A Demanda por Celulose e os Desafios do Setor: Um Olhar Sobre o Futuro
Nos últimos anos, o cenário da produção de celulose tem passado por transformações significativas, especialmente em mercados estratégicos como a China. Este artigo abordará a demanda crescente por celulose no curto prazo, a situação da produção na América Latina, e as importantes melhorias necessárias em infraestrutura e transporte. Vamos explorar como estes fatores podem impactar o setor e o que isso significa para empresas e investidores.
A China e a Demanda Global
A China é uma protagonista indiscutível quando se trata de consumo de celulose, respondendo por impressionantes 40% da demanda global. Este consumo é impulsionado, em grande parte, pelo setor de papel tissue, que continua a crescer à medida que novas necessidades de higiene e embalagem emergem. Contudo, a realidade é que a escassez de cavacos de madeira pode agravar a situação, indicando que as importações continuarão sendo cruciais para atender ao mercado interno chinês.
A XP Investimentos sugere que, apesar do crescimento tentando se estabilizar, a demanda global por celulose deverá avançar a uma taxa moderada de aproximadamente 1,6% ao ano entre 2023 e 2028. Mesmo com uma eventual desaceleração nas importações por parte da China, a menor disponibilidade de fibra reciclada pode criar um espaço ainda maior para o consumo de celulose de mercado.
O Papel da América Latina
A América Latina não fica atrás quando o assunto é oferta de celulose, representando igualmente cerca de 40% da produção mundial. Essa região desfruta de vantagens competitivas importantes, principalmente no custo de produção da celulose de fibra curta. De acordo com as projeções da corretora XP, a produção na América Latina tem um futuro promissor, passando de 54 milhões para impressionantes 81 milhões de toneladas entre 2014 e 2024, com uma expectativa de crescimento adicional superior a 11 milhões de toneladas entre 2028 e 2032.
Desafios e Oportunidades
Entretanto, este avanço está intrinsicamente ligado à disponibilidade de terras, bem como a uma logística eficiente e infraestrutura portuária que sirvam para alavancar esta produção. O Mato Grosso do Sul se destaca como um exemplo notável, consolidando-se como o maior exportador de celulose do Brasil. A construção de uma nova fábrica na região, que será capaz de produzir 2,5 milhões de toneladas, terá um investimento estimado em US$ 5,4 bilhões, o que sinaliza tanto a confiança dos investidores no futuro do setor quanto os desafios financeiros envolvidos.
Infraestrutura e Transporte: Superando Obstáculos
Para atender essa demanda crescente, a otimização dos terminais portuários é imperativa. O Porto de Santos, por exemplo, é responsável por 40% das exportações de celulose do Brasil e precisa urgentemente de investimentos que melhorem sua capacidade e eficiência logística. Somente 62% das exportações de celulose que passam por esse terminal têm como destino a China, enquanto 25% vão para a Europa, o que exige uma atenção especial às rotas utilizadas.
Os analistas da XP indicam que o transporte ferroviário da Rumo deve experimentar um crescimento significativo a partir de 2025, com a finalização de novos projetos que já estão em andamento. Atualmente, a operação é focada nos estados de Mato Grosso do Sul e Paraná, mas a diversificação deve ocorrer com a excelência das novas rotas.
Projetos Ferroviários: Uma Nova Abordagem
Esses novos projetos incluem rotas como Três Lagoas–Aparecida do Taboado, da Suzano, e Sucuriú–Inocência, da Arauco, que têm o potencial de substituir o transporte rodoviário por alternativas ferroviárias, muito mais eficientes. Com essas inovações, a XP estima que esses novos projetos poderiam adicionar 6% ao volume transportado, elevando em 4% o lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda) da Rumo.
Rumo e o Futuro do Setor de Transporte
Para aqueles que acompanham o mercado, a valorização das ações da Rumo pode parecer modesta, mas o potencial de crescimento está ali. O planejamento de novos projetos ferroviários por parte de empresas no Mato Grosso do Sul sugere um movimento ativo em direção à modernização, com a intenção de conectar as fábricas diretamente à malha ferroviária.
Os benefícios de tais investimentos são claros:
- Redução de custos: Menos dependência do transporte rodoviário,
- Maior eficiência: Rotas mais longas e diretas até os portos,
- Sustentabilidade: Menor emissão de carbono em comparação ao transporte de caminhões.
Além disso, a XP calcula um retorno interno (IRR) estimado em 16% para esses volumes adicionais, resultando em uma valorização de R$ 555 milhões, o que somaria 1,1% ao preço-alvo da companhia.
Desafios do Setor e Recomendações
O atual cenário apresenta desafios consideráveis. Embora empresas como Bracell, Arauco e Eldorado tenham demonstrado força financeira e estejam fazendo suas expansões sem depender excessivamente de crédito, existem projetos, como o da Paracel, que enfrentam barreiras mais significativas para avançar.
Diante disso, a XP recomenda que investidores confiem nas ações de Suzano e Klabin, reconhecendo o potencial da Rumo dentro do setor de transporte, especialmente em vista do aumento esperado na movimentação de carga.
Conclusão: O Que Esperar do Futuro?
À medida que avançamos, será crucial acompanhar as tendências do mercado internacional e os desenvolvimentos locais que impactam o setor de celulose. A interação entre a demanda, a produção e a infraestrutura será determinante para o sucesso das empresas. Convidamos você a compartilhar suas percepções sobre o tema e a participar dessa discussão vital sobre o futuro do setor de papel e celulose. Como você vê as oportunidades e desafios que se aproximam?