O Futuro das Mulheres na Guiné-Bissau: Um Apelo à Participação e ao Empoderamento
A Voz de Fatumata Camara
Para Fatumata Camara, de apenas 26 anos, o futuro das jovens e mulheres na Guiné-Bissau está diretamente ligado à conscientização cívica e à participação ativa nas decisões que moldam o país. Fatumata percebe que, para alcançar mudanças significativas, é fundamental que as mulheres ocupem espaços de fala, tanto em níveis locais quanto nacionais. Com essa visão em mente, ela fundou o Fórum de Intervenção Social das Jovens Raparigas, conhecido como Finsjor. Este projeto inovador foi apresentado durante o 10º Fórum Global da Aliança das Civilizações (UNAOC), realizado em Cascais, Portugal, entre os dias 25 e 27 de novembro.
Conexões e Compartilhamento de Ideias
Fatumata destacou a importância de participar deste fórum, afirmando que essa experiência será crucial, tanto para ela pessoalmente quanto para sua organização. “Estamos trocando experiências e aprendendo com organizações de outros países que também fazem parte do UNAOC. Esse intercâmbio é enriquecedor”, comentou em entrevista à ONU News.
O Finsjor tem um objetivo claro: preparar as jovens de Guiné-Bissau para se tornarem líderes em suas comunidades e defensoras da paz. Com a participação de aproximadamente 1.100 pessoas, do qual 630 são rapazes, a iniciativa busca incluir todos no caminho para um futuro melhor. Afinal, a solução para os problemas sociais deve envolver tanto meninos quanto meninas.
Iniciativas em Ação
Um dos projetos destacados por Fatumata é a “Voz da Menina na Comunidade”, que oferece formações e oficinas ao longo de seis meses. Os temas abordados incluem:
- Cidadania
- Direitos humanos
- Igualdade de gênero
- Comunicação pacífica através das redes sociais
Essas discussões visam empoderar as jovens, preparando-as para se manifestar e fazer parte de um movimento que busca a construção de um diálogo respeitoso e construtivo.
Rumo a uma Sociedade Pacifista
Nos tempos atuais, a comunicação nas redes sociais pode, muitas vezes, ser hostil e agressiva. Fatumata acredita firmemente que é essencial promover uma comunicação não violenta como forma de criar uma sociedade mais pacífica. Ela explica: “Notamos que a linguagem tem se tornado um pouco ofensiva. Precisamos optar por formas de diálogo que construam, em vez de destruir. O nosso objetivo é a construção de um ambiente pacífico para todos”.
Transformando Ideias em Ação
Durante sua participação no evento em Portugal, Fatumata teve a oportunidade de coletar diversas ideias e metodologias que considera valiosas para aplicar na Guiné-Bissau. “Essas informações ajudam a capacitar e a refletir sobre qual abordagem posso adotar na minha comunidade. É um aprendizado contínuo”, compartilhou.
Apesar de representar 51% da população, as mulheres na Guiné-Bissau ainda enfrentam grandes desafios, especialmente na política. Em 2018, o Parlamento do país adotou uma cota de 36% de mulheres nas candidaturas para cargos políticos, mas essa meta nunca foi plenamente atingida. Além disso, as mulheres frequentemente enfrentam graves violações de direitos humanos, como:
- Casamentos precoces e forçados
- Violência doméstica
- Mutilação genital feminina
- Violência sexual
- Tráfico humano
Essas questões ilustram a necessidade urgente de ações para garantir os direitos e a segurança das mulheres.
Desafios de Desenvolvimento
De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), a Guiné-Bissau enfrentou uma queda no Índice de Desenvolvimento Humano, passando do 177º para o 179º lugar entre 193 países avaliados, de 2018 para 2022. Os desafios em áreas como saúde, educação e renda permanecem persistentes, refletindo problemas estruturais que precisam ser enfrentados.
A classificação da Guiné-Bissau como um país de “baixo desenvolvimento humano” é preocupante, especialmente quando se observa que, em 2022, o Índice de Desenvolvimento Humano alcançou apenas 0,483. No Índice de Desigualdade de Gênero, a situação não é melhor; o país ocupava a 159ª posição entre 166 países analisados, com um índice de 0,631.
Caminhos para a Mudança
Apesar das adversidades, iniciativas como a de Fatumata Camara e o Finsjor são inspirações importantes na luta por direitos e igualdade. Cada passo dado por essas jovens é uma contribuição para um futuro mais inclusivo, onde todos têm voz e espaço para se manifestar.
Diante de um cenário desafiador, é vital que a comunidade internacional e a sociedade civil se unam para apoiar ações que promovam o empoderamento das mulheres. Quando as mulheres têm acesso a educação, saúde e igualdade de oportunidades, todos se beneficiam. Mulheres empoderadas são catalisadoras de mudança, e seu envolvimento ativo pode transformar realidades.
O Que Você Pode Fazer
Cada leitor pode desempenhar um papel nesse processo. Aqui estão algumas sugestões:
- Informar-se sobre os direitos das mulheres e as questões sociais na Guiné-Bissau.
- Compartilhar histórias e iniciativas que promovam a igualdade de gênero.
- Participar de movimentos e organizações que apoiam a causa das mulheres, tanto localmente quanto globalmente.
A luta por um mundo mais justo e igualitário é contínua e conjunta. Que possamos todos nos inspirar na coragem de Fatumata e de tantas outras mulheres que, diariamente, se esforçam para fazer a diferença.
Vamos refletir sobre nosso papel nesse cenário e como podemos contribuir para a construção de um futuro melhor? Seu apoio pode ser a chave para a mudança. Compartilhe suas ideias e contribuições nos comentários!