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Tarsila do Amaral foi muito mais do que uma simples pintora; ela foi uma verdadeira cronista do Brasil. Ao longo de sua vida, que culminou em 52 anos de ausência física desde sua morte em 17 de janeiro de 1973, Tarsila pintou com cores vibrantes e formas que capturaram a essência de um país rico em diversidade cultural e natural. Sua obra ecoa a história, a cultura e, de forma fascinante, a vida no campo, homenageando a agricultura e a ruralidade que moldam o nosso povo.
Nascida em 1886 em uma família de fazendeiros, Tarsila cresceu em meio a vastas plantações e um horizonte que parecia não ter fim no interior de São Paulo. Esse Brasil rural, em plena transformação devido à influência da economia cafeeira e à expansão das ferrovias, foi a fonte de sua primeira inspiração. Suas pinturas se tornaram símbolos de identidade nacional, unindo arte e natureza de maneira sensível e única.
Uma Odisseia Visual pelo Brasil Rural
As obras de Tarsila que celebram a vida no campo são verdadeiras janelas para o Brasil do passado e do presente. Entre suas criações mais memoráveis estão:
- Cachoeira (1923): Uma celebração da grandiosidade da natureza e a sua conexão com o povo.
- A Caipirinha (1923): Um retrato doce da infância rural, com bonecas feitas de mato, imortalizando a simplicidade da vida no campo.
- Fazenda (1924) e Café (1925): Obras que exaltam o trabalho e a riqueza da terra brasileira, trazendo à luz a importância do agricultor.
Entre todas as suas criações, Abaporu (1928) se destaca como um verdadeiro ícone. Com suas formas robustas e seu olhar voltado para o horizonte, essa pintura simboliza a força do agricultor brasileiro — uma figura resiliente, enraizada e plena de esperança.
Abaporu foi adquirida por Eduardo Costantini em um leilão da Christie’s em 1995 por US$ 2,5 milhões, estabelecendo um recorde nacional. Hoje, ela é avaliada em mais de US$ 45 milhões, consolidando-se como a pintura brasileira mais valiosa do mundo. Em outra ocasião, A Caipirinha também fez história ao ser vendida por US$ 10,85 milhões em 2020, tornando-se a obra de arte mais cara já leiloada no Brasil.
Tarsila e a Conexão com o Agronegócio Brasileiro
Assim como a obra de Tarsila, o agronegócio brasileiro tem raízes profundas e uma visão inovadora. Enquanto outros artistas de sua época buscavam referências na Europa, Tarsila mergulhou nas particularidades do Brasil e descobriu um manancial de criatividade e potencial produtivo. Sua brasilidade vibrava em suas composições e em suas ações. É interessante notar que, durante suas viagens internacionais, Tarsila tinha o costume de levar cachaça como presente a amigos, celebrando assim as tradições e a riqueza cultural de sua terra natal.
Hoje, o Brasil se destaca no cenário global do agronegócio. Exportamos mais do que alimentos — exportamos histórias, inovação e o resultado do trabalho árduo de nossos agricultores. A conexão com o legado de Tarsila serve como um lembrete significativo: nossa agricultura não é apenas números e estatísticas, mas sim uma parte fundamental da nossa identidade.
O Movimento Antropofágico, que Tarsila ajudou a liderar ao lado de Oswald de Andrade, nos ensinou a assimilar influências externas e recriá-las de forma autêntica. O setor agropecuário pode, por sua vez, transformar adversidades e críticas em oportunidades. Desafios internacionais, como os recentes envolvendo grandes marcas, são convites à inovação e à construção de uma narrativa sólida e única — uma narrativa à qual Tarsila se dedicou em mais de 2.300 obras.
Empoderando Mulheres e Jovens no Campo
Com o papel crescente de mulheres e jovens no agronegócio contemporâneo, a redescoberta do legado de Tarsila é inspiradora. Suas obras mostram que o campo é muito mais do que um espaço de trabalho; é também um lugar de criatividade e transformação.
Tarsila foi uma pioneira, desafiando normas de sua época com coragem e resiliência. Seu exemplo ressoa especialmente entre as agricultoras modernas, que equilibram a tradição com a inovação tecnológica, a liderança com a empatia, e os desafios com novas oportunidades. Assim como ela revolucionou o mundo da arte, essas mulheres estão reimaginando o papel do agronegócio na construção de um Brasil mais forte e vibrante.
Um Olhar Para o Futuro Com Base no Passado
Em 17 de janeiro de 1973, o Brasil perdeu Tarsila do Amaral, mas sua essência persiste por meio de sua obra. Ela foi a primeira a reconhecer o vasto potencial do Brasil, assim como o agronegócio se afirma como uma das potências mundiais ao longo do tempo. Se olhássemos para a agricultura com o olhar que Tarsila tinha para o Brasil, que resultados poderíamos alcançar?
É tempo de ver com olhos que vão além do superficial, que apreciam a beleza nas pequenas coisas e encontram possibilidades mesmo nas dificuldades. Assim como Tarsila fez ao transformar elementos da cultura brasileira em arte, também devemos valorizar e reimaginar o agronegócio — encarando desafios como sustentabilidade, rastreabilidade e imagem com a mesma paixão e dedicação que ela imprimiu em suas criações.
Celebrando Tarsila e o Brasil Além da Arte
Celebrar Tarsila do Amaral é celebrar um Brasil que entrelaça o campo à cultura, unindo o solo que nos sustenta ao espírito que nos move. Já parou para refletir sobre a conexão entre arte e agricultura? Explore a obra de Tarsila e descubra uma nova faceta do Brasil — abrace nossa brasilidade, nossas cores, raízes e a potência dessa transformação.
*Simone Silotti é produtora rural, palestrante e consultora no agro. Fundadora da Vale Louros e do #FaçaumBemIncrível. Tem MBA em gestão de projetos pela USP/Esalq e recebeu vários prêmios, incluindo o Internacional Líder da Ruralidade do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA).
