Daniely e o Futuro na Agricultura Familiar
Daniely Silva Bonfim, a jovem na foto com sua mãe, Elis Regina Nascimento Silva, recentemente celebrou seus 14 anos no dia 2 de setembro. Este aniversário trouxe um significado especial para ela. “Quero ser advogada”, afirma com determinação. Com o apoio inabalável de sua mãe, de 36 anos, e seu pai, Diran dos Santos Bonfim, de 46 anos, as aspirações de Daniely estão prontas para se tornarem realidade.
A história de Daniely começa em Ituberá, um pequeno município no litoral da Bahia, cerca de 140 km ao norte de Ilhéus. Filha de produtores de cacau, Daniely tem um sonho em mente: ser aluna da Casa Familiar Rural de Igrapiúna, localizada a uma distância de apenas 10 km da fazenda dos pais. Recentemente, ela atingiu a idade mínima necessária para se inscrever, que é 14 anos.
A Revolução na Vida da Família
Os sonhos de Daniely não se limitam apenas ao desejo de estudar; eles simbolizam uma mudança significativa na trajetória de sua família. Desde 2018, quando adquiriram 4 hectares de terra, a família começou a produzir cacau em uma área de 1 hectare. Os 3 hectares restantes são destinados à preservação da floresta. “O cacau está transformando nossas vidas, porque seu valor de mercado está aumentando”, relata Elis Regina, que veio do sertão de Botuporã há 600 km.
Esse aumento nos preços do cacau está ligado a uma tendência global de crescimento da demanda, exacerbada por questões sanitárias que impactaram a produção em países como Costa do Marfim e Gana. “O cacau está fazendo a gente mudar, porque está valendo mais”, afirma Elis, ansiosa por um futuro melhor para suas filhas através da educação e da produção sustentável.
Educação como Chave para o Futuro
Elis é firme ao afirmar que atualiza seu entendimento sobre agricultura em casa, mas sabe que a educação formal é fundamental. “Na escola, vou aprender mais sobre o cultivo do cacau”, completa Daniely. Seu desejo é claro: “Tenho muitas esperanças, pois minha mãe ama esta terra, e eu também a amo. No futuro, quero ajudá-los quando estiverem mais velhos.”
Elis acredita que a escola familiar rural pode oferecer a melhor educação para suas filhas e plotar uma trajetória de sucesso. Essa escola é bem conhecida na região por sua qualidade: “Espero que minha filha se torne uma técnica em agricultura e siga seus próprios sonhos. Quando eu estiver mais velha, estarei aqui na roça, torcendo por ela”, diz Elis orgulhosa.
O Programa Cacau Mais
A família faz parte do programa Cacau Mais, uma iniciativa que reúne 14 municípios. Este programa visa fornecer orientação técnica e apoio ao desenvolvimento econômico dos produtores locais, aumentando a renda através de práticas de cultivo mais eficientes. Os resultados têm sido impressionantes: antes de sua participação, a família colhia entre 2 a 2,5 arrobas de amêndoas por hectare. No ano passado, a produção saltou para 30 arrobas, e a expectativa para a safra atual é de 40 arrobas, o equivalente a 600 kg de amêndoas de cacau.
Além do cacau, eles também cultivam bananas, quiabo, jiló e coentro, diversificando suas fontes de renda. Essa variedade não só ajuda a complementar a renda, mas também promove práticas agrícolas sustentáveis.
A Casa Familiar Rural de Igrapiúna
A Casa Familiar Rural onde Daniely pretende estudar foi estabelecida em 2007 pela Fundação Norberto Odebrecht. Este projeto tem o apoio de instituições como a Michelin e a Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB/Sesi). Com unidades também em Nilo Peçanha e Tancredo Neves, o programa já impactou cerca de 2 mil jovens ao longo dos anos, e em 2023, 41% dos formandos eram meninas. Isso mostra um avanço significativo na educação de jovens mulheres no campo.
A escola utiliza a pedagogia da alternância, mesclando aulas teóricas e práticas nas propriedades rurais. O processo de seleção para os alunos é rigoroso, com entre 300 e 400 candidaturas anualmente. Os jovens devem ser filhos de agricultores, ter interesse na área e idade entre 14 e 18 anos. Após essa triagem, as famílias ainda passam por visitas de avaliação.
Histórias de Transformação
Natiele dos Santos Menezes, que sonha em estudar desde os cinco anos, entrou na escola em 2021 e agora está se preparando para se formar em 2024. Ela tem vários projetos em mente, incluindo intervenções na lavoura de cacau da família e desenvolvimento de práticas em avicultura e cultivo de hortaliças. “Quando eu terminar, quero fazer agronomia e ter minha própria propriedade”, diz Natiele com confiança.
Tabito Araújo, de 17 anos, já percebeu o impacto da educação em sua propriedade. A produção de cacau subiu de 100 para 140 arrobas por hectare, e ele tem visto a transformação no respeito que sua família dedica ao trabalho no campo. “Aqui, aprendemos que ser agricultor envolve ciência, e não apenas força física”, afirma Tabito. Sua escola não só o ensinou sobre cultivo, mas também sobre administração financeira e práticas de empreendedorismo.
Olhando para o Futuro
Os jovens estudantes na Casa Rural estão se preparando para se tornarem não apenas melhores agricultores, mas também cidadãos mais conscientes e preparados para enfrentar os desafios do campo. A educação é, sem dúvida, a chave para a transformação e uma vida melhor. A história de Daniely, Elis e Diran é emblemática de uma nova geração de produtores que está rompendo com os ciclos viciosos da pobreza e falta de oportunidades.
Assim, Daniely e seus colegas têm a chance de redefinir o que significa trabalhar na agricultura familiar. Eles não são apenas carregadores de enxadas; eles estão se preparando para serem agentes de mudança, inovadores e líderes no campo. À medida que os sonhos deles se tornam realidade, fica claro que um futuro brilhante está ao alcance daqueles que buscam conhecimento e acreditam no poder da educação.
O que você acha sobre a relação entre educação e desenvolvimento sustentável? Qual é a sua opinião sobre o papel da agricultura familiar na sociedade atual? Compartilhe seus pensamentos conosco!