
Desafios e Resultados da Suzano em 2024: Uma Análise Abrangente
A Suzano, a principal produtora de celulose de eucalipto do mundo e um grande nome no setor de exportação, enfrentou 2024 com algumas dificuldades financeiras. O recente desempenho da empresa foi severamente impactado por fatores como a valorização do dólar em relação ao real, interrupções programadas das operações e um aumento nas despesas gerais e administrativas. Este cenário é em parte atribuído ao início das atividades da nova e grandiosa unidade de produção de celulose em Ribas do Rio Pardo, no Mato Grosso do Sul.
Resultados Financeiros: Um Ano de Desafios
Os números falam por si só: a Suzano registrou um prejuízo significativo de R$ 7 bilhões em 2024, revertendo o lucro expressivo de R$ 14,1 bilhões que teve em 2023. No quarto trimestre, a situação não melhorou; a companhia acumulou uma perda de R$ 6,7 bilhões contra um lucro de R$ 4,5 bilhões no mesmo período do ano anterior. Esse resultado foi além das expectativas de R$ 4,9 bilhões previstas pela LSEG. Durante uma teleconferência com jornalistas, o CEO Beto Abreu ressaltou que “o nome do jogo foi uma execução perfeita”, indicando que a operação, apesar dos números negativos, se manteve sólida na execução de suas atividades.
Causas do Prejuízo
A perda expressiva que a Suzano enfrentou está ligada a um impacto contábil devido à variação cambial da dívida e das operações de hedge realizadas em moeda estrangeira. É importante destacar que, neste contexto, o efeito caixa se manifestará apenas em vencimentos futuros, ou seja, as repercussões financeiras dessa situação só aparecerão à medida que as obrigações forem quitadas.
Perspectivas de Mercado: Um Olhar do Bank of America
Apesar dos desafios mostrados nos resultados, o Bank of America trouxe uma perspectiva otimista ao avaliar a performance do Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da Suzano, que atingiu R$ 6,5 bilhões, apresentando um crescimento significativo de 43,9% em relação ao ano anterior. Segundo os analistas, esse resultado superior às expectativas foi impulsionado principalmente pelo desempenho robusto da celulose, que superou as previsões em volumes, preços e custos, compensando os resultados menos favoráveis da venda de papel.
Crescimento da Receita e Desempenho Internacional
Outro ponto positivo que merece destaque é a elevação de 37% na receita líquida da empresa em relação ao ano passado, alinhando-se a um crescimento nas vendas de celulose (19%) e papel (11%). Do total de R$ 14,77 bilhões em receita líquida registrada no último trimestre, surpreendentes 81% vieram do mercado externo, um aumento em comparação aos 77% do ano anterior. Esse crescimento foi especialmente acelerado para mercados na Ásia e na América do Norte. Não obstante, a Suzano se mostra confiante frente a possíveis ameaças protecionistas, como a política do governo Donald Trump.
Estratégia Futura e Expansão
Marcos Assumpção, CFO da Suzano, afirmou que as novas movimentações do governo dos Estados Unidos não mudarão a estratégia da empresa em relação à alocação de capital no país. Em junho, a Suzano anunciou a aquisição da fábrica Pine Bluff da Pactiv Evergreen, localizada no Arkansas, que foi comprada por US$ 110 milhões. Ao falar sobre a alocação de capital, Assumpção enfatiza a importância do longo prazo, afirmando que ainda vê o mercado americano como um espaço com grande potencial. “No lado do papel, é um mercado bem concentrado entre os principais players e mais protegido contra importações. Isso não muda a atratividade do mercado para nós”, explicou o CFO.
Taxas e Tarifas: Contexto Atual
Quando o assunto são tarifas, o executivo declara que a celulose nunca foi taxada, sendo o papel o único a sofrer com esses encargos. “Nos últimos anos, não vimos incentivos para expedições de novas plantas [de celulose]. Portanto, não parece economicamente viável a implementação de tarifas”, conclui. Essa declaração destaca a posição da Suzano como uma protagonista em um mercado que, mesmo diante de desafios, ainda possui um grande potencial de crescimento.
Planos de Expansão e Foco no Desalavancagem
Nosso olhar se volta agora ao futuro. Questionados sobre a possibilidade de novas expansões, os executivos da Suzano esclareceram que, no momento, não estão considerando qualquer operação “transformacional” que possa prejudicar o planejamento de desalavancagem da companhia. Essa prioridade reflete a visão cautelosa diante de um cenário global volátil e as lições aprendidas com os investimentos recentes.
Reflexões Finais
O panorama da Suzano em 2024 é um claro reflexo de um ano desafiador, mas não sem suas oportunidades. A empresa permanece focada em sua robustez operacional e na trajetória de recuperação do seu endividamento. Como líder no segmento de celulose, a Suzano ainda tem um papel crucial a desempenhar na economia brasileira e global. O que podemos aprender com a trajetória da Suzano? Quais implicações os desafios enfrentados podem trazer para outras empresas em setores similares? Sinta-se à vontade para compartilhar suas opiniões e experiências nos comentários.