segunda-feira, outubro 27, 2025

Transforme Desafios em Oportunidades: Como Construir Resiliência na Era da IA


IA sombria

Canva

No cenário brasileiro e na América Latina, a adoção da Inteligência Artificial (IA) está progredindo em um ritmo acelerado, superando a confiança e o entendimento das pessoas em relação a essa tecnologia. Essa desproporção gera um fenômeno conhecido como shadow AI, que se refere ao uso de ferramentas de IA sem a supervisão adequada dos departamentos de TI das empresas. Para resolver esse problema, não basta apenas intensificar os controles de governança; é necessário conquistar a confiança dos usuários por meio de IA responsável, dados protegidos e experiências aprimoradas.

A IA generativa desponta como um verdadeiro motor de transformação. Entretanto, sua adoção sem critérios claros pode apresenta risco. Um estudo da Dell Technologies revela que, no Brasil, 57% dos trabalhadores admitiram não compreender completamente como implementar a IA generativa de maneira segura, enquanto 93% das empresas esperam que essa tecnologia fortaleça suas operações de segurança. Há uma expectativa elevada, mas as capacidades são desiguais.

Quando a experiência “formal” não acompanha a demanda, surge o shadow AI: colaboradores que utilizam suas próprias ferramentas de IA (com contas pessoais ou dispositivos próprios) para atender a necessidades imediatas, o que gera brechas de segurança, rastreabilidade e conformidade. Aqui, o desafio não é apenas técnico, mas também uma questão de confiança, clareza e qualidade da experiência do usuário.

Shadow AI: quando a utilidade supera a gestão corporativa

O shadow AI não surge por acaso; ele é fruto de uma combinação que prioriza a utilidade imediata. Quando as soluções corporativas são lentas ou confusas, as pessoas buscam alternativas mais rápidas. Um estudo da Deloitte mostra que, mesmo com empresas incentivando o uso da IA e oferecendo capacitação, muitos colaboradores optam por utilizar ferramentas pessoais no serviço. Por quê? Porque estas resolvem tarefas de maneira muito mais eficiente.

Entretanto, esse comportamento traz consigo um custo oculto: credenciais expostas fora do perímetro corporativo, dados sensíveis desprotegidos e resultados difíceis de auditar. Quase todas as organizações no Brasil enfrentam dificuldades para integrar a segurança à sua estratégia. O estudo da Dell Technologies mostra que, para 83% dessas empresas, equilibrar segurança e inovação é um verdadeiro desafio. Além disso, a pressão para avançar com IA alinhada a bases de dados seguras também se torna um entrave, com os principais obstáculos sendo a privacidade, o tratamento de informações sensíveis e a preparação dos dados.

Em resumo, a sombra da IA prospere onde a experiência corporativa se mostra menos eficiente que as opções pessoais, especialmente em áreas onde erros podem ser altamente prejudiciais, como dados e privacidade.

Construindo uma IA que inspire confiança

A confiança é um pilar essencial para a inovação em inteligência artificial. Sem ela, as organizações hesitam em explorar todo o potencial dessa tecnologia. No contexto brasileiro, dados da pesquisa da Dell Technologies indicam que 92% das organizações encontram barreiras para adotar a IA generativa, sendo a segurança dos dados e a falta de experiência interna os obstáculos mais relevantes. Assim, é imprescindível uma estratégia que una governança, capacitação e uma experiência clara não apenas para mitigar riscos, mas também para tornar a IA corporativa uma solução mais útil, segura e confiável em comparação a alternativas informais.

Importante ressaltar que a confiança não é estática, mas uma prática contínua. Para reduzir a lacuna de confiança na IA, é fundamental estabelecer princípios éticos, definir normas de governança, monitorar riscos como vieses e segurança de dados frequentemente, garantir a conformidade com legislações e comunicar de maneira transparente o uso de dados e controles disponíveis aos usuários.

Para os líderes de negócios e tecnologia, a mensagem é clara: a confiança na IA não é imposta, mas construída. Cada dia sem uma alternativa penalizada e superior é um dia de maior exposição a riscos. Contudo, representa também uma oportunidade. Aqueles que priorizam a experiência do usuário, a proteção de dados e a transparência são precisamente os que trarão a verdadeira confiança em IA. E, nessa jornada, as pessoas são o motor da mudança. Com a formação adequada, ferramentas efetivas e espaços de participação, as equipes podem se tornar estratégicas na segurança. A resiliência vai além da tecnologia; ela se concretiza quando as pessoas confiam, compreendem e participam ativamente da utilização da IA.

Luis Gonçalves é presidente da Dell Technologies para a América Latina.

Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião de Forbes Brasil e de seus editores

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