### O Futuro Através da Inteligência Artificial: Como os Robôs Assistentes Estão Transformando a Economia
Nos últimos tempos, a ideia de robôs assistentes pessoais deixou de ser uma mera fantasia e se tornou uma realidade palpável, ganhando espaço em diversas esferas do mercado. Com a ascensão das Inteligências Artificiais (IAs), essas tecnologias estão revolucionando a forma como as empresas operam. **Organizações de todos os setores estão canalizando investimentos significativos em IA com um objetivo em mente: otimizar a eficiência e cortar custos.** Contudo, apesar desse progresso evidente, os dados econômicos ainda não mostram claramente a magnitude dessa transformação.
### O Desafio da Medição
Embora a IA tenha o potencial de elevar a produtividade e reformular cadeias produtivas, há uma questão fundamental a ser considerada: **será que a forma como medimos o crescimento e a produtividade subestima essa nova realidade?** Se as métricas tradicionais não conseguem captar o impacto gerado pela IA, estaremos deixando passar a verdadeira essência do potencial de crescimento econômico?
A produtividade é, em sua essência, fazer mais com menos – seja reduzindo gastos, aperfeiçoando processos ou aumentando a qualidade de produtos e serviços. A IA desempenha um papel crucial neste aspecto, automatizando atividades repetitivas e permitindo que os humanos se concentrem em tarefas mais analíticas e criativas.
### Exemplos Práticos de IA em Ação
Diversos setores já estão colhendo os frutos dessa revolução tecnológica:
– **Setor Financeiro:** Algoritmos sofisticados ajudam a ajustar carteiras de investimento e até a prever tendências de mercado.
– **Indústria de Manufatura:** A IA aprimora cadeias de suprimentos, reduzindo excessos de estoque e elevando a eficiência operacional.
– **Saúde:** Diagnósticos mais rápidos e precisos estão aumentando a capacidade de atendimento médico, transformando a maneira como tratamos doenças.
Apesar desses avanços, muitos ganhos de eficiência da IA se manifestam de forma interna nas empresas. Isso significa que, embora o trabalho esteja sendo realizado de forma mais eficaz, **as métricas do PIB, da produção industrial ou do varejo podem não refletir essas melhorias imediatamente**.
### O Equilíbrio entre Tecnologias e Empregos
Uma das preocupações que surgem com o avanço da IA é a ameaça ao mercado de trabalho. Há receios de que a automação possa substituir milhões de trabalhadores. Contudo, a história econômica mostra que a introdução de novas tecnologias frequentemente resulta na criação de mais empregos do que na sua eliminação. **A IA pode, de fato, ampliar a capacidade produtiva das empresas, criando novas funções e oportunidades.**
Na prática, o impacto da IA no emprego varia de setor para setor. Funções que se baseiam em tarefas repetitivas, como atendimento ao cliente e funções administrativas simples, já estão passando por transformações significativas. Em contrapartida, áreas que requerem habilidades humanas, criatividade ou interação social tendem a se beneficiar da IA como um aliado, e não como um substituto.
### A Necessidade de Requalificação
À medida que as empresas se adaptam a um mercado transformado pela IA, é imperativo que haja uma requalificação dos trabalhadores. Caso contrário, os ganhos de produtividade podem se concentrar em poucos setores, exacerbando desigualdades sociais e regionais.
Uma tendência inquestionável é a crescente acessibilidade da IA. Nos últimos anos, os custos para desenvolver e aplicar modelos de IA caíram drasticamente, permitindo que empresas de todos os tamanhos explorem essas tecnologias.
Se anteriormente apenas grandes corporações tinham acesso a ferramentas de IA, hoje a democratização dessa tecnologia possibilita que pequenas empresas e startups também busquem eficiência por meio dela. Softwares de IA generativa e modelos de aprendizado de máquina tornaram-se disponíveis a um custo acessível, propiciando um ambiente onde a inovação pode prosperar em todos os setores.
### O Impacto Econômico Global
Essa ampla adoção da tecnologia está provocando um efeito multiplicador na economia global. À medida que mais empresas adotam a IA, os benefícios começam a se espalhar por áreas que tradicionalmente eram menos tecnológicas, como comércio, agronegócio e serviços.
No entanto, surge uma pergunta crítica: **se a IA está realmente impulsionando a produtividade, por que os dados econômicos não refletem um crescimento mais robusto?** Parte do desafio reside na forma como medimos o crescimento. Indicadores como o PIB e a produtividade do trabalho foram elaborados em um contexto industrial, onde a produção de bens tangíveis era o principal motor econômico. Com a predominância das tecnologias de serviço, os ganhos proporcionados pela IA podem não se traduzir claramente nesses indicadores tradicionais.
### Desigualdades e Desafios
As consequências disso variam entre países desenvolvidos e emergentes. Nos primeiros, onde os ganhos de produtividade são mais graduais, a IA pode estar aumentando a eficiência sem gerar um crescimento explosivo do PIB. Já nos países em desenvolvimento, essa tecnologia pode acelerar a digitalização da economia, mas de maneira desigual, levando algumas empresas e setores a capturar uma quantidade desproporcional de benefícios.
Se nossas métricas de mensuração não se ajustarem a essa nova realidade, corremos o risco de subestimar o potencial real de crescimento da economia global. Esta situação tem implicações diretas na formulação de políticas econômicas, pois erros de análise podem resultar em decisões equivocadas sobre taxas de juros, estímulos fiscais e diretrizes industriais.
Não obstante, a IA não está isenta de desafios. Uma das críticas centrais diz respeito à possibilidade de acentuação das desigualdades econômicas. Se os ganhos de produtividade forem dominados por grandes empresas, a concentração de renda poderá se intensificar.
### O Olhar para o Futuro
Outro desafio importante diz respeito à regulação. O uso desenfreado da IA pode resultar em distorções no mercado, seja pela manipulação de dados ou pela formação de monopólios digitais. Governos em todo o mundo estão se mobilizando para estabelecer marcos regulatórios que equilibrem a inovação e a concorrência justa.
Ademais, a IA tem o potencial de remodelar a precificação de bens e serviços. Em um cenário onde algoritmos otimizam a alocação de recursos, é provável que haja uma diminuição de custos, mas também um impacto deflacionário em certos setores, o que exigirá novas abordagens em termos de política monetária.
A Inteligência Artificial representa uma transformação sem precedentes na eficiência global. No entanto, seu impacto continua subestimado pelos indicadores econômicos convencionais. Para os próximos anos, será necessário não só adaptar empresas e trabalhadores, mas também revisar a maneira como avaliamos o progresso econômico. A capacidade de reconhecer os ganhos reais da IA será fundamental para a definição de políticas públicas, estratégias empresariais e decisões no mercado.
É evidente que a IA não substituirá os seres humanos; ao contrário, transformará a forma como operamos. Empresas e nações que conseguirem integrar essa tecnologia em suas cadeias produtivas estarão na dianteira da nova economia global. Assim, a questão que permanece é: estamos realmente prontos para reconhecer e quantificar o impacto transformador da IA?
*Luiz Fernando Figueiredo é presidente do Conselho de Administração da JiveMauá. Este artigo conta com a co-autoria de Italo Faviano, economista da Buysidebrasil.*
