da Selic para uma alta adicional de 25 pontos-base.

Análise do Mercado de Opções de Copom

As fichas do mercado de opções de Copom na B3 também refletem essa mudança. Quando analisamos os dados de pouco mais de uma semana, havia 83% de probabilidade de manutenção da Selic, enquanto na atualização mais recente, essa porcentagem caiu para 33%, e as chances de alta de 25 pontos-base aumentaram para 62%.

Esse movimento no espectro de apostas reflete uma mudança de percepção quanto à postura do Banco Central, que tem adotado um discurso mais firme, ou “hawkish”, em relação à inflação. Um marco nessa mudança de discurso foi a fala de seu presidente, Gabriel Galípolo.

Um Olhar para o Futuro

À medida que o dia avançava, os yields nos EUA continuavam em alta, com destaque para o rendimento do tesouro de dez anos, que subia para 4,508%. Este ambiente alerta os investidores de que as decisões em torno das taxas de juros ainda estão longe de serem definidas.

Reflexões Finais

A interconexão entre o mercado de trabalho americano e a política monetária brasileira ressalta a importância de estar atento às mudanças globais para a avaliação local. As próximas semanas deverão ser acompanhadas de perto, especialmente com o anúncio do pacote fiscal e a reunião do Banco Central.

Você está acompanhado as mudanças do mercado financeiro? O que você espera dos próximos movimentos do Banco Central? Sinta-se à vontade para compartilhar suas opiniões e reflexões, pois o diálogo é fundamental neste cenário complexo e em constante evolução.